Dois acidentes causaram transtornos gigantes. O primeiro em plena Avenida do Contorno, no Bairro Funcion�rios, Centro-Sul de BH, onde um motorista abusou da imprud�ncia numa via onde n�o poderia circular ao tentar subir o tobog� com um caminh�o carregado com uma retroescavadeira. Ele fugiu depois que a m�quina caiu no asfalto e deu muito trabalho para ser retirada. Na Fern�o Dias, em Betim, o tombamento de uma carreta de cimento deixou pistas fechadas durante 24 horas e causou congestionamento de mais de 10 quil�metros, demonstrando que mesmo em rodovia privatizada a desinterdi��o em caso de acidentes � problem�tica.
O acidente na Contorno assustou moradores e pedestres no in�cio da manh� de ontem. A retroescavadeira caiu da carroceria do caminh�o e ficou escorada em uma palmeira, quase na esquina com a Rua Piumhi. Ningu�m ficou ferido e nenhum ve�culo foi atingido. O acidente chama a aten��o para o controle dos ve�culos pesados em �reas restritas da cidade. No ano passado, a Pol�cia Militar, a Guarda Municipal e a BHTrans autuaram 477 motoristas de caminh�es, uma m�dia de 1,3 ve�culo por dia transitando em local proibido. Somente ontem, enquanto guardas municipais trabalhavam na ocorr�ncia da retroescavadeira, 10 caminh�es foram autuados em flagrante no tobog� da Contorno. Al�m da imprud�ncia dos motoristas de carga pesada, a fiscaliza��o insuficiente, feita por radar apenas na Avenida Nossa Senhora do Carmo, contribui para aumento de risco de acidentes.
No trecho do acidente, a BHTrans proibiu 24 horas por dia o tr�nsito de ve�culos com capacidade acima de 5 toneladas ou com mais de 6,5 metros de comprimento, o que agravaria a situa��o do motorista que fugiu do local ap�s a queda da m�quina pesada. Mas, como ele n�o apareceu, nem a multa por “transitar em locais e hor�rios n�o permitidos pela regulamenta��o estabelecida pela autoridade competente”, conforme prev� o C�digo de Tr�nsito Brasileiro (CTB), foi aplicada.
O tenente-coronel Edvaldo Piccinini, comandante do Batalh�o de Tr�nsito da PM (BPTran), explicou que s� � poss�vel autuar se o caminh�o for flagrado por uma autoridade de tr�nsito habilitada para multar. O militar admite que s� o peso da m�quina j� supera a capacidade permitida pelo trecho, mas sem o flagrante n�o h� multa. Segundo o Departamento Estadual de Tr�nsito de Minas Gerais (Detran), a Pol�cia Civil s� investiga casos com v�timas, o que significa que o motorista infrator ficar� impune.
Piccinini n�o concorda que haja falhas na fiscaliza��o. Ele afirma que � imposs�vel manter um militar do batalh�o em cada trecho com restri��o para ve�culos pesados, uma vez que o BPTran tem in�meras atribui��es e s� de ocorr�ncias de tr�nsito atende cerca de 200 por dia. “A melhor solu��o seria investir na fiscaliza��o eletr�nica, como j� acontece na Avenida Nossa Senhora do Carmo”, afirma o tenente-coronel.
FLAGRANTE Em 2013, 158 caminh�es com capacidade acima de 5 toneladas ou comprimento acima de 6,5 metros foram flagrados pelo radar da via. Nos demais corredores e �reas restritas, PM e Guarda Municipal registraram 319 infra��es em todo o ano passado. Este ano, as duas corpora��es j� anotaram 57 multas, todas referentes a janeiro.
O gerente de tr�nsito da Guarda Municipal, Jos� An�sio Pereira J�nior, admite que a fiscaliza��o d� margem para os infratores e que isso acontece porque nem todos se submetem aos caminhos corretos por conta da maior dist�ncia percorrida. “Eles aproveitam as brechas e encaram imaginando que n�o ser�o pegos. Estamos em uma �poca com muitas obras em BH, o que aumenta a demanda dos caminh�es pesados”, diz. Ele completa lembrando que a Guarda Municipal est� atenta ao problema e analisa rotas usadas pelos infratores para autu�-los. “No caso de ontem, vamos analisar de onde veio esse caminh�o, para inibir novos desrespeitos”, afirma.
Para retirar a retroescavadeira foram necess�rios dois reboques pesados da BHTrans. Ambos tiveram que passar por cima do canteiro central, o que causou danos no passeio e no jardim, mas a empresa informou que far� os reparos. Nas ruas, a rea��o da popula��o foi de susto. “Isso a� � lugar de subir?”, questionou a dona de casa Loide Missias Resende Claussen, de 58 anos. “O cara que sobe uma avenida dessa com esse peso n�o tem cabe�a”, afirmou o t�cnico em edifica��es Juliano Vieira, de 37.
O fazendeiro Demerval Guimar�es se apresentou como tio do dono da escavadeira e informou que o motorista errou uma marcha no momento que estava no tobog�. “Ele ficou com medo e foi embora”, disse. Ele n�o quis dar detalhes do motivo de o condutor estar em local proibido.
Um dia tombado na Fern�o Dias
O tombamento de uma caminh�o carregado de cimento evidenciou novamente as dificuldades operacionais para a r�pida libera��o de rodovias em acidentes com ve�culos pesados. Motoristas e passageiros que circulavam pela BR-381 enfrentaram filas de at� 11 quil�metros no sentido SP/BH. O trecho � administrado pela concession�ria Autopista Fern�o Dias. Mesmo se tratando de uma via privatizada, depois de 24 horas do acidente a estrada ainda estava parcialmente interditada para a retirada da carreta.
O empres�rio Nelson Ant�nio da Silva, dono da NC Transportes, respons�vel pelo ve�culo, que, segundo ele, levava 31 toneladas de cimento para S�o Carlos (SP), afirmou que n�o teve qualquer apoio da administradora da rodovia para resolver o problema. “Pago mensalmente R$ 3 mil de ped�gio e a �nica coisa que os funcion�rios da Autopista disseram, no come�o da manh�, era para que eu providenciasse a retirada da carreta e limpasse a pista. N�o deram nenhum apoio operacional, nem mesmo indicaram empresas que poderiam fazer o servi�o. Com isso, somente �s 14h teve in�cio o servi�o de remo��o para liberar as pistas”, explicou.
A Autopista Fern�o Dias informou que � respons�vel pela libera��o da pista em caso de acidentes, mas n�o � respons�vel pelo trasbordo da carga, o que possibilitaria o destombamento do ve�culo com rapidez. No caso de ontem, a concession�ria disse que foi necess�ria a mobiliza��o de um equipamento com capacidade de remo��o maior (guindaste) do que os guinchos que possui por obriga��o contratual. Nesses casos, a empresa diz que comunica o respons�vel pela carga e orienta sobre acionamentos de recursos pr�prios.
DESGOVERNADO
O acidente aconteceu no km 501 da BR-381, �s 21h da segunda-feira, em Betim, na Grande BH. O motorista da carreta, carregada com cimento, que seguia no sentido BH/SP, perdeu o controle do ve�culo, invadiu a pista contr�ria, bateu de frente com um caminh�o e tombou em seguida, com o ve�culo ficando totalmente atravessado na via. O carreteiro sofreu escoria��es leves e o condutor do caminh�o foi socorrido com fratura em uma perna, no Hospital Regional de Betim. Um desvio teve que ser improvisado, mas ainda assim o tr�nsito ficou congestionado.
O inspetor Aristides J�nior, da Pol�cia Rodovi�ria Federal, informou que foi registrada ocorr�ncia do acidente, por�m, a libera��o das pistas, como outras provid�ncias para o tr�nsito fluir, ficam por conta da concession�ria. “Normalmente, quando a Autopista tem equipamentos apropriados para a retirada de ve�culos acidentados, a administradora toma as provid�ncias de imediato. J� a PRF, nesse tipo de ocorr�ncia, aciona o respons�vel pelo ve�culo. Mas acidente com carga � uma situa��o complexa. Cada caso tem procedimentos diferentes e nem sempre d� para resolver a situa��o em curto prazo”.