
“Pela primeira vez, em nove anos de prefeitura, acordei sem saber o que fazer.” Foi assim que o prefeito de Virgol�ndia, Arnaldo de Oliveira Braga, descreveu o que sentiu nessa sexta-feira pela manh�, depois que um temporal � noite provocou duas mortes e deixou rastro de destrui��o no pequeno munic�pio de 6 mil habitantes, no Vale do Rio Doce, a 311 quil�metros de Belo Horizonte. As fortes chuvas na cidade duraram cerca de duas horas e fizeram com que um ribeir�o transbordasse. Pelo menos 10 casas foram levadas pela enxurrada e 2 mil dos 3 mil im�veis da cidade tiveram algum dano. As ruas ficaram cheias de lama e de restos de paredes e cal�amentos destru�dos. Uma pessoa est� desaparecida. Os estragos chamaram a aten��o da presidente Dilma Rousseff, que sobrevoou ontem Virgol�ndia e outros munic�pios da Regi�o Leste de Minas ao lado do governador Antonio Anastasia e de ministros. “Eu achei muito impactante, porque voc� v� que a cidade sofreu um trauma na quantidade de lama que fica”, disse Dilma.
Al�m dos �bitos em Virgol�ndia, outra morte em decorr�ncia dos temporais que castigam Minas h� pelo menos 10 dias foi confirmada ontem. Na Regi�o Norte do estado, um motoqueiro morreu depois de bater em uma �rvore na BR-365, entre Pirapora e Buritizeiro. A �rvore foi parar na pista por causa de uma tempestade acompanhada de vendaval na regi�o. Com os tr�s �bitos, chegaram a 21 as mortes na atual temporada de chuvas em Minas, mas o n�mero pode subir. Al�m de procurar um homem desaparecido em Virgol�ndia, autoridades mineiras analisam se a morte de um homem em S�o Jo�o do Manteninha, no Vale do Rio Doce, tem rela��o com as chuvas. Segundo os bombeiros, o homem morreu afogado depois de tentar atravessar a nado o Rio Manteninha quando chovia. Em balan�o divulgado ontem, a Coordenadoria Estadual de Defesa Civil informou que j� s�o 51 os munic�pios em estado de emerg�ncia.
Segundo o prefeito de Virgol�ndia, a chuva que arrasou a cidade come�ou por volta das 22h de quinta-feira. A �gua encheu a calha do Ribeir�o Palmital, que passa no meio da cidade e � afluente do Rio Sua�u� Grande. Rapidamente, uma tromba-d’�gua varreu as ruas do munic�pio. “A �gua subiu e desceu muito r�pido”, lembra o prefeito. O servi�o de �gua pot�vel ficou inviabilizado, j� que os encanamentos da capta��o foram comprometidos. A telefonia fixa tamb�m teve problemas, assim como o acesso � internet. Os celulares e a energia el�trica n�o foram afetados. A prefeitura chegou a anunciar que tr�s corpos tinham sido encontrados, mas bombeiros e Defesa Civil estadual confirmaram apenas dois, os de Elias Rodrigues e Luiz Gon�alves de Almeida, que n�o tiveram as idades confirmadas, de acordo com o prefeito. O secret�rio de Administra��o e Finan�as, Aurelindo Fernandes, tamb�m comunicou que h� not�cias de mais oito pessoas desaparecidas, outra informa��o ainda n�o confirmada pelo Corpo de Bombeiros e pelos t�cnicos da Cedec.

Ajuda Uma equipe de 16 homens dos bombeiros de Governador Valadares, com o apoio do Batalh�o de Opera��es A�reas da capital, continua buscas por mais v�timas na cidade. A Defesa Civil estadual instalou uma estrutura para comando de opera��es e j� come�ou a distribuir ajuda humanit�ria, com colch�es, cobertores, kits de higiene pessoal e limpeza e mantimentos. Uma m�quina para transformar a �gua do rio em �gua pot�vel est� operando no munic�pio. At� o fechamento desta edi��o, a expectativa da Copasa era retomar o abastecimento no fim da noite. “O governador me ligou e colocou a estrutura do Estado � disposi��o. Os prefeitos vizinhos tamb�m cederam m�quinas e ofereceram �gua pot�vel, para amenizar os problemas”, diz o prefeito Arnaldo de Oliveira.
Outra cidade no Vale do Rio Doce que sofreu com as tempestades na noite de quinta-feira foi Coronel Fabriciano. Segundo a Defesa Civil municipal, com o aumento do volume do Rio Piracicaba, o Ribeir�o Calad�o, que passa na cidade, transbordou. O alagamento ocorreu ao longo da Avenida Magalh�es Pinto e tamb�m nos bairros que ficam �s margens do ribeir�o. Entre 20 e 27 de dezembro, a prefeitura contabilizou 49 deslizamentos de barrancos, 61 desmoronamentos parciais ou totais de casas, 54 notifica��es para que as fam�lias saiam das �reas de risco e se abriguem na casa de parentes. Al�m disso, dezenas de pessoas ficaram desalojadas e houve queda de seis pontes. Em todo o estado, a Cedec j� contabiliza quase 7 mil desalojados, 2,4 mil desabrigados e pouco mais de 7 mil casas danificadas. O n�mero de resid�ncias destru�das � de 116, enquanto 229 obras de infraestrutura foram danificadas e outras 112 destru�das. (Colaborou Luiz Ribeiro)