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Estado de Minas

Entenda a f�rmula da fraude no Enem 2013

Pol�cia Civil sustenta que quadrilha especializada em fraudar vestibulares de medicina, identificada em Caratinga, agiu tamb�m no exame nacional. Escutas d�o a entender que brechas na seguran�a facilitaram o golpe, que agora ser� investigado pela Pol�cia Federal


postado em 20/12/2013 06:00 / atualizado em 20/12/2013 07:16

O delegado Fernando lima, com um dos celulares apreendidos com fraudadores: para ele, não há dúvida de que houve golpe(foto: Paulo Filgueiras/Em/D.a Press)
O delegado Fernando lima, com um dos celulares apreendidos com fraudadores: para ele, n�o h� d�vida de que houve golpe (foto: Paulo Filgueiras/Em/D.a Press)

Um esquema milion�rio de fraude descoberto pela Pol�cia Civil de Minas Gerais coloca mais uma vez em quest�o a seguran�a e a lisura do Exame Nacional do Ensino M�dio (Enem). Depois de desbaratar, a partir de Caratinga, uma quadrilha especializada em fraudar vestibulares de medicina em faculdades particulares mineiras e do Rio de Janeiro, investigadores conclu�ram que um dos integrantes do grupo comprou provas da edi��o de 2013 de um fiscal e repassou os gabaritos a candidatos, que desembolsariam entre R$ 70 mil e
R$ 100 mil pelas informa��es. Em diversas conversas telef�nicas interceptadas pela pol�cia, o homem apontado como fraudador do teste, Jos� Cl�udio de Oliveira, de 41 anos, disse que a fragilidade no controle dentro de sala pelos aplicadores do Enem motivou uma s�rie de fraudes.

A principal era o uso de celular e ponto eletr�nico por estudantes, como forma de receber respostas no local de provas. H� ind�cios concretos, segundo a pol�cia, de que 40 pessoas estavam relacionadas para se beneficiar da cola, o que poderia render entre R$ 2,8 milh�es e R$ 4 milh�es aos criminosos. Como o Enem � um teste nacional, o inqu�rito com cerca de 3 mil p�ginas foi repassado � Pol�cia Federal, que assumir� as investiga��es. O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), respons�vel pelo exame, informou em nota que at� o momento n�o tem conhecimento de ind�cio concreto de fraude nas provas, embora as apura��es da Pol�cia Civil indiquem o contr�rio.

Entre as 21 pessoas presas pela Pol�cia Civil em 3 de dezembro em 17 cidades de Minas e do Rio de Janeiro, a investiga��o indicou o envolvimento de duas na fraude contra o Enem. Jos� Cl�udio, que estuda medicina na Faculdade de Barbacena, no Campo das Vertentes, � apontado como o principal articulador do esquema para burlar o exame nacional. Figura de destaque no grupo que atuou em pelo menos 11 universidades mineiras e cariocas, ele tinha um alto padr�o de vida e, segundo a pol�cia, afirma, em duas mensagens de texto interceptadas, que pagou R$ 10 mil por dois cadernos de prova da cor amarela, um de s�bado e outro de domingo, 26 e 27 de outubro deste ano. O outro acusado � o funcion�rio p�blico aposentado Quintino Ribeiro Neto, de 63, apontado como respons�vel por agenciar candidatos para o esquema, em troca de comiss�o.

DESPREZO “O Enem � bagun�ado ‘n�’? N�o tem fiscaliza��o. � escolinha p�blica que aplica.” “S�o essas velhinhas de col�gio que tomam conta.” As palavras atribu�das a Jos� Cl�udio nos trechos de conversas com interessados no esquema, interceptadas pela pol�cia, tentam mostrar que, diferentemente de outros vestibulares para cursos de medicina, no Enem h� muita fragilidade na aplica��o das provas, argumento para que os potenciais “clientes” confiem no servi�o. “No Enem eu vou cobrar R$ 70 mil. Depois n�o vai pagar faculdade”, afirma, em outra conversa.

Segundo o delegado Fernando Lima, respons�vel pelas investiga��es, os dois cadernos de provas adquiridos por Jos� Cl�udio foram encontrados com ele em 3 de dezembro. No verso de um havia o gabarito do caderno amarelo. J� no verso do outro foram encontrados 40 n�meros de celular, de candidatos que mostraram interesse em contar com as respostas. Na lista est�o telefones de quatro regi�es de Minas (Central, Zona da Mata, Sul e Vale do Rio Doce), al�m de contatos do Rio de Janeiro e Fortaleza.

“N�o tenho d�vida alguma de que houve fraude no Enem”, diz Fernando Lima, da Delegacia de Caratinga, no Vale do Rio Doce, onde come�aram as apura��es. Segundo o policial, s� falta saber ao certo como a prova foi parar na m�o de Jos� Cl�udio. Os policiais j� sabem que o acesso �s quest�es s� ocorreu quando a prova j� estava sendo aplicada, pois no dia do exame o investigado recebeu o material, fotografou as p�ginas, as encaminhou pela internet aos “pilotos” – especialistas em resolver quest�es que agiram no Rio de Janeiro –, recebeu as respostas e encaminhou o gabarito, conforme o delegado. Tudo isso ocorreu em um per�odo que variou entre uma hora e meia e duas horas. “� importante mencionar que o esquema dava conta das quest�es fechadas. O Jos� Cl�udio orientava os candidatos a fazerem uma boa reda��o. As quest�es objetivas ele garantiria”, afirma o delegado.

As escutas telef�nicas mostram diversas conversas de Jos� Cl�udio com candidatos e com corretores, que agenciavam interessados. Em uma delas, interceptada em 5 de novembro, mais de uma semana depois do Enem, um homem repassa a Cl�udio o desempenho de uma das candidatas que contrataram o servi�o. “A Mariana acertou 130 quest�es e fez uma boa reda��o. Eu acho que ela tem chance, n�o tem n�o?”, pergunta o homem. “Se for ProUni, d�”, diz o acusado. Ele se refere ao fato de que a nota do Enem tamb�m abre portas para vagas em universidades particulares, por meio do Programa Universidade para Todos (ProUni). Em uma mensagem de texto, um corretor manda o seguinte recado a Jos� Cl�udio. “Caramba, o pessoal vai entrar na federal”, em raz�o do sucesso de quest�es. Segundo a investiga��o, o grupo que participou da fraude conseguiu acertar 167 das 180 quest�es fechadas.


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