Passageiros enfrentam aperto no metr� de Belo Horizonte

Exerc�cio permanente de paci�ncia, momentos de desespero e a certeza de que amanh� – independentemente de qual dia seja – poder� ser pior. Essa � a situa��o dos milhares de passageiros que circulam na �nica linha de metr� da Grande BH: a que vai da Esta��o Vilarinho, em Venda Nova, na capital, ao Bairro Eldorado, em Contagem. Ontem, no hor�rio de pico da manh� (das 6h30 �s 8h) as reclama��es se multiplicavam, potencializadas por problemas em dois dias consecutivos. No in�cio da manh� de ter�a-feira, uma falha na sinaliza��o causou lentid�o nos trens; anteontem, houve pane no fechamento das portas, obrigando a troca de composi��o. O certo mesmo � que, na semana em que a mobilidade urbana est� na ordem do dia, com a estreia do BRT/Move, os usu�rios do metr� exigem mais comodidade e espa�o.

Funcion�ria de um escrit�rio no Centro e moradora do Bairro Jaqueline, na Regi�o Norte de BH, Zilma de Jesus Soares Cardoso n�o esquece a demora na manh� de quarta-feira. “Perdi umas tr�s horas nessa confus�o, por isso mesmo gravei tudo no meu celular, para mostrar ao chefe”, disse Zilma, tirando o telefone da bolsa e mostrando as cenas de uma multid�o � espera do transporte. Ao lado, um homem, que preferiu n�o se identificar, disse que o metr� manteve velocidade de 20km/h, “atrasando a vida da gente”. Antes mesmo de o trem parar na esta��o, por volta das 6h40 de ontem, um rapaz dava o alerta: “N�o empurra, n�o, gente! Olha o desespero!”

Eram 7h na Esta��o Vilarinho quando o trem chegou � plataforma lotada de trabalhadores, estudantes, donas de casas, gr�vidas e m�es com crian�as no colo. “�s vezes, sou obrigada a esperar at� pelo terceiro trem, de tanta gente que fica aqui”, contou a aluna de medicina Tha�s Silva Nunes, moradora de Justin�polis, em Ribeir�o das Neves, na Grande BH. “O meu pai me traz todos os dias, de carro, at� a esta��o e, no total, seriam 35 minutos. Mas com essa superlota��o, fica dif�cil ganhar tempo”, queixou-se a jovem, que faz est�gio em um hospital no Bairro Santa Efig�nia, na Regi�o Leste. “O conforto � zero, precisamos de mais vag�es e tamb�m de respeito, pois pouca gente lembra que h� lugares preferenciais para idosos, gestantes e outros”, destaca Tha�s.

Uma das principais reclama��es dos passageiros diz respeito ao empurra-empurra. Na manh� de ontem, o Estado de Minas flagrou a dificuldade de uma mulher que tentava entrar no trem com duas sacolas. Na pressa de embarcar ela empurrava as pessoas e acabou deixando metade das bolsas do lado de fora da porta. O trem s� p�de seguir depois que a passageira conseguiu segurar os seus pertences, ajudada por um homem que n�o embarcou. “Se a gente n�o fica velhaco, empurram e a gente pode se machucar”, disse o vendedor Mariano Florivaldo, que trabalha no Centro e j� bateu com a perna ao ser projetado com viol�ncia para dentro do trem. “Doeu por uns 15 dias”, recordou-se, na manh� de ontem.
 
P�S NO CH�O Da Vilarinho at� a Esta��o S�o Gabriel, de onde partem agora os �nibus do BRT/Move, n�o faltaram indigna��o e pedidos de melhorias no metr�. “� sempre um caos, anda todo mundo apertado de manh� cedo”, afirmou o estudante de gest�o Alisson Guilherme, de 21 anos, morador de Ribeir�o das Neves. A cabeleireira Rosane Modesto, que trabalha no Bairro Calafate, na Regi�o Oeste, costuma chegar �s 6h40 � Vilarinho e esperar pelo terceiro trem. “H� momentos em que n�o d� nem para p�r os dois p�s no ch�o. Nunca consigo viajar assentada”, reclamou a cabeleireira.

A Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU), respons�vel pela opera��o do metr� de Belo Horizonte, foi procurada, mas n�o se manifestou sobre as queixas dos passageiros.