Landercy Hemerson e
Mateus Parreiras

Ainda desconfiados e sem dormir direito na primeira madrugada do ano, alguns moradores dos 16 apartamentos interditados dos pr�dios das ruas Cabo Verde e Muzambinho, no Cruzeiro, na Regi�o Centro-Sul de Belo Horizonte, come�aram a retornar para suas casas. Desde o dia 26, eles estavam desalojados pela Coordenadoria Municipal de defesa Civil (Comdec), depois do afundamento da Rua Cabo Verde, devido � queda do muro de arrimo de um pr�dio no local. No fim da tarde da ter�a-feira, os edif�cios foram desinterditados pela Comdec, depois de vistoria no aterro feito para estabilizar o terreno, pela construtora respons�vel pela obra.
“Estou retornando aos poucos, tentando conviver com o buraco e achar que ele n�o vai nos engolir”, disse a pediatra Maria de F�tima Ribeiro Castro, de 55 anos, que ontem � tarde voltou para casa. Num primeiro momento ela deixou os filhos adolescentes com o ex-marido. “Vou come�ar a organizar as coisas no apartamento. Retornei pois confio na vistoria da Defesa Civil. Desde o dia 18, quando surgiram os sinais mais fortes do deslocamento do solo, tenho vivido um drama. N�o h� o que comemorar nesse retorno, mas admito que a sensa��o � de al�vio, j� que n�s pensamos at� na perda do patrim�nio”, concluiu.
A banc�ria aposentada Maria do Carmo Neves, de 62, retornou ainda na noite de ter�a-feira para o apartamento na esquina das duas ruas, onde passou a virada de ano com um casal de filhos adultos. “N�o foi uma noite tranquila. S� consegui dormir quando o dia come�ou a raiar, porque a� a gente tinha a certeza de que n�o ia mais chover. N�o d� para ficar nessa situa��o de inseguran�a”, disse. Nem todos os moradores tiveram coragem de retornar para suas casas, mesmo com a recomenda��o da Comdec. Das 16 fam�lias desalojadas, apenas cinco haviam retornado at� o fim da tarde de ontem.
A banc�ria Selma Carvalho Costa de Lacerda, de 48, � subs�ndica de um dos edif�cios e preferiu continuar na casa dos pais. Ontem, os pais dela, o banc�rio Pedro Dias de Carvalho, de 77, e a dona de casa Paula Porto de Costa Carvalho, de 72, foram at� a rua para ver como estava o pr�dio onde a filha morava. “O que vejo � que ainda n�o houve uma solu��o final e segura para estabilizar o barranco. Isso s� ocorrer� com a constru��o de um muro de arrimo. E isso tem de ser feito logo, antes que as chuvas voltem”, disse o banc�rio.
INTRANQUILIDADE “Os moradores est�o intranquilos. Ningu�m quer ficar fora de casa, mas n�o d� para abrir a janela e ver um buraco que engoliu a rua amea�ar a sua seguran�a num dia chuvoso. O poder p�blico deveria ter fiscalizado essa obra no lote e n�o o fez. Agora tem de garantir a seguran�a de todos”, disse Paula.
Agentes da Comdec v�o ficar de plant�o na regi�o, orientando pedestres e motoristas a n�o passar pelo local, j� que apesar de n�o haver movimenta��es de solo, ainda h� risco, j� que um grande buraco se formou e tragou parte da Rua Cabo Verde, que continua interditada. Muitas pessoas que passam pelo local param para ver os estragos. Os t�cnicos informaram que as obras no terreno, que provocou avarias nos edif�cios devem durar cerca de 70 dias.