Pais de alunos de uma turma do segundo ano do curso T�cnico de Mec�nica do Centro Federal de Educa��o Tecnol�gica (Cefet-MG), procuraram o Minist�rio P�blico Federal (MPF) pedindo uma interven��o no caso de um professor que reprovou 11 dos 34 alunos da turma nos �ltimos meses. Eles relatam que o profissional agiu com descaso e ainda houve ass�dio moral. Um procedimento de apura��o foi instaurado e a institui��o ter� 20 dias para se manifestar sobre o assunto.
A psic�loga Ilca Moreira Morais � m�e de um dos estudantes reprovados, de 16 anos. Ela explica que o professor, que n�o teve o nome divulgado, envolvido no caso d� aulas de Mec�nica T�cnica e Resist�ncia dos Materiais. “Desde agosto, que corresponderia ao segundo bimestre do ano (pois o Cefet ainda est� com o calend�rio modificado por conta da �ltima greve), os pr�prios alunos chamaram a coordena��o da Mec�nica para fazer algumas den�ncias sobre o professor, que era arbitr�rio, ele humilhava os alunos, era preconceituoso. � o que na modernidade � chamado de bullying. Fez muito ass�dio moral ao longo do ano com os alunos”, explica Ilca.
Segundo ela, ainda em agosto foi realizada uma reuni�o da qual participaram os alunos, o professor e a coordena��o pedag�gica. Na �poca, chamava aten��o o fato de que o �ndice de estudantes em recupera��o com esse professor era alto. “O professor n�o dava aula, n�o devolvia as provas, n�o corrigia os exerc�cios. Com o argumento de que a turma tinha cinco alunos muito indisciplinados, ele puniu. Ele chegou a nos falar que de fato n�o deu aula mesmo, que ele de fato usou o di�rio, que era a �nica arma que tinha, para poder controlar os meninos”.
A psic�loga tamb�m afirma que o professor respondia de forma grosseira os alunos que faziam perguntas na sala de aula. Com a amea�a de reprova��o dos estudantes, eles entraram com o recurso de revis�o de prova. No entanto, houve outra rea��o. “Quando ele soube, suspendeu o plano de recupera��o e depois tirou pontos de todos os outros alunos que pediram a revis�o de prova”. Os pais, ent�o, voltaram ao Cefet e procuraram a Diretoria de Ensino. Quase no final do per�odo, os alunos tiveram direito a uma monitoria espec�fica da disciplina e o profissional teria melhorado as aulas.
Na semana passada, o professor foi afastado do processo final e outros dois foram nomeados para elaborar a prova de recupera��o e corrigi-la, mas j� era tarde. “Dessa recupera��o, por informa��es de Facebook, soubemos que dos 22 da recupera��o, 11 tomaram bomba, numa situa��o muito at�pica. S�o alunos que n�o tomaram recupera��o em mais nada, que t�m um hist�rico muito bom”. A t�tulo de compara��o, Ilca explica que apenas dois alunos da outra turma do mesmo ano precisaram fazer recupera��o na mesma mat�ria, que � dada por outro professor.
As notas foram divulgadas nessa segunda-feira e o Cefet entrou em f�rias. As aulas ser�o retomadas no in�cio de abril. Pais e estudantes est�o apreensivos com a situa��o. “Os mecanismos do direito s�o fr�geis. Tentamos formalizar tudo, para mostrar seriedade do processo e a gravidade da situa��o. N�s nos sentimos muito desamparados”, lamenta Ilca.
A��o na justi�a
Em janeiro, os pais comunicaram a situa��o ao Minist�rio P�blico Federal (MPF).De acordo com o MPF, um procedimento foi instaurado pelo �rg�o ap�s o recebimento da den�ncia. O �rg�o ainda pediu ao Cefet mais informa��es sobre o ocorrido.
O Cefet informou, em nota, que a disciplina � considerada de n�vel dif�cil, o que tradicionalmente leva ao registro de �ndices de reprova��o considerados altos pela institui��o. Em rela��o a recupera��o final, a institui��o informou que foi elaborado um roteiro aos alunos em janeiro. Na prova, duas das quest�es foram exatamente iguais �s do trabalho. Conforme o documento, dos 22 alunos reprovados, alguns n�o conseguiram resolver as perguntas.
Em rela��o a den�ncia de ass�dio moral, o Cefet informou que ainda n�o come�ou a apura��o pois n�o recebeu nenhum pedido de processo, que teria de ser enviado pelos pr�prios alunos. Nesta ter�a-feira, a institui��o recebeu um pedido de esclarecimentos do Minist�rio P�blico Federal (MPF) e ter� de enviar a resposta em 20 dias.