Um dos suspeitos de envolvimento no assassinato do estudante de engenharia de produ��o Matheus Salviano Botelho de Morais, de 21 anos, na noite de 7 de fevereiro, no Bairro Gutierrez, Oeste de BH, disse nessa quarta-feira que n�o est� arrependido do que fez. “Aconteceu, aconteceu. N�o posso ressuscitar o cara”, disse Farley Bruno Bicalho Cardoso, de 18 anos, que confessou ter levado, em seu Vectra prata, dois menores, de 15 e 17 anos, para roubar um carro no Gutierrez. “Eu sabia que eles iam roubar o carro. N�o sabia que eles iam matar o cara”, afirmou.
Segundo o delegado Wanderson Gomes, chefe do Divis�o Especializada de Opera��es Especiais (Deoesp), o adolescente de 17 anos disparou o rev�lver calibre 22 quando o estudante esbo�ou rea��o e dominou o menor de 15 anos. Na �poca do crime, Farley tamb�m era menor. Completou 18 anos 10 dias depois. Os outros dois menores tamb�m foram apreendidos. A arma do crime n�o foi localizada. Farley disse que a vendeu na Pra�a Sete.
Gomes confirmou que usou o Vectra no crime, pois o carro aparece em imagens de seguran�a dos pr�dios seguindo o Punto de Matheus. Com a divulga��o da morte do estudante, os menores abandonaram o ve�culo no Bairro Teixeira Dias, no Barreiro. A pol�cia fez levantamento de todos os Vectras prata na regi�o, at� chegar a Farley. Na ter�a-feira, a Justi�a concedeu mandado de busca e apreens�o dos tr�s suspeitos. Farley j� havia sido preso tr�s dias depois da morte de Matheus por tr�fico de drogas, portando papelotes de coca�na, mas a Justi�a concedeu liberdade provis�ria na segunda-feira e ele foi recapturado ontem.
Na noite do crime, segundo o delegado, os ladr�es chegaram a escolher outro ve�culo para roubar, mas o dono percebeu a presen�a deles, gritou e eles desistiram. “Nesse per�odo, vinha passando o Matheus em dire��o ao ve�culo. Antes de chegar, ele aciona o controle remoto do alarme e isso chama a aten��o dos infratores, que v�o abord�-lo, como mostram as imagens”, contou Gomes.
O menor de 15 anos abordou o estudante pelo lado do motorista. Wanderson Gomes disse que o jovem esbo�ou rea��o de defesa e chegou a dominar o adolescente. O outro menor, ent�o, que estava do outro lado do carro, disparou o tiro, que transfixou o bra�o e acertou o t�rax de Matheus. Os criminosos fugiram com os dois carros para o Barreiro, onde moram. “H� v�rias ocorr�ncias policiais de atos infracionais graves contra eles.
Ato infracional
Por ser menor na �poca do latroc�nio (roubo seguido de morte), Farley vai responder por ato infracional como os outros adolescentes. A Justi�a pode aplicar medida socioeducativa e eles podem pegar at� tr�s anos de interna��o. Farley disse ontem que a sua �nica preocupa��o � com seu Vectra apreendido, pelo qual diz ter pago R$ 7 mil.
O chefe do Deoesp informou que mesmo sabendo que Farley j� estava preso por tr�fico, a equipe continuou o investigando e monitorando os menores para obter provas do latroc�nio. “Eles atuaram em v�rios crimes, como roubo de carros e de pe�as de carros para revender e empregar dinheiro no tr�fico e uso de drogas”, disse Wanderson. O superintendente de investiga��o da Pol�cia Judici�ria, delegado Jeferson Botelho, informou que existe suspeita de que menores integram uma quadrilha maior.
“Se quiserem mudar o rumo das coisas, tem que come�ar pelas leis”, disse. O pai se emocionou ao falar da falta de Matheus. “Isso n�o acaba muito. V�o passar 10 anos e vou estar me perguntando como seria se ele estivesse aqui hoje”, disse Wander, que considerou Farley frio e calculista ao dizer que n�o est� arrependido “Pobrezinho, inocente. � um menino que eles falam que n�o podem fazer nada contra ele, pois � inimput�vel”, criticou o pai.
Pris�o errada
No s�bado, a PM havia apresentado quatro suspeitos do assassinato de Matheus, mas a suspeita n�o foi confirmada. O comandante do Batalh�o Rotam, tenente-coronel Carlos Alberto do Sacramento, disse que a pris�o foi legal, por forma��o de quadrilha, recepta��o, porte ilegal de arma. “N�o prendemos por homic�dio, pois eles n�o estavam em flagrante mais. As investiga��es complementares sobre quem teria feito o disparo ficaria a cargo da Pol�cia Civil. Em momento algum afirmamos que eles teriam matado o estudante.
Um dos presos teria confirmado ter participado de um assalto no Gutierrez. A �nica coisa que fizemos foi procurar saber se eles estavam soltos na �poca do latroc�nio e estavam. O grupo praticava furtos de ve�culos no Barreiro, foi preso com carro clonado, e um deles era foragido”, disse o tenente-coronel.