
O aparecimento da fam�lia do menino W.R. de 10 anos encontrada com afundamento de cr�nio em um lote vago na Regi�o do Barreiro, em Belo Horizonte, n�o foi suficiente para esclarecer o mist�rio que envolve a viol�ncia praticada contra a crian�a. Nessa quinta-feira, a m�e do garoto, a faxineira I.R. de 37, e um filho dela, de 19, estiveram no Hospital de Pronto Socorro Jo�o XXIII e reconheceram a crian�a. Ela est� em coma e o estado de sa�de � grave. O reencontro dos parentes com o menor ocorreu uma semana depois de ele ter sido localizado ferido, na quarta-feira da semana passada. Informa��es preliminares repassadas pela m�e aos policiais civis n�o foram suficientes para que se chegasse � identidade do agressor. Depois de ter feito dilig�ncias no entorno do local onde W. foi encontrado, a pol�cia busca imagens que possam ajudar na apura��o do caso.
Acolhida pelo filho mais velho e com o olhos cheios de l�grimas, a m�e se explicou na porta do HPS sobre a demora em procurar a Delegacia de Desaparecidos, o que ocorreu somente anteontem. Segundo ela, a crian�a tem hist�rico de fugir de casa e passar dias fora. J� chegou a ficar sumido por mais de uma semana e em quatro ocasi�es foi recolhido por representantes do Conselho Tutelar Municipal e levado para abrigos da capital.
“Ele � agitado, comunicativo e alegre. Gosta de sair para andar, bagun�ar com colegas, pedir dinheiro na rua. Sempre fica nas imedia��es do supermercado Verdemar, na Avenida Nossa Senhora do Carmo (Sion), e tamb�m nas proximidades do Supermercado Extra e do BH Shopping, no Belvedere. Pegava �nibus e ia”, conta a mulher, que vive com W. e outro filho, de 13, na Vila Morro do Papagaio, Regi�o Centro-Sul. A m�e nega que W. tenha envolvimento com drogas ou com atos il�citos.
A faxineira disse que trabalha para sustentar a fam�lia e n�o pode acompanhar os filhos em hor�rio integral. “Em parte do dia, ele fica na escola. Em outra, fica com meu irm�o. Se eu n�o trabalhar e ainda fizer uns ‘bicos’, todo mundo passa fome”. Al�m do jovem de 19 anos e do adolescente de 13, a mulher tem uma filha de 22 anos. Os filhos mais velhos s�o de um primeiro relacionamento e vivem em outros endere�os na mesma vila. Os dois mais novos s�o filhos de outro pai, com quem a faxineira n�o tem mais rela��o afetiva.
COCHILO
A m�e conta na ter�a-feira, dia 15, chegou do trabalho, deu almo�o ao filho e cochilou. Quando acordou, a crian�a j� tinha sa�do. “Andei por ali por perto, perguntando, procurando por ele. Desde ent�o, tenho tentado encontr�-lo. Esses dias foram dolorosos.” A mulher diz que chegou a ouvir o notici�rio informando sobre o encontro de um menino v�tima de viol�ncia, mas afirmou que as caracter�sticas relatadas condiziam com as do filho. “At� ent�o, pensei que n�o era ele que estava l� (no Barreiro). Por isso, n�o procurei a pol�cia.” Ela diz que foi � delegacia na ter�a-feira, mas n�o p�de registrar a ocorr�ncia porque estava sem os documentos. No dia seguinte, quando retornou, foi orientada a ir ao pronto-socorro para checar se a crian�a internada era o filho. O reconhecimento, segundo a mulher, foi doloroso. “S� quem � m�e ou pai sabe o que estou passando.”
O delegado respons�vel pela investiga��o, J�lio Zica, da 2ª Delegacia do Barreiro, ouviu a faxineira ontem no HPS e diz n�o ter encontrado na m�e ind�cio de anormalidade ou problema mental. Informou ainda que a crian�a n�o tem passagens de apreens�o por ato infracional, como uso de droga ou furto. Para ajudar no esclarecimento do caso, o delegado disse que a an�lise da filmagens de c�meras de monitoramento n�o revelou nenhuma pista. “Ele pode ter pego um �nibus na Nossa Senhora do Carmo. Tudo est� sendo averiguado.” Segundo o policial, a suspeita de crime sexual est� descartada.