
Desde 2010, seis profissionais foram assassinados em BH e na regi�o metropolitana, segundo o Sindicato dos Taxistas (Sincavir). O �ltimo ocorreu no fim de semana. Uma das iniciativas para a seguran�a da categoria � pioneira no Brasil. Trata-se de um bot�o antip�nico, sistema fixo instalado em 500 t�xis de BH. Em caso de perigo, basta apertar um dos dois bot�es. O sinal � enviado a uma central, que acompanha os motoristas 24 horas por dia.
Diante do acionamento do sistema ou de um telefonema, uma equipe de pronta resposta entra em a��o imediatamente, com o apoio da Pol�cia Militar. O equipamento � bancado com recursos das propagandas feitas no vidro traseiro dos ve�culos – em troca do direito de anunciar, a empresa deve fazer o rastreamento. “Todos os dias h� ocorr�ncias e, entre o que aderiram ao sistema, recuperamos 100% dos carros em casos de roubos e conseguimos evitar muitos assaltos”, informou o diretor da CPN M�dia T�xi BH, S�vio Silv�rio.
Na pra�a h� 11 anos, o taxista M. escapou de um assalto gra�as ao dispositivo. Ele estava em uma tarde na Avenida Jo�o C�sar de Oliveira, no Bairro Eldorado, em Contagem, quando uma mulher de aproximadamente 40 anos deu sinal. Com ela, inesperadamente, entraram dois jovens, rumo a Betim, na regi�o metropolitana. “Eles eram estranhos e falavam g�ria. Achei que fossem filhos dela, at� o momento em que, num ponto ermo da Via Expressa, ela disse que estava apenas dando carona a eles”, contou. Nesse momento, ele apertou o bot�o.
A mulher pagou metade da corrida e desceu do ve�culo. Antes de chegar ao destino, o carro foi bloqueado pela central. M. simulou ter um problema mec�nico. Ao ver a rea��o da dupla, que o amea�ou de assalto, pediu calma e garantiu que continuariam a corrida. “Tentei ganhar tempo at� a pol�cia chegar, o que demorou ainda uns 30 minutos”, relata. O motorista foi escoltado pela PM para sair da regi�o. “Gra�as ao sistema, consegui me safar”, disse. Para M., outra seguran�a s�o os aplicativos de celular para chamar um t�xi. “O n�mero do IP � registrado na administradora do aplicativo e h� cadastro do cliente. A possibilidade de assalto � mais baixa”, afirma.
Outros aplicativos se tornaram aliados. Um deles � o “zello” e tem angariado cada dia mais motoristas, que, em caso de passageiro suspeito, enviam uma mensagem ao grupo. Os colegas chamam a PM. “Qualquer meio de se organizar para trazer mais seguran�a � v�lido”, destaca o presidente do Sincavir, Ricardo Faeda. Ele reclama que os taxistas, na maioria dos casos, apenas fazem teste do baf�metro. Aos passageiros nunca � pedida identifica��o. O sindicato e as lideran�as dos segmentos v�o solicitar reuni�o com a Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds) e o Comando de Policiamento da Capital (CPC), para discutir medidas, al�m das j� adotadas, para evitar assaltos.
A coronel Cl�udia Romualdo, comandante do CPC, informou que a PM mant�m opera��es rotineiras de abordagem a t�xis e reuni�es peri�dicas com o sindicato, nas quais os motoristas indicam pontos sens�veis para averigua��o.
Categoria quer PM mais �gil
Outra demanda dos taxistas ser� tentar agilizar o registro de boletins de ocorr�ncia ou disponibilizar o servi�o pela internet. Muitos motoristas desistem de faz�-lo por causa da morosidade, o que acaba criando uma subnotifica��o nos n�meros oficiais.
Essa demora deixou ainda mais fragilizado o taxista Newton Evandro Seabra, de 52. Ele foi assaltado mais de 10 vezes e, na �ltima delas, ficou mais de seis horas na delegacia. O motorista j� teve um carro com o dispositivo antip�nico e, agora, j� convenceu o dono do novo ve�culo a instal�-lo tamb�m. No �ltimo crime, o bandido anunciou o assalto quando estavam no Bairro Nacional, destino da corrida, �s 3h40. “Ele desceu do carro com a arma na minha cabe�a, n�o tive tempo nem de acionar o bot�o. Ele me disse para n�o olhar para tr�s e eu sa� correndo. Quando virei � direita, me deparei com uma viatura da pol�cia”, conta.
Evandro lembra que o bandido saiu do carro em movimento e conseguiu fugir, mesmo sendo alvo dos tiros da PM. “Fiquei sem condi��es psicol�gicas de trabalhar, pensei at� em abandonar a profiss�o”, afirmou. “Numa situa��o dessa, voc� tem que ter a linguagem do bandido, porque ele est� com uma arma e a gente, com o poder de Deus.”