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Estado de Minas

Maioria de moradores da Grande BH se desloca a p� ou de bicicleta

Apesar de cada vez mais usado por moradores da Grande BH que ganham at� dois sal�rios m�nimos, ve�culo � ignorado pelos de maior renda. Muitas pessoas preferem andar a p�


postado em 20/12/2013 06:00 / atualizado em 20/12/2013 07:34

Thiago Rodrigues usa a bicicleta no dia a dia, para várias finalidades(foto: Leandro Couri/EM/D.A Press)
Thiago Rodrigues usa a bicicleta no dia a dia, para v�rias finalidades (foto: Leandro Couri/EM/D.A Press)

A bicicleta vem sendo cada vez mais usada por moradores da Regi�o Metropolitana de Belo Horizonte em seus deslocamentos rotineiros, mas � pouco adotada por pessoas de maior renda. Segundo a Pesquisa Origem e Destino, realizada pela Secretaria de Estado Extraordin�ria de Gest�o Metropolitana (Segem), o meio de transporte � empregado em uma m�dia de quase 130 mil viagens di�rias, principalmente para chegar aos locais de trabalho ou de estudo. Desse total, 77% s�o feitas por pessoas que ganham at� dois sal�rios m�nimos (R$ 1.356). Ciclistas reclamam dos riscos de disputar espa�o com carros, �nibus e outros ve�culos motorizados.

Com n�meros relativos a 2012, a pesquisa aponta que deslocamentos n�o motorizados (a p� ou de bicicleta) responderam por 37,7% das viagens realizadas no ano passado na Grande BH, mais que os 31,4% de transporte coletivo e os 30,8% de transporte individual motorizado, como carros e motos. A modalidade n�o motorizada cresceu 171% entre 2002 e 2012, �ndice maior que os 121% de aumento dos coletivos e abaixo apenas que o salto de 286% alcan�ado pelos ve�culos individuais.

A Grande BH teve uma m�dia di�ria de 129,9 mil viagens de bicicleta em 2012, segundo o levantamento. A capital lidera o ranking com m�dia de 28.248 deslocamentos, 21% do total, seguida por Contagem (16.489), Pedro Leopoldo (13.938), Betim (13.129) e Ribeir�o das Neves (7.297). A ida ao trabalho foi o motivo de 35,3% dos percursos, com 45.891 por dia. Aulas e demais atividades de estudo foram a raz�o de 6,3% das viagens (8.239). A volta para casa n�o foi considerada entre os motivos especificados na pesquisa.

A magrela � empregada sobretudo como alternativa por quem n�o tem dinheiro suficiente para comprar ou usar com frequ�ncia meios de transporte mais caros, como carros e motos. A m�dia di�ria de viagens de bicicleta cai com o aumento do n�vel econ�mico. Do total de deslocamentos, 16,56% s�o feitos por pessoas sem renda. A taxa sobe para 23,12% na faixa de at� um sal�rio m�nimo (R$ 678) per capita e para 37,36% no grupo de at� dois sal�rios m�nimos per capita. A partir da� o �ndice cai at� chegar a zero entre pessoas que ganham mais de 20 sal�rios m�nimos (R$ 13.560).

Thiago Rodrigues Souza, de 29 anos, usa desde 2005 bicicleta como meio de transporte rotineiro. Quando estudava na UFMG, pedalava 45 minutos at� o c�mpus da Pampulha. Designer multim�dia freelancer, ele mora no Bairro S�o Geraldo, Regi�o Leste da capital e percorre de bicicleta uma m�dia di�ria de 15 quil�metros. “N�o conseguiria bancar os custos de comprar e manter um carro, mas a quest�o da grana � o menos importante. Se eu tivesse um carro, ocuparia um espa�o gigantesco, em detrimento de outras pessoas”, observa.

“� preciso ter coragem para encarar esse tr�nsito. Voc� sempre fica meio apreensivo. Uma vez, eu estava pedalando na Via Expressa e fui fechada por um �nibus. Quase fui atropelada”, lembra a estudante de arquitetura e urbanismo Enne Maia, de 27 anos, que adotou em junho uma bicicleta para os compromissos di�rios. Ela n�o tem carro nem carteira de habilita��o. “Al�m de n�o ter dinheiro para manter um carro, eu nunca quis dirigir. O tr�nsito � ca�tico”, explica. Moradora do Bairro Camargos, na Regi�o Noroeste, ela pedala cerca de meia hora at� o c�mpus da PUC no Bairro Cora��o Eucar�stico, onde estuda. Por�m, precisa pegar um �nibus at� o �rg�o p�blico no qual � estagi�ria, no Centro. “L� n�o tem paraciclo (estrutura met�lica � qual se prende a bicicleta com corrente ou cadeado)”, explica.

Al�m das bicicletas convencionais, h� as el�tricas, regulamentadas pelo Conselho Nacional de Tr�nsito (Contran) na semana passada. Elas devem alcan�ar a velocidade m�xima de 25 km/h e n�o ter acelerador. Precuisam tamb�m ter indicador de velocidade, campainha, sinaliza��o noturna dianteira, traseira e lateral, espelhos retrovisores e pneus em condi��es m�nimas de seguran�a. Para os modelos com acelerador, a equipara��o com ciclomotor continua. Entre as 11 bicicletas de Gil Demir Lima, h� uma el�trica. “Ela � perfeita para BH, que tem muita ladeira. O esfor�o � m�nimo”, explica ele, que tem 35 anos e trabalha como assessor parlamentar na C�mara Municipal, al�m de ser designer de assess�rios para o ve�culo.

 

Cidade tem 4 biciclet�rios

Segundo a BHTrans, a capital tem quatro biciclet�rios, espa�os delimitados excluvisamente para estacionamento de bicicletas. Eles ficam nas esta��es BHBus Barreiro, Venda Nova, S�o Gabriel e Diamante. H� tamb�m 81 paraciclos e cada um comporta at� dois ve�culos. Em 2014, o �rg�o planeja implantar 250, cuja contrata��o est� em processo licitat�rio. A cidade tem 57,56 quil�metros de ciclovias, sendo 14,16kms implantados neste ano. No primeiro semestre do pr�ximo ano, mais 18,06 kms devem ser inaugurados. A BHTrans planeja abrir em janeiro de 2014 os envelopes com as propostas das empresas interessadas em instalar e operar esta��es com bicicletas para uso compartilhado. O edital estabelece que o pre�o do aluguel di�rio n�o pode ultrapassar R$ 3 por ve�culo. O mensal deve custar at� R$ 9 e o anual R$ 60. Os interessados devem apresentar 30 sugest�es de endere�os para abrigar as esta��es, de uma lista de 65 op��es constantes no edital.

“Em 2012, a prefeitura tinha meta de terminar o ano com 120 quil�metros de ciclovias, mas n�o chegou a 50. Em 2013, a meta era acabar com 100 quil�metros, mas temos menos de 60. � preciso ter ciclovias em corredores de tr�nsito mais intenso, como Ant�nio Carlos, Amazonas e Bar�o Homem de Melo. Por outro lado, h� ciclovias em ruas onde n�o s�o necess�rias”, indica Guilherme Tampieri, membro da Associa��o dos Ciclistas Urbanos de BH e do grupo de trabalho Pedala BH, que re�ne representantes do poder p�blico e da sociedade.

BAIXA RENDA Segundo a pesquisa Origem e Destino, realizada pela Secretaria de Estado Extraordin�ria de Gest�o Metropolitana (Segem), em 2012 houve uma m�dia de 4,8 milh�es de deslocamentos a p� na Grande BH, 46,7% deles na capital. Em 91,25% dos casos, foram feitos por pessoas na faixa de renda de at� dois sal�rios m�nimos per capita. O motivo mais comum foi chegar ao local de estudo (20,43%), seguido do trabalho (14,69%), lazer (3,7%), compras (3,6%).

O oftalmologista Clauton Brina, de 44 anos, percorre a p� o trajeto de ida e volta entre o apartamento onde mora, no Bairro Serra, Regi�o Centro-Sul, e seu consult�rio, no Centro. Gasta 40 minutos em cada trecho. “Dirigir est� cada vez mais cansativo”, diz.

 

Motivos dos deslocamentos de bicicleta

Trabalho: 35,3%

Aulas e outras atividades de estudo: 6,3%

Lazer: 3,17%

Refei��es (almo�o e jantar): 2,47%

Neg�cios particulares (ida a ag�ncias banc�rias, casas lot�ricas etc.): 1,79%

Compras: 1,76%

Dar carona a algu�m: 1,1%

Sa�de (ida ao m�dico): 0,12%

Outros: 1,76%

*A rela��o de motivos n�o inclui a volta para casa

Deslocamentos de bicicleta por faixa de renda

Sem renda: 16,56%

At� um sal�rio m�nimo: 23,12%

Mais de um at� dois sal�rios m�nimos: 37,36%

Mais de dois at� tr�s sal�rios m�nimos: 9,67%

Mais de tr�s at� cinco sal�rios m�nimos: 2,78%

Mais de cinco at� dez sal�rios m�nimos: 0,19%

Mais de dez at� 15 sal�rios m�nimos: 0,05%

Mais de 15 at� 20 sal�rios m�nimos: 0,02%

Mais de 20 sal�rios m�nimos: 0%

Entrevistados que n�o declararam renda: 10,25%


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