
O n�mero de multas por altera��es irregulares em carros e outros ve�culos automotores em Minas cresceu 6,46% nos �ltimos dois anos, segundo o Departamento de Tr�nsito do estado (Detran-MG). Em 2013, foram aplicadas 7.166 autua��es, 19,63 por dia. Em 2012 houve um total de 6.731, m�dia di�ria de 18,44. O rebaixamento de suspens�o est� entre as infra��es mais penalizadas, segundo o chefe da se��o de vistoria do �rg�o em Belo Horizonte, Fl�vio Andrade. Uma das causas para o aumento � o fato de essa modifica��o ter sido proibida em agosto pelo Conselho Nacional de Tr�nsito (Contran).
Em Minas h� 1.594 carros com rebaixamento regularizado, segundo o Detran-MG. A modifica��o est� autorizada na resolu��o 292 do Contran, mas em agosto o �rg�o publicou a resolu��o 450 suspendendo os efeitos do primeiro documento e proibindo “qualquer altera��o no sistema de suspens�o original de ve�culos, nacionais ou importados” por 90 dias. O prazo, no entanto, foi ampliado para at� o fim deste m�s. Na resolu��o 450, o Contran prev� que publicaria uma proposta de revis�o da norma. “Se o Contran n�o se posicionar novamente, entende-se que a altera��o volta a ser permitida em 1º de abril”, afirma.
Andrade concorda que � preciso aperfei�oar a legisla��o atual, j� que n�o define bem quais altera��es podem ser feitas. De acordo com as regras vigentes antes da proibi��o, o dono do carro deveria conseguir no Detran de seu estado autoriza��o para fazer o rebaixamento. Depois a modifica��o seria avaliada por um dos institutos t�cnicos licenciados pelo Departamento Nacional de Tr�nsito (Denatran), respons�veis por expedir um Certificado de Seguran�a Veicular.
A inspe��o deve ser feita com base em normas do Instituto Nacional de Metrologia, Normaliza��o e Qualidade Industrial (Inmetro). Em BH, h� oito empresas credenciadas para fazer esse tipo de inspe��o, segundo o Detran-MG. Os motoristas que usarem a suspens�o erguida ou rebaixada irregularmente est�o sujeitos a multa de R$ 127,69 e a ganhar cinco pontos na carteira de habilita��o, j� que se trata de infra��o grave. “O documento do carro fica retido at� que as caracter�sticas originais do ve�culo sejam restauradas ou a modifica��o seja aprovada em inspe��o”, explica Andrade.

SEGURAN�A
O chefe de vistoria do Detran-MG considera, por�m, que mesmo quando autorizado, o rebaixamento torna o ve�culo menos seguro. “O organismo de inspe��o determina um limite com base em normas do Inmetro, mas o carro sempre tem perdas em seu desempenho, no n�vel de seguran�a. O ve�culo rebaixado sofre mais, por exemplo, com bocas de lobo desniveladas, quebra-molas gigantescos e buracos, problemas comuns no Brasil”, alerta. “Muitas seguradoras n�o fazem o seguro de carro nessa condi��o por saberem que eles n�o t�m a mesma estabilidade e correm mais risco de acidentes”, acrescenta.
A avalia��o de Andrade � refor�ada por Claysson Bruno Santos Vimieiro, professor dos departamentos de Engenharia Mec�nica da PUC Minas e da UFMG. “Em linhas gerais, para rebaixar � preciso reduzir o comprimento das molas de suspens�o, que s�o projetadas para o peso do carro, sua capacidade de carga e outros aspectos. Com o tamanho diminu�do, essas pe�as trabalhar�o de forma diferente, o que afeta a seguran�a”, explica. As molas menores absorvem menos impacto. “O ve�culo vai chacoalhar mais que o normal. Em uma curva com terreno acidentado, as rodas v�o vibrar mais e os pneus podem perder ader�ncia com o asfalto. O carro pode acabar rodando”, ressalta.
Al�m dos riscos para a seguran�a, a instabilidade torna o ve�culo menos confort�vel, mas o rebaixamento tamb�m tem vantagens. Com maior proximidade entre o carro e o ch�o, a resist�ncia imposta pelo ar ao autom�vel se reduz. “O volume de ar que passa sob o autom�vel diminui. A aerodin�mica melhora. Um rebaixamento bem estudado pode tornar o ve�culo mais econ�mico. Para ter uma ideia, um carro com bagageiro pode consumir at� 10% mais combust�vel, por ter aumentado a �rea de contato com o vento”, diz Vimieiro.