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Estado de Minas

Internet vira espa�o de solidariedade e mobiliza��o chega para jovens de BH

Fam�lias das jovens Amanda, atropelada, e Danielle, com c�ncer, viram as hist�rias das meninas ganhar seguidores e recursos para os tratamentos


postado em 19/03/2014 06:00 / atualizado em 19/03/2014 07:34

Danielle e a mãe, Lucília, estão em São Paulo e depois seguem para os Estados Unidos, onde ela faz tratamento(foto: Marcos Vieira/EM/D.A Press)
Danielle e a m�e, Luc�lia, est�o em S�o Paulo e depois seguem para os Estados Unidos, onde ela faz tratamento (foto: Marcos Vieira/EM/D.A Press)

Esque�a os convites para jogos e posts engra�adinhos. Nada a ver tamb�m com os selfies de vaidade e gra�a, simplesmente. Menos ainda com as indiretas e os desabafos de umbigos e cotovelos. H� espa�o para tudo na grande plataforma das rela��es virtuais. At� para o bem. Cada vez mais, jovens cidad�os est�o abra�ando causas e espalhando amor na grande rede. Em Belo Horizonte, pelo menos duas hist�rias comoventes mobilizaram amigos, familiares e desconhecidos nos �ltimos meses e deram o que falar em comunidades nacionais. Os dramas de Danielle Pedrosa, de 16 anos, em tratamento de c�ncer raro no c�rebro, e Amanda Lima, de 17, atropelada na porta de casa, s�o exemplos de que, felizmente, h� vida solid�ria na era digital.

Os recortes de f�, solidariedade e mobiliza��o das duas belo-horizontinas se cruzaram nas redes sociais. Danielle, a Dani, � do Bairro Renascen�a, na Regi�o Nordeste. Amanda mora no Bairro Esplanada, na Regi�o Leste. A primeira, estudante do ensino m�dio, soube da doen�a grave – um tipo muito raro de tumor, conhecido como cordoma de clivus – em outubro. A salva��o s�o cirurgia e tratamento caro nos Estados Unidos, muito al�m dos recursos da fam�lia. Amanda, filha de S�rgio e Gisele, aprovada em vestibular para o curso de biomedicina, foi atropelada na porta de casa em 12 de novembro, �ltimo dia de aula. No Hospital de Pronto-Socorro Jo�o XXIII, acompanhantes ouviam dizer em 5% de chance de sobreviv�ncia.

Os amigos e familiares de Dani abra�aram a causa e deram in�cio � campanha de arrecada��o na internet pelos recursos para a radioterapia de pr�tons. Em 24 horas, o grupo registrava mais de 10 mil seguidores, com muitas doa��es pela sa�de da mo�a. Doadores como o pequeno Diogo Mesquita, que quebrou o cofrinho para doar R$ 221,60. Na cartinha, um ursinho de pel�cia, com curativo na cabe�a e term�metro na boca. Ao lado a mensagem em garrancho de quem est� aprendendo a escrever: “Fique boazinha logo”. A a��o do garoto do Col�gio Magnum Agostiniano comoveu e ajudou a agregar novos doadores. Na p�gina pela causa no Facebook, dezenas de compartilhamentos, coment�rios e 1,6 mil curtidas.

No Bairro de Lourdes, na Regi�o Centro-Sul, no Col�gio Imaculada Concei��o, estudantes, funcion�rios e professores se uniram por Amanda, em estado grave no HPS. Fabiana Monteiroo, de 26, “irm� de cora��o” da menina acidentada teve a vida ao avesso naquele 12 de novembro. Ela conta 60 liga��es perdidas no celular na noite do atropelamento. “Estava fazendo uma prova e com o celular no silencioso. Foi o tempo de ver as chamadas n�o atendidas e a bateria acabou. Quando liguei o computador soube da not�cia e corri para o hospital”, relembra. A psicopedagoga � amiga da fam�lia desde que Amanda, filha �nica, tinha tr�s anos.

RECURSOS

Fabiana � uma das lideran�as da grande corrente que se ergueu por Amanda. “No dia seguinte ao acidente, eram mais de 50 pessoas na porta do HPS em busca de not�cias”, relembra. A irm� diz que diariamente, nas semanas seguintes, havia, pelo menos, 20 amigos na porta do hospital. Enquanto isso, o movimento de aux�lio � fam�lia, de poucos recursos, crescia nas redes virtuais e no entorno da casa. Os taxistas do FoneT�xi Esplanada – vizinho da casa de Amanda –, se mobilizaram e est�o ajudando no transporte pelo tratamento.

No mural do Col�gio Imaculada, centenas de recados de carinho se juntaram � foto da aluna muito querida, rec�m-formada no ensino m�dio e aprovada em dois vestibulares. Mobiliza��o tamb�m por recursos para auxiliar a fam�lia no que fosse preciso para recupera��o. Atitude que n�o surpreende Eduardo Machado, de 60, coordenador de pastoral. “As pessoas s�o naturalmente boas”, considera.

Com 40 anos dedicados � educa��o, Eduardo entende que mobiliza��es assim, em casos como o da Danielle e o da Amanda, s�o muito importantes para as fam�lias e v�o al�m da arrecada��o de recursos. “A partir da aproxima��o, dessa acolhida das pessoas, vem o fortalecimento para lidar com a situa��o”, avalia. De acordo com o educador, as correntes do bem s�o silenciosas, n�o buscam a propaganda pela propaganda. “Os movimentos solid�rios s�o uma forma de resist�ncia de nossa desumaniza��o”, pontua.

Alunos do Colégio Imaculada Conceição se mobilizam para ajudar a estudante Amanda (detalhe), atropelada depois da aula(foto: Túlio Santos/EM/D.A Press)
Alunos do Col�gio Imaculada Concei��o se mobilizam para ajudar a estudante Amanda (detalhe), atropelada depois da aula (foto: T�lio Santos/EM/D.A Press)


RECUPERA��O

Maria Regina Henriques de Andrade Xavier, coordenadora pedag�gica da escola que viu crescer Amanda, se emociona ao falar da corrente que se formou em torno da recupera��o da garota. “A f� dos meninos, os valores, forma como eles se mobilizaram para ajudar a fam�lia foi muito tocante para todos n�s”, diz. Na internet, a comunidade For�a Amanda, a exemplo do que ocorre com Tratamento Dani Pedrosa, segue a arrebatar o carinho de seguidores e a aproximar desconhecidos.

No CTI do HPS, segundo os m�dicos, Amanda estava entrando em �bito de m�os dadas com o pai, S�rgio Lima. “Amanda! Amanda!”, ele suplicou. Foi quando a menina reagiu. Em dezembro, a estudante foi transferida para o Biocor e depois seguiu para tratamento no Hospital Sarah Kubitschek. Em casa, pouco a pouco, vence uma nova batalha por dia, recuperando movimentos e a alegria de viver. Para a felicidade de S�rgio, Gisele, Fabiana e a legi�o do bem que a cerca. O pai fala em “milagre da vida”. “� um ex�rcito que Deus mandou para nos ajudar. � bondade que eu conhecia s� de ouvir falar”, sorri.

Do outro lado da cidade, Danielle Pedrosa est� bem, recuperada da cirurgia realizada em S�o Paulo, em janeiro, para a retirada do tumor. Ela e a fam�lia, agora, aguardam para os pr�ximos dias a confirma��o da viagem para Boston, nos EUA – onde vai ocorrer a nova etapa do tratamento. “Toda sorte de paz, amor e sa�de!”, � o que ecoa nos murais do bem do planeta web pelas duas jovens guerreiras.

"As mobiliza��es de amor no mundo virtual chegam a quem precisa"

N�blia Soares Moreira Leite
Psicopedagoga cl�nica, especialista em psican�lise com crian�a e adolescente

“Conex�es in�meras s�o feitas atualmente no mundo virtual. Pessoas est�o se encontrando, reencontrando, numa busca vertiginosa de enxergar a si mesmas e ao outro. Contrariando avalia��es negativas sobre esse mundo virtual vejo uma corrente do amor muito real acontecendo dentro dele. Grupos de solidariedade surgindo a cada dia. Ver um movimento se formar em prol de si mesmo ou de outra pessoa nos leva de volta ao humano, �s conex�es positivas que podemos fazer dentro de n�s mesmos. Esse movimento nos cura de uma diversidade de doen�as da alma. De um lado ou do outro da tela do que chamamos virtual, estamos todos, sedentos de amor, solidariedade, compaix�o e aux�lio. Poder fazer algo por algu�m nos tr�s para dentro da nossa pr�pria capacidade de sermos bons e independe do lugar em que acontece. As mobiliza��es de amor no mundo virtual chegam a quem precisa como uma grande ciranda de rodas, como na inf�ncia, todos de m�os dadas. Resgatam a confian�a, a autoestima, o sorriso, enviando uma mensagem de uni�o e abra�o coletivo. Como na ciranda, as redes sociais podem abarcar todo tipo de diferen�as, necessidades e apoio.”

...corrente por Lais

At� a noite dessa ter�a-feira, a fam�lia da atleta Lais Souza j� havia arrecadado mais de R$ 75 mil durante a campanha lan�ada no Facebook usando a hashtag #EuapoioaLais. A p�gina na rede social com o nome dela recebeu quase 6 mil curtidas. Artistas e apresentadores de televis�o aparecem em campanha fazendo um L com os dedos. Lais tem duas ap�lices de seguro, do Comit� Ol�mpico Brasileiro e da Confedera��o Brasileira de Desportos de Neve, mas nenhuma cobre as despesas com o tratamento. Por isso, a fam�lia tenta os recursos por meio da campanha.


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