
A meta da Prefeitura de Belo Horizonte de espalhar com�rcio e servi�o pela cidade e desafogar a �rea central tem como ponto de partida um hipercentro saturado. Todos os dias, 2 milh�es de pessoas – 37% da popula��o da Grande BH – passam pelo caldeir�o que tem na Pra�a Sete a principal refer�ncia, por onde cruzam 91 mil ve�culos diariamente. Muitos dos frequentadores est�o ali apenas de passagem, levados pelos 3.036 �nibus que t�m a �rea central como destino. Outros v�o atr�s das conveni�ncias da �rea, que concentra mais de um em cada 10 pontos comerciais da cidade (10,8%). Segundo a C�mara dos Dirigentes Lojistas (CDL), o Centro de BH conta com 21.141 estabelecimentos do total de 194.420 na cidade e concentra 30% do total de faturamento da capital. Um dia de vendas na regi�o movimenta R$ 22,8 milh�es.
Vice-presidente de Centros Comerciais e Shoppings Centers da CDL, Davidson Cardoso, que tamb�m tem lojas no Centro, acredita que a variedade, o pre�o mais acess�vel do com�rcio de rua e o fato de a maioria dos �nibus ter a regi�o central no itiner�rio mant�m o hipercentro como refer�ncia. “Sentimos o impacto dos shoppings, mas acho que a descentraliza��o s� vai ocorrer se houver uma migra��o dos �nibus, uma mudan�a na mobilidade. Percebemos que as pessoas j� n�o est�o t�o dispostas a se deslocar por grandes dist�ncias para consumir”, afirma. Cardoso defende tamb�m mais cuidado com a regi�o central. “� preciso melhorar a seguran�a e aumentar as vagas, com a libera��o de estacionamentos verticais”, diz.
COMO DESCENTRALIZAR De acordo com o professor Fl�vio Carsalade, da Escola de Arquitetura da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), a tentativa de explorar novos polos de com�rcio e servi�os fora do hipercentro deve estar em sintonia com a regi�o metropolitana. “N�o podemos pensar apenas na capital, mas tamb�m nos outros munic�pios que dependem daqui”, ressalta. “O mais importante � discutir como criar essas novas centralidades. A quest�o da mobilidade est� bastante envolvida e alguns lugares sem voca��o t�o forte precisam de incentivo maior, como equipamentos de sa�de e maior presen�a de servi�os p�blicos”, afirma.
Vice-presidente da Federa��o das Ind�strias de Minas Gerais (Fiemg), Teodomiro Diniz Camargos, que tamb�m � presidente da C�mara da Ind�stria da Constru��o, lembra da tentativa do poder p�blico, em 1994, de conciliar o uso comercial e residencial nos bairros, autorizando edifica��es maiores sob essa condi��o. O objetivo, assim como atualmente, era incentivar a diversifica��o das atividades econ�micas fora do Centro. “O crescimento de Lourdes e do Santo Agostinho ocorreu muito nessa linha, mas o mercado n�o sentia vontade real de fazer o lado comercial. Ent�o, depois transformavam as lojas em garagens, pois elas desvalorizavam os pr�dios”, conta. Mas ele acredita que os investidores j� est�o preparados para se voltar para o com�rcio de bairro. “A quest�o da mobilidade superou o exclusivismo do uso residencial. Hoje a tend�ncia � morar, servir e comprar em uma mesma �rea, sem depender do carro”, afirma, lembrando que, em S�o Paulo, j� h� no mesmo condom�nio torres comerciais dividindo espa�o com residenciais.
Treinados para definir o futuro de BH
Come�a no pr�ximo s�bado a etapa de capacita��o da 4ª Confer�ncia Municipal de Pol�tica Urbana, em que cidad�os aprovam as mudan�as na cara da capital para os pr�ximos anos. Os 243 delegados dos setores popular, t�cnico e empresarial, eleitos em fevereiro, receber�o 32 horas de forma��o sobre legisla��o e conhecer�o as propostas da prefeitura de altera��o do Plano Diretor municipal e da Lei de Parcelamento, Ocupa��o e Uso do Solo. As duas leis tratam da organiza��o da cidade, para onde vai crescer, quais �reas devem ser protegidas, como devem ser as constru��es, entre outros pontos.
A capacita��o � um preparativo para debater as propostas de mudan�as nos grupos de trabalhos, j� em abril. Entre as propostas est� o incentivo � cria��o e � intensifica��o de polos de com�rcio e servi�o nos bairros, fora do Centro. Os grupos ser�o divididos entre os eixos estrutura��o urbana, desenvolvimento, ambiental, cultural, habita��o e mobilidade. Em maio a confer�ncia termina, com o fechamento das altera��es no Plano Diretor e na Lei de Parcelamento, Ocupa��o e Uso do Solo. Para as mudan�as come�arem a valer, a prefeitura tem que mandar um projeto de lei � C�mara Municipal para ser votado pelos vereadores.
Menos �nibus
De acordo com a BHTrans, atualmente, 239 linhas de �nibus circulam pela �rea central origin�rias das avenidas Cristiano Machado e Ant�nio Carlos. Com a implanta��o completa do sistema BRT/Move, que come�a a operar no pr�ximo s�bado, ser�o 26 linhas. Atualmente s�o realizadas 937 viagens de �nibus no hor�rio de pico da manh� (das 6h �s 7h) vindos das duas avenidas. Com o novo sistema, ser�o 297 viagens.
N�MEROS DO CENTRO
MOBILIDADE
2 milh�es - de pessoas por dia
3.036 - �nibus diariamente
470 mil - ve�culos/dia na �rea central
15.039 - vagas de estacionamento
rotativo (15,8% do total)
91 mil - ve�culos/dia cruzam a Pra�a Sete
400 mil - pedestres/dia na Pra�a Sete
ECONOMIA
R$ 22,8 milh�es - de faturamento di�rio
10,8% -do com�rcio de BH
31% - das lojas de eletrodom�sticos
24% - das lojas de cal�ados
23,8% - dos bancos
15,2% - do com�rcio varejista de roupas e acess�rio