Menos policiais dentro de gabinetes, mais PMs nas ruas, investimento em tecnologia, redu��o da burocracia e aposta na investiga��o. O governo do estado divulgou ontem um pacote de medidas para tentar frear o avan�o da criminalidade em Minas Gerais e aumentar a sensa��o de seguran�a da popula��o, especialmente na Regi�o Metropolitana de Belo Horizonte. Entre as a��es anunciadas pelo governador Antonio Anastasia, a principal � o aumento do policiamento ostensivo, com a cria��o de dois batalh�es. Os novos grupamentos ter�o inicialmente 400 militares cada, todos vindos dos setores administrativo e de intelig�ncia da PM. A corpora��o ainda tem condi��o de ceder outras 400 posi��es da administra��o para refor�ar as unidades, chegando a 1,2 mil novos agentes nas ruas. O governador ressaltou que a tropa de alunos, entre sargentos e futuros tenentes, tamb�m vai para as ruas. S�o 400 militares que ter�o as aulas pr�ticas em atividades reais, para ajudar a diminuir a escalada de crimes.
O governador afirmou que o estado trabalha com dois indicadores sobre viol�ncia: dados estat�sticos e a sensa��o subjetiva de seguran�a. “O objetivo � melhorar os dois. N�o s� reduzir a viol�ncia estatisticamente comprovada, mas tamb�m, e t�o importante quanto, permitir que as pessoas tenham melhorada a sensa��o de seguran�a. Para isso, determinei �s pol�cias o maior efetivo poss�vel nas ruas”, disse.
O comandante-geral da PM, coronel M�rcio Sant’Ana, admitiu que a situa��o atual da seguran�a p�blica preocupa, especialmente na Grande BH. “� uma realidade de que n�o podemos fugir. Temos militares que hoje exercem um papel fundamental para o andamento da Pol�cia Militar, mas que v�o para as ruas com o objetivo de aumentar nosso efetivo e deixar a pol�cia mais perto da popula��o”, afirmou. O oficial explicou que as novas unidades operacionais n�o ter�o quart�is pr�prios e j� estar�o de prontid�o amanh�. “Esse contingente ser� empregado nas zonas consideradas quentes para a criminalidade e nos grandes corredores de tr�fego, complementando o policiamento de �rea”, detalhou.
No �mbito da Pol�cia Civil, as principais novidades s�o a��es para tornar mais �geis os registros de ocorr�ncias, al�m do aumento das investiga��es sobre crimes como furto, roubo, extors�o e sequestro. O Departamento de Investiga��o de Crimes contra o Patrim�nio ter� ampliada sua atua��o, que atualmente se concentra em a��es com preju�zos superiores a 120 sal�rios m�nimos (R$ 86,88 mil). Esse piso ser� reduzido para 20 sal�rios m�nimos (R$14,48 mil). A ideia � aproveitar a experi�ncia dos 315 policiais da unidade nesse tipo de atua��o. Os crimes com preju�zo inferior a 20 sal�rios m�nimos continuam sob a responsabilidade da Central de Flagrantes e das 24 delegacias de �rea de BH.
Para tornar menos lentos os registros de delitos, ser� criada uma delegacia virtual, com o fim de absorver as ocorr�ncias menos graves, que representam 24% da demanda da Pol�cia Civil. Tamb�m ser�o implantados monitores eletr�nicos para acompanhamento de ocorr�ncias nos plant�es. O objetivo � garantir controle do andamento de cada situa��o, para apressar um processo que pode consumir v�rias horas. “Todas as medidas t�m a mesma meta: tornar mais r�pida a atividade policial, para termos mais efetivo nas ruas”, disse o governador Anastasia.
O secret�rio de Defesa Social, R�mulo Ferraz, acrescenta que, normalmente, perde-se muito tempo com registros em hor�rios cr�ticos para a seguran�a p�blica. “Enquanto o policial militar passa cinco, seis, at� sete horas em uma central de flagrantes ou em uma regional, naquele hor�rio de pico da criminalidade os policiais est�o fora das ruas. Essa � uma situa��o muito grave e preocupante”, afirma Ferraz.
SIMPLIFICA��O Em abril come�a a funcionar a delegacia virtual, de acordo com a Pol�cia Civil. Inicialmente ela vai servir para registrar ocorr�ncias de acidentes de tr�nsito mais simples e sem v�timas, que n�o demandem a presen�a de militares no local e posterior registro em uma delegacia f�sica. “Em um ano, a novidade estar� totalmente implantada para todas as outras ocorr�ncias, como extravio de documentos e comunica��o de pessoas desaparecidas”, garantiu o secret�rio.
Sobre o monitoramento eletr�nico das ocorr�ncias nos plant�es da Pol�cia Civil, o delegado-chefe da corpora��o, Cylton Brand�o, diz que o projeto ajuda a reorganizar o atendimento, liberando mais rapidamente militares envolvidos nas ocorr�ncias. “A novidade possibilita controle pela v�tima, pela Pol�cia Civil e pela Pol�cia Militar”, afirmou o delegado. O sistema j� funciona na Central de Flagrantes (Ceflan) do Bairro Floresta, Leste de BH, e ser� expandido inicialmente para os plant�es do Barreiro e Venda Nova, al�m da Delegacia de Mulheres, Detran, Centro Integrado de Atendimento ao Adolescente Autor de Ato Infracional (Cia-BH) e Juizado Especial.
O comandante-geral da Pol�cia Militar em Minas Gerais, coronel M�rcio Sant’Ana, destacou que a popula��o tem sua responsabilidade no que se refere � preven��o da criminalidade. Questionado se a sensa��o de inseguran�a que tem prevalecido na capital � compartilhada por ele, o coronel disse que o cidad�o deve tomar certas precau��es. “Eu tenho uma atitude respons�vel, observo o meu entorno, fa�o o controle de retrovisor no meu carro e fa�o op��es de onde estacionar”, diz Sant’Ana. Ainda de acordo com o coronel, agindo dessa forma as pessoas t�m menos chances de ser alvos de bandidos. “Acho que isso � a interpreta��o correta do preceito constitucional de que seguran�a � direito, mas tamb�m responsabilidade de todos os cidad�os”, completou o militar.
Novas a��es
» Cria��o de dois batalh�es apenas com militares do setor administrativo (400 em cada Batalh�o Metr�pole). Mais 400 ainda podem ser deslocados da administra��o, totalizando refor�o de 1,2 mil agentes.
» Deslocamento de cerca de 400 militares que ainda est�o na academia, em curso de forma��o de sargentos e de oficiais, para atividades pr�ticas nas ruas.
» Cria��o de uma delegacia virtual para receber registros de casos mais simples, como acidentes sem v�timas e extravio de documentos, que hoje correspondem a 24% da demanda da Pol�cia Civil.
» Amplia��o da atua��o do Departamento de Crimes contra o Patrim�nio (Depatri) da Pol�cia Civil, que hoje s� atua em crimes acima de 120 sal�rios m�nimos (R$ 86,8 mil). O piso ser� reduzido para 20 sal�rios m�nimos (R$ 14,4 mil).
» Instala��o de pain�is eletr�nicos em 12 delegacias de plant�o da Grande BH. Os monitores devem aumentar o controle sobre o andamento das ocorr�ncias e apressar o registro de flagrantes.
» Cria��o de uma central de flagrantes na Regi�o Noroeste em 30 dias.
Provid�ncias que j� haviam sido anunciadas
» Realiza��o de concurso para 1 mil investigadores da Pol�cia Civil.
» Entrega de 378 viaturas para a PM e 450 para a Pol�cia Civil, totalizando
2 mil ve�culos nas duas corpora��es desde 2013.
» Instala��o de quatro novas unidades do Centro de Preven��o � Criminalidade Fica Vivo, da PM. Em 30 dias as cidades de Ribeir�o das Neves, Betim, Governador Valadares e Uberl�ndia ser�o contempladas.
» Compra de 2,5 mil equipamentos de GPS para viaturas das pol�cias Civil e Militar, sendo 625 at� o fim do primeiro semestre.