Junia Oliveira, Gustavo Werneck e Zulmira Furbino

Ainda n�o se sabe quantos foli�es foram para as ruas e pra�as nem a quantidade exata de blocos, mas pelo menos ficou uma certeza: o carnaval de Belo Horizonte cresceu e apareceu. E para n�o deixar ningu�m mentir, terminada a farra, restam as li��es para 2015. Banheiros qu�micos, seguran�a e prote��o ao patrim�nio p�blico s�o os alvos de maior reclama��o de quem caiu na folia, dos m�sicos que comandaram a festa e da pr�pria prefeitura. Entre os organizadores, come�a um movimento para cria��o de uma lei espec�fica para disciplinar o uso dos espa�os p�blicos e evitar baderna.
Quem seguiu muitos blocos sabe do que est� falando e pede mais aten��o �s autoridades para o ano que vem. Na folia desde a sa�da do bloco Chame o S�ndico, na quarta-feira passada, o designer gr�fico Nathan Ara�jo, de 25 anos, morador do Bairro Floresta, Regi�o Leste, quer mais seguran�a e organiza��o. “A prefeitura decidiu assumir este ano a organiza��o dos blocos, ent�o precisa se preocupar com todos os aspectos. Vi muitas brigas na Savassi, amigos meus foram assaltados, achei as ruas sujas e muito fedorentas. Mas, no geral, gostei da festa”, comentou o designer gr�fico, que estava de folga ontem e aproveitou para curtir do Bloco do Manjeric�o, no Bairro Sagrada Fam�lia.
A arquiteta Gabriela Gomes, de 27, moradora do Bairro Serra, Centro-Sul, tamb�m seguiu v�rios blocos e se queixou da falta de banheiros. “Esse foi o maior problema. A gente procurava e n�o achava”, reclamou a jovem, ao lado de amigas no Manjeric�o. “Achei o servi�o de limpeza eficiente. Sa� de manh� num bloco no Bairro Floresta, e, quando vi o local � tarde, j� estava limpinho”, afirmou.
Moradora de S�o Paulo, a produtora de m�sica Carolina Zilber, de 36, decidiu curtir a farra em BH e gostou tanto que desfilou no Queixinho, Baianas Ozadas, Magn�lia e ontem no Manjeric�o. “O crescimento da festa levou ao crescimento da estrutura”, observou. Ela considerou satisfat�rio o n�mero de banheiros qu�micos, do contingente policial e o esquema montado pela BHTrans. “A falta de viol�ncia deixou o foli�o se divertir com tranquilidade. ”, disse.
Foram pelo menos 170 blocos a arrastar multid�es, segundo levantamento preliminar da Belotur. Desses, 150 estavam cadastrados. Alguns tiveram cerca de 30 mil foli�es, como o Baianas Ozadas, que desfilou na segunda-feira. Houve ainda 14 palcos espalhados pela cidade. O presidente da Belotur, Mauro Werkema, estima que o n�mero de foli�es se aproximou do esperado: 1 milh�o. Hoje, ele se re�ne com a PM, bombeiros, BHTrans e outros �rg�os para fazer o balan�o da festa.
A quantidade de banheiros qu�micos certamente passar� por uma revis�o. Foram 1 mil este ano e, mesmo assim, insuficientes. Werkema admite problemas de disponibilidade. “V�rias cidades do interior demandam e fica em falta no mercado. Temos que ver isso para o ano que vem, pois essa quest�o adquiriu import�ncia grande”, relata.
Um dos fundadores do Baianas Ozadas, Geo Cardoso acredita que as melhorias vir�o. “Est� todo mundo aprendendo a fazer carnaval. � necess�rio que o planejamento seja constru�do de forma coletiva, com aten��o especial ao policiamento. Alguns pontos n�o tinham o suficiente”, afirmou. Ele tamb�m chamou aten��o para os banheiros qu�micos, a limpeza urbana e a sinaliza��o para orientar os foli�es.
Uma das regi�es que recebeu maior p�blico, a Savassi foi tamb�m o principal foco de problemas. Segundo o gerente da Status Caf�, Cultura e Arte, Ivan Carlos Freitas, faltou organiza��o, havia poucos banheiros qu�micos e o policiamento foi insuficiente. Ocorreram assaltos e o n�mero de ambulantes foi excessivo. “Diariamente, aconteciam brigas e n�o havia policiamento. Quando a pol�cia aparecia, as brigas se dispersavam, mas logo recome�avam porque a pol�cia n�o ficava”, disse.
POSTURAS
O presidente da Belotur � a favor de uma revis�o no C�digo de Posturas, especialmente para eventos. “Ao assumirmos que somos uma cidade com voca��o para eventos e que eles s�o positivos, se faz necess�ria uma legisla��o mais espec�fica”, avaliou. Segundo ele, os relat�rios indicar�o os caminhos.
“� urgente pensar numa legisla��o para o carnaval para preservar bairros tradicionais, como Santa Tereza, e n�o deixar ocorrer o que se passou l�, onde comerciantes rivalizaram com a associa��o comunit�ria pelo fato de o carnaval n�o acontecer durante a noite. E que seja rigorosa, para inibir certos problemas, como carro de som”, afirmou Geo Cardoso. “BH tem voca��o para ser um dos melhores carnavais do Brasil, pois os grandes modelos est�o saturados”, ressalta.
Uma das coordenadoras do Bloco da Esquina, Marcela Nunes, tamb�m acredita na consolida��o do carnaval. O bloco arrastou 2 mil pessoas no Santa Tereza. “O futuro do carnaval depende da qualidade desses blocos e de como quem chega � recebido. N�o � s� a parte musical, mas estrutura, como banheiro qu�mico e alimenta��o”, ressaltou. Ela defende ainda mais apoio aos grupos, para melhoria da estrutura do som e evitar que a m�sica seja ouvida somente at� certo ponto do cortejo.