Quando chove forte em Belo Horizonte, � um drama para moradores da Rua Flor do �ndio, no Bairro Liberdade, e funcion�rios e passageiros do Aeroporto Carlos Drummond de Andrade, o da Pampulha. A �gua do C�rrego S�o Francisco, que corre a c�u aberto, sobe mais de tr�s metros e invade casas e o sagu�o de embarque de passageiros, onde o n�vel da �gua atingiu 40 cent�metros de altura no temporal do dia 2. Para tentar resolver o problema, a Superintend�ncia de Desenvolvimento da Capital (Sudecap) come�ou os trabalhos de implanta��o da Bacia de Deten��o do c�rrego, em um local distante tr�s quil�metros do aeroporto.
O projeto prev� a constru��o de uma bacia hidr�ulica (para armazenagem da �gua da chuva), uma barragem de concreto de 80 metros de comprimento por 5m de profundidade, com capacidade para 66 milh�es de litros de �gua – equivalente a 26 piscinas ol�mpicas – al�m de um vertedouro, onde hoje � a Rua Flor do �ndio. O esgoto sanit�rio jogado no c�rrego ser� drenado, conforme o projeto. A galeria existente ser� prolongada e ser� aberta uma rua ligando as ruas Antal Shoeber e Assis das Chagas.
Trinta e uma casas foram desapropriadas no Bairro Liberdade, mas fam�lias permanecem no local. � que 23 ainda n�o receberam o dinheiro da indeniza��o ou aguardam transfer�ncia para im�veis cedidos pela prefeitura. A obra � de R$ 11,3 milh�es e deve ficar pronta no primeiro semestre do ano que vem, segundo a prefeitura. A Companhia Urbanizadora e de Habita��o de Belo Horizonte (Urbel) informou que vai continuar negociando com os moradores para encontrar uma solu��o satisfat�ria para todos.
A obra � aguardada com expectativa pelos funcion�rios do aeroporto. O piloto de avi�o Bruno Greco conta que ficou assustado com a �ltima inunda��o. “Foram 40 cent�metros de �gua de um lado a outro do terminal e a �gua cobriu os assentos”, disse Bruno. Funcion�ria de livraria, Ana Carla Rodrigues, de 30, conta que a �gua encobriu os balc�es onde jornais e revistas ficam expostos e os m�veis foram levados pela enxurrada. “Eu consegui sair a tempo, mas a minha colega ficou presa dentro da livraria”, disse Ana. “Tive que subir em um arm�rio. A �gua era esgoto puro”, reclama a colega dela, Gisele C�ssia Silva, de 31. Funcion�rios de uma companhia a�rea tamb�m se protegeram subindo nos balc�es de atendimento.
PREJU�ZO Victor Hugo Silva Louren�o, de 26, trabalha num quiosque de produtos de Minas e conta que a �gua chegou � altura dos seus joelhos, dentro do aeroporto. “Perdemos v�rios produtos. Havia dejetos humanos, ratos e baratas na �gua”, disse Victor. Ele conta que a sua av� � dona do quiosque h� 20 anos e que o problema sempre existiu. A av� instalou a rede el�trica em um ponto mais alto da parede e a protegeu com canos de metal para evitar curto-circuito. “E se isso acontece na semifinal da Copa do Mundo em Belo Horizonte? Vai ser uma vergonha para todos n�s”, questiona o rapaz.
O faxineiro Luiz J�sus Machado, de 59, conta que os bombeiros usaram mangueira de inc�ndio para limpar o aeroporto. “Nunca vi tanta lama na vida. Os bombeiros iam com o jato de �gua e a gente atr�s puxando a lama com o rodo”, disse Luiz. Taxistas que trabalham em um ponto em frente ao aeroporto tamb�m est�o assustados. “Ningu�m se arrisca a ficar com o carro mais aqui quando come�a a chover forte”, disse Jos� Fane, de 60.
Na Rua Flor do �ndio, a situa��o � a mesma. A dona de casa Geni Batista da Cruz, de 50, conta que n�o consegue sair de casa quando o c�rrego transborda. “As casas ficam infestadas de ratos e baratas”, reclama outra moradora, Marcela Ros�rio, de 17. A situa��o da cozinheira Nely Vieira, de 31, est� resolvida. Ela recebeu um apartamento da prefeitura e deve se mudar em julho para um conjunto habitacional da Vila S�o Jos�, Regi�o Noroeste de BH.