Mateus Parreiras

O campo de terra empoeirado onde o entregador Leandro Trindade do Nascimento, de 29 anos, disputava peladas com a turma do Bairro Aar�o Reis, na Regi�o Nordeste de Belo Horizonte, parou por um minuto ontem para homenagear o jovem morto em um acidente de tr�nsito em que o motorista confessou � pol�cia ter ingerido bebidas alco�licas, h� uma semana. Com roupas brancas com pedidos de justi�a e a fotografia de Leandro estampada, parentes, amigos e pessoas da regi�o indignadas com outra morte associada ao �lcool sa�ram em passeata pelas ruas do bairro, promovendo um apita�o e pedindo puni��o para o estudante de economia Germano Pinheiro Stein Pena, de 22 anos, que atropelou e matou o entregador.
Leandro trabalhava como entregador de uma padaria e fazia motofretes para uma ag�ncia franqueada dos Correios. No dia 8, quando foi atropelado, fazia a segunda entrega do dia, at� ter sido atropelado pelo Hyndai ix35 de Germano, bem na porta do Fiat Fiorino que usava para trabalhar, na Avenida Raja Gabaglia, sentido BH Shopping. A fam�lia do suspeito nega que ele tenha ingerido bebidas alco�licas. Ele ficou menos de 48 horas detido e responder� pelo crime em liberdade.
“Lei”, como era conhecido no Bairro Aar�o Reis, tinha muitos amigos e gostava de rap. Enquanto os manifestantes passaram pelas ruas em dire��o ao campo de futebol de v�rzea onde ele costumava se divertir nos fins de semana, os colegas aproveitaram para entoar uma de suas letras preferidas. “F� em Deus, que ele � justo. Ei, irm�o, nunca se esque�a, na guarda, guerreiro. Levanta a cabe�a truta, onde estiver, seja l� como for. Tenha f�, porque at� no lix�o nasce flor”, cantavam. “� uma forma de homenagear meu irm�o. Est� sendo muito dif�cil, todos aqui sentem muita falta dele. Do seu sorriso, das brincadeiras. Isso tem de servir para que n�o se mate mais no tr�nsito”, disse a irm� de Leandro, Jana�na Nascimento, de 30 anos.