Ainda que com 40 anos de atraso – O BRT j� n�o � novidade desde 1974 no Paran� –, o novo modelo de transporte coletivo de Belo Horizonte j� d� alguns sinais de outros tempos para a rela��o do cidad�o com o tr�nsito ruim de doer na capital.
Valdivino, de 29 anos, Carteira Nacional de Habilita��o (CNH) E – a mesma exigida para carretas –, n�o esconde o entusiasmo por ter inaugurado a linha 82, �s 4h20 de ontem. No meio da tarde, quase dez horas de servi�o depois, a empolga��o do Valdivino na condu��o do carro 20480, tinindo de zero, � de dar gosto.
O motorista e a companheira de Move, a cobradora Maria de F�tima, d�o toda a aten��o poss�vel aos passageiros, curiosos com o carr�o de 18,5 metros. Ele fala com orgulho do c�mbio autom�tico, do ar-condicionado e dos 30 minutos gastos da Esta��o S�o Gabriel ao Bairro Funcion�rios.
O rapaz, ao fundo, s� de farra aciona o sinal de parada. No ponto, n�o desce e ainda faz gra�a para os amigos. Leva bronca da cobradora: “N�o faz isso. Voc� prejudica a viagem. Nosso trabalho � s�rio”.
A senhorinha de jeans e brincos enormes, n�o se contenta: “Ah, � isso? Tanta quebradeira pra esse frio que deixa a gente gripada?” A filha que a acompanha participa: “At� que t� bom. Quero ver � quando estiver lotado”. Mais � frente, o menino traquina apronta com o cinto de seguran�a da �rea reservada para bicicletas. Mexe daqui, dali, at� que leva pito do velho na cadeira de lado.
Com a chuva, a plataforma coberta da Avenida Paran� vira assunto entre homem e mulher com beb� de colo. “Todo ponto de �nibus tinha que ser assim. Sempre falei isso”, diz o sujeito. A mocinha vestida de verde, com “Posso ajudar” anotado do colete de servi�o, aborda o senhor de panfleto na m�o. Ele corta a simpatia: “N�o precisa! Estou s� conhecendo essa maravilha que t�o falando”.
O homem de �nibus na cabe�a e capa verde de super-her�i � atra��o para a meninada. � o Mr. Bus, personagem conhecido da cena do transporte p�blico na cidade. Ricardo Teixeira, de 48, desde crian�a tem paix�o por coletivos. Tanto que virou profissional no assunto. Com ele, n�o h� informa��o sobre o tr�nsito que fique sem resposta.
Muita gente de c�mera na m�o para n�o perder o Move da hist�ria. Um dia para n�o ser esquecido. “Vem, filh�o! Vamos tirar uma foto para colocar no Facebook”, diz o pai coruja. Fernando � separado e passa os finais de semana com o pequeno Matheus, de 5. “Tenho moto, mas � s� quando n�o t� com o Matheus. Agora, com o BRT, vai melhorar pra gente”, sorri.
“Para quem n�o tem metr�, serve”, diz a mulher para a colega mais jovem. O carro da linha 83D deixa a esta��o da Avenida Paran� com uma das portas abertas. Na esquina com Rua Tamoios, o mo�o aproveita a oportunidade para livrar-se da chuva e economizar R$ 2,65. “Obrigado!”.