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Estado de Minas

N�mero de bibliotecas cai 40% em BH; a principal delas n�o se recuperou de inc�ndio

N�mero de bibliotecas-polo em BH cai 40% em 16 anos e h� espa�os que n�o emprestam livros ou n�o funcionam nas f�rias. Atingida h� mais de um ano por inc�ndio, Luiz de Bessa, na Pra�a da Liberdade, ainda organiza hemeroteca em meio a obras que s� devem terminar em julho


postado em 13/01/2014 06:00 / atualizado em 13/01/2014 10:26

(foto: Euler Junior/EM/D.A Press)
(foto: Euler Junior/EM/D.A Press)

Na cidade onde moraram talentos como o poeta Carlos Drumond de Andrade e o escritor Guimar�es Rosa, bibliotecas est�o em dificuldades para cumprir a tarefa de conservar documentos hist�ricos e garantir acesso da comunidade a milhares de livros. Guardi� de parte da mem�ria mineira, a Biblioteca Estadual Luiz de Bessa, na Pra�a da Liberdade, Regi�o Centro-Sul de Belo Horizonte, ainda n�o se recuperou do inc�ndio que atingiu parte do terceiro andar h� mais de um ano – o incidente ocorreu em 23 de dezembro de 2012. Um grande buraco chamuscado nas curvas da fachada de Oscar Niemeyer continua vis�vel. Por outra abertura, de mais de 15 metros de largura, ainda entra �gua quando chove, segundo relato de funcion�rios. Em bibliotecas municipais, h� outros problemas: de 41 espa�os selecionados em 1997 para servir de refer�ncia na organiza��o de acervos de col�gios e permitir empr�stimos de livros, apenas 25 (61%) continuam a cumprir a fun��o, algumas de maneira prec�ria.


O inc�ndio no final de 2012 provocou estragos na Biblioteca Luiz de Bessa e ainda h� problemas sem solu��o. As chamas deixaram janelas retorcidas e consumiram documentos guardados em arquivos e cofres no terceiro andar do im�vel. A Secretaria de Estado de Cultura (SEC) confirmou que a �gua usada pelos bombeiros para combater o inc�ndio no pr�dio, de 1954, penetrou pela laje do pavimento de baixo e atingiu 300 exemplares do acervo de arte das cole��es especiais. Os documentos hist�ricos foram levados �s pressas para o Arquivo P�blico Mineiro e algumas unidades passam at� hoje por um processo de higieniza��o e secagem. De acordo com a SEC, o processo de recupera��o � lento, feito p�gina por p�gina. Mas a secretaria afirma que a maior parte dos documentos j� est� restaurada e que nenhum exemplar foi perdido. Funcion�rios que pediram n�o ser identificados disseram que ainda h� exemplares molhados durante o combate ao inc�ndio que n�o foram recolhidos para restauro.


A reportagem do EM esteve em tr�s setores da Luiz de Bessa e ouviu de funcion�rios que, quando chove a �gua que entra pelo buraco no terceiro andar ainda se infiltra no pavimento inferior. “Quando molha aqui em cima (terceiro andar), molha l� embaixo tamb�m. Aqui j� ficou uma piscina de tanta �gua que entrou numa tempestade”, afirma um dos funcion�rios que trabalha no pavimento onde ocorreu o inc�ndio. No local atingido, a pintura branca do teto, paredes e colunas ficou negra pela fuma�a. Janelas e tacos do piso foram removidos. Parte do ch�o foi retirada no local onde trabalhadores dizem que a �gua se acumula. A SEC nega que ainda ocorra infiltra��o no im�vel.


Na hemeroteca, que tamb�m funciona no terceiro andar e onde s�o guardados exemplares antigos de jornais e revistas, a organiza��o do acervo ainda n�o est� completa. O arquivo ficou sem luz por causa do inc�ndio e, por isso, pastas com muitos exemplares ficaram misturadas. “Ainda estamos organizando tudo, mas est� melhor do que estava. Foi tudo muito confuso, mas nada se perdeu de forma definitiva”, disse um dos atendentes. As obras de reforma da biblioteca come�aram 11 meses depois do inc�ndio, em novembro do ano passado, e v�o atravessar todo o per�odo chuvoso. A previs�o � de que a entrega do edif�cio renovado ocorra em julho.

(foto: Euler Junior/EM/D.A Press)
(foto: Euler Junior/EM/D.A Press)


Dificuldades

Na rede municipal de ensino, h� problemas no programa de bibliotecas-polo. Das 41 bibliotecas escolares que seriam refer�ncia na organiza��o de acervos de col�gios e deveriam emprestar livros para a comunidade, apenas 25 ainda t�m essa fun��o. E algumas das que continuam no programa t�m pol�ticas que restringem o funcionamento e os empr�stimos de obras. A reportagem tentou contato com as 25 institui��es. Entre as nove que responderam, apenas tr�s estavam funcionando e emprestando livros sem restri��o. Nas outras seis, havia casos de empr�stimos em hor�rio reduzido, institui��es que n�o funcionam em janeiro e at� bibliotecas que n�o permitem � comunidade pegar livros emprestados.


Pela descri��o do programa de bibliotecas-polo da prefeitura, tais locais devem atender as comunidades, ou seja, permitir que moradores interessados fa�am fichas e possam escolher livros. Por�m, na Escola Municipal Padre Francisco Carvalho Moreira, no Bairro S�o Geraldo, na Regi�o Leste, quem n�o estuda na unidade � barrado logo na porta da biblioteca, como comprovou a reportagem ao tentar se cadastrar na semana passada. “N�o atendemos a comunidade. S� os alunos”, disse a bibliotec�ria, enquanto separava pilhas de livros did�ticos. Moradores reclamam. “� uma pena que eu e meus filhos n�o possamos procurar as leituras que nos interessam nas bibliotecas que foram feitas para isso. A escola tinha de participar mais da comunidade”, lamenta a vendedora Pollyanna Alexandra Rosa, de 27 anos, moradora do Bairro S�o Geraldo.


A �nica biblioteca-polo da Regi�o Centro-Sul, no Col�gio Imaco, em Lourdes, tamb�m s� atende os seus alunos. “Depois que nos mudamos de dentro do Parque Municipal para o edif�cio atual, a biblioteca foi desfeita. O espa�o aqui � pequeno e por isso mandamos a maioria dos nossos livros para outras escolas”, disse a atendente. De acordo com a funcion�ria, muitos ex-alunos ainda tentam empr�stimos, mas voltam de m�os vazias. “Como o col�gio � bem antigo (1954), tem gente at� mais velha que se decepciona por n�o poder pegar um livro emprestado. Eles ficariam ainda mais tristes se vissem a salinha que virou a biblioteca e o pouquinho de livros que sobrou nas estantes”, lamentou a funcion�ria.

Sem acesso

Na maioria das escolas municipais que serviriam como bibliotecas-polo, os interessados em pegar um livro emprestado nem sequer conseguiriam entrar nas instala��es. Das 25 institui��es de ensino indicadas pela Prefeitura de Belo Horizonte (PBH), 17 estavam fechadas na semana passada. Em duas delas - a Escola Municipal Mestre Paranhos, que fica no Conjunto Santa Maria, na Regi�o Oeste, e na Escola Municipal Professor Cl�udio Brand�o, no Bairro Aparecida, Regi�o Nordeste - os diretores das institui��es disseram que as bibliotecas n�o abrem nos fins de semana nem nos meses de recesso escolar.


Essas restri��es s�o entraves para estimular a leitura, na avalia��o da professora de biblioteconomia da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Adriana Bogliolo. “H� dois aspectos fundamentais para se criar um leitor: o gosto e o h�bito. S�o duas caracter�sticas dif�ceis de  cultivar e que podem ser perdidas sem a manuten��o desses espa�os”, disse. Para a professora, deveria ser justamente nos momentos de recesso, nas f�rias, feriados e fins de semana que as bibliotecas p�blicas deveriam dar aten��o maior aos usu�rios. “O livro, hoje, compete com v�rios aparelhos eletr�nicos e outras atividades de fim de semana. Se n�o h� local para empr�stimo aberto nesses momentos, o livro deixa de se tornar um programa nesses momentos de lazer”, alerta.


A Secretaria Municipal de Educa��o (Smed) informou que o programa das bibliotecas-polo n�o foi extinto. De acordo com a pasta, 10% das verbas previstas para cada escola s�o para uso em suas bibliotecas. A maior parte dos investimentos tem sido em amplia��o do acervo e tecnologia. A secretaria n�o comentou o fato de as bibliotecas n�o atenderem a comunidade.


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