
A visita a um dos maiores centros de arte contempor�nea do mundo pode ficar mais atraente e charmosa antes mesmo da Copa do Mundo, no ano que vem. Um grupo de organiza��es n�o governamentais (ONGs) que luta pela volta do trem de passageiros se articula para p�r nos trilhos projeto que vai ligar por meio do transporte ferrovi�rio Belo Horizonte ao Instituto Inhotim, em Brumadinho, na regi�o metropolitana, destino de mais de 300 mil visitantes ao ano. A proposta da Apito, ONG Trem e Instituto Cidades prev� viagens a partir da Esta��o Central, na Pra�a da Esta��o, no Centro da capital, e de uma futura esta��o no Belvedere, na Regi�o Centro-Sul.
A primeira rota est� pronta e, para funcionar, dependeria somente da reforma dos vag�es do Vera Cruz, ao custo de R$ 2 milh�es. “Queremos come�ar a operar o trecho antes da Copa do Mundo”, afirma o presidente do Instituto Cidades, o engenheiro mec�nico Andr� Tenuta. Partindo da Esta��o Central, endere�o do Museu de Artes e Of�cios, outra importante casa de cultura, em cerca de 1h20 o trem percorreria 55 quil�metros at� a Esta��o Brumadinho, distante dois quil�metros de Inhotim. Atualmente, o trecho, de concess�o da MRS Log�stica, � usado somente para transporte de carga.
O antigo trem de luxo Vera Cruz levou, entre as d�cadas de 1950 e 1990, passageiros da capital mineira ao Rio de Janeiro e a ideia era que os mesmos carros voltassem a transportar cerca de 400 passageiros por dia. O Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), que tem a posse das estruturas, assinou este ano termo de guarda provis�ria com o Instituto Cidades para que a entidade recupere sete vag�es situados no p�tio da MRS, no Bairro Horto, na Regi�o Leste. O Dnit informa que, para o uso, estuda firmar um termo de cess�o de uso ou efetuar a doa��o dos bens.
“Estamos tentando viabilizar a reforma dos vag�es, que ser�o puxados por uma locomotiva alugada”, diz Tenuta, para quem a retomada do transporte de passageiros pode ajudar a desafogar as rodovias. “Hoje, para chegar ao Inhotim, visitantes enfrentam duas horas de tr�nsito e congestionamento. O acesso n�o condiz com o estabelecimento e o uso dos ramais evitaria que esse patrim�nio ferrovi�rio se perca com o tempo. Trens transportam de tudo e a sociedade foi exclu�da desse processo”, afirma. Segundo ele, o bilhete incluiria a entrada ao Museu de Artes e Of�cios, fazendo a conex�o entre os dois museus.
O projeto prev� ainda, futuramente, a constru��o de uma esta��o de trem no estacionamento de Inhotim, aumentando em R$ 3 milh�es o custo do projeto. Saindo de BH, os visitantes que v�o ao Inhotim t�m duas op��es de trajeto: pegar a Fern�o Dias, at� o trevo de M�rio Campos, ou a BR-040, passando por trechos de estrada de terra. At� novembro, foram 315 mil visitantes. “Poucos espa�os no Brasil t�m tantos visitantes quanto o Inhotim. Nossa expectativa � poder atender ainda mais gente. Todo projeto relacionado � acessibilidade nos interessa. Sem d�vida, um trem ligando o Centro de Belo Horizonte a Brumadinho seria a melhor forma de chegar at� o parque”, afirma o diretor-executivo do instituto, Ant�nio Grossi.

Nova esta��o O projeto de ligar Belo Horizonte ao Instituto Inhotim por meio do transporte ferrovi�rio prev� a revitaliza��o do Ramal Ferrovi�rio de �guas Claras para levar ao centro de arte visitantes a partir do Bairro Belvedere, na Regi�o Centro-Sul de Belo Horizonte. Seriam 48 quil�metros at� o museu, sete a menos em rela��o ao percurso que parte da Esta��o Central, no Centro da capital. N�o h� ainda o levantamento dos custos desta op��o, que inclui a constru��o de uma majestosa esta��o. “Essa esta��o poderia atender tamb�m o trem metropolitano para Sarzedo, Betim, Contagem”, ressalta Tenuta.
O ramal de �guas Claras � um dos mais visados por projetos que pretendem retomar o transporte ferrovi�rio de passageiros. Um dos estudos feito por uma consultoria para a Ag�ncia de Desenvolvimento da Regi�o Metropolitana apontou que seriam necess�rias pequenas altera��es para viabilizar a liga��o entre o Belvedere e o Barreiro. Outra proposta prev� que a linha se estenda at� Betim. “A proposta do trem tur�stico est� alinhada com o planejamento da linha entre Betim e o Belvedere e est�o sendo desenvolvidos para que os trens possam dividir a linha nos trechos coincidentes”, afirma o coordenador do Programa de Mobilidade da RMBH da Ag�ncia Metropolitana, Samuel Herthel.
Para o presidente da Associa��o dos Amigos do Bairro Belvedere (AABB), Ubirajara Pires Gl�ria, o projeto seria interessante desde que o trajeto ligasse o Belvedere apenas at� o centro de arte. “O Inhotim � refer�ncia mundial e poderia trazer uma voca��o tur�stica ao bairro”, afirma. A ideia, entretanto, da constru��o de um terminal de trens metropolitanos assusta o representante. “O bairro � 90% residencial. Esses passageiros de Betim e Contagem t�m que ir para o Centro e n�o para o Belvedere. Esse volume de pessoas aqui iria tumultar ainda mais a regi�o”, afirma.
MRS teme impacto sobre a produ��o
O caminho do trem de Belo Horizonte ao Instituto Inhotim passa em trecho de concess�o da MRS Log�stica e pode ter a� um obst�culo. A empresa atua no transporte de carga pesado e informa que o transporte de passageiros n�o faz parte do escopo da concess�o. Em paralelo, a Ag�ncia Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) trabalha em estudos para verificar a viabilidade t�cnica e econ�mica do trecho, num acordo de coopera��o firmado entre o governo de Minas e a Empresa de Planejamento e Log�stica. Em princ�pio, de acordo com a ANTT, h� a necessidade de concorr�ncia p�blica para definir uma empresa que prestasse servi�os de transporte ferrovi�rio de passageiros.
Esses n�o s�o ainda os planos da MRS. “Operamos 100% da nossa malha, ou seja, n�o existem trechos inativos ou subutilizados. Temos compromissos e metas de produtividade com a pr�pria ANTT, como parte de nossas obriga��es com rela��o � concess�o”, informou a empresa, que considera que o compartilhamento poderia ter impacto sobre a produ��o da ferrovia e a seguran�a da opera��o.
De acordo com o presidente do Instituto Cidades, Andr� Tenuta, por lei, a concession�ria tem que dar passagem a pelo menos duas locomotivas em cada sentido por dia e est� confiante que a MRS dar� suporte ao projeto. “Acreditamos que a empresa compreende muito bem a import�ncia para Minas de a linha atender Inhotim. Contamos com ela como parceira", afirma Tenuta. (FA)