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Estado de Minas BENDITA HERAN�A

Mineiros com nomes de papas canonizados acreditam em heran�a bendita

Karol Wojtyla, de Conselheiro Lafaiete, acha que puxou o dom da comunica��o de Jo�o Paulo II. O belo-horizontino �ngelo Roncalli da Silva, hom�nimo de Jo�o XXIII, � religioso desde crian�a


postado em 27/04/2014 06:00 / atualizado em 27/04/2014 07:46

'Meus pais foram muito ousados e só tenho a agradecer pela ideia'. Karol Wojtyla de Vasconcelos(foto: Cristina Horta/EM/D.A Press)
'Meus pais foram muito ousados e s� tenho a agradecer pela ideia'. Karol Wojtyla de Vasconcelos (foto: Cristina Horta/EM/D.A Press)
Sobre a pia de pedra-sab�o do Santu�rio do Sagrado Cora��o de Jesus, no distrito de Miguel Burnier, em Ouro Preto, o padre molhou com �gua benta a cabe�a do beb�, caprichou na pron�ncia e proclamou: “Eu te batizo Karol Wojtyla de Vasconcelos”. Assim, em 1981, o casal Geraldo Magno e Marilsa de Freitas, pais da crian�a, homenageava o papa Jo�o Paulo II (1920-2005) – nascido Karol J�zef Wojtyla, em Wadowice, na Pol�nia –, que, no ano anterior, celebrara em Belo Horizonte missa para cerca de 1 milh�o de pessoas. Hoje com 32 anos, o t�cnico em mec�nica residente em Conselheiro Lafaiete, na Regi�o Central, guarda orgulho do seu nome. “Considero uma honra”, afirma Karol, que, a partir de hoje, ser� xar� n�o s� do pont�fice, mas tamb�m de um homem que se torna santo. Em Roma, o papa Francisco presidir� a cerim�nia de canoniza��o do polon�s e do italiano Jo�o XXIII (1881-1963), esse com um hom�nimo na capital. “A responsabilidade � maior, pois voc� tem que dar exemplo”, acredita piamente o oficial de Justi�a e estudante de direito �ngelo Roncalli Silva, de 44 anos, morador do Bairro Mangueiras, na Regi�o do Barreiro.


Na casa do Bairro Santo Agostinho, em Conselheiro Lafaiete, ao lado da mulher, Telma Guimar�es de S�o Jos� Vasconcelos, Karol esclarece um pequeno detalhe que faz a diferen�a. “No batizado, o padre Vicente Jacob pronunciou K�rol e n�o Kar�l. Por isso, o pessoal da minha fam�lia, amigos e companheiros do trabalho me chamam de K�rol”. A explica��o ganha todo sentido, pois, ao longo da vida, houve alguns contratempos que, se deixaram o mineiro meio constrangido, atualmente o divertem. “O pessoal de cart�o de cr�dito liga no celular e vai logo dizendo que queria falar com ‘a senhora’ Karol, pensando que � nome feminino. A� esclare�o.”

Pai de Ana Carolina, de 9, e de Ana Clara, de 4, Karol conta outros casos que denotam o lado curioso do nome. “Certa vez, participei de um curso t�cnico e havia 43 homens na sala de aula. Ao conferir a lista de chamada, um deles comentou em voz alta: ‘Gente! Vai chegar uma mulher’. De imediato, avisei que o certo era K�rol e dei o caso por encerrado”. Ouvindo a conversa, a bem-humorada Telma destaca o lado positivo da hist�ria. “Quando surge algum problema e meu marido est� presente, a gente sempre diz que o papa chegou para resolver. Na verdade, ter esse nome � uma b�n��o, pois ele � �timo marido e excelente pai.” E completa: “Se faltou o J�zef (Jos�, em polon�s) do papa, eu j� vim com meu sobrenome que � Guimar�es de S�o Jos�”.

Natural de Conselheiro Lafaiete e criado em Miguel Burnier, onde trabalha numa mineradora, Karol Wojtyla se diz muito cat�lico e destaca que o nome de batismo ganhou for�a depois da morte de Jo�o Paulo II, quando j� estava casado com Telma. “At� ent�o, quase ningu�m sabia que ele se chamava assim. Passaram a falar meu nome com a boca boa. Meus pais foram muito ousados e s� tenho a agradecer pela ideia. Querendo ou n�o, as pessoas me viram com outros olhos, embora, na inf�ncia, eu ficasse meio encabulado”, diz o ca�ula da fam�lia e irm�o de tr�s mulheres.

Ao longo da vida, o t�cnico em mec�nica tem pesquisado sobre a trajet�ria de Jo�o Paulo II, viu que ele falava v�rios idiomas, viajou mundo afora e se aproximou de outras religi�es. E voc�s teriam algum ponto em comum?, vem a pergunta. Com simplicidade, o brasileiro Karol responde que n�o tem a pretens�o de ter semelhan�as com o papa. “Pensando bem, tenho facilidade para me comunicar, a exemplo dele”, confessa um minuto depois.

'Foi um nome escolhido com respeito... É bem marcante', Ângelo Roncalli Silva(foto: Cristina Horta/EM/D.A Press)
'Foi um nome escolhido com respeito... � bem marcante', �ngelo Roncalli Silva (foto: Cristina Horta/EM/D.A Press)
F� EM DEUS

O oficial de Justi�a �ngelo Roncalli Silva, pai de Tamara, de 23, e T�lio, de 18, � um homem de f� em Deus e Nossa Senhora Aparecida. Belo-horizontino e morador do Bairro Mangueiras, ele gosta de rezar o ter�o ao lado da mulher, M�rcia Maria Barbosa, com quem est� casado h� quatro anos. “Sempre admirei o nome escolhido por tia Laudelina e prontamente aceito pelos meus pais Jos� Jer�nimo da Silva e Marli Freitas Silva”, diz �ngelo, nascido quase seis anos depois da morte de Angelo Giuseppe Roncalli, que se tornar� S�o Jo�o XXIII. A falta do Giuseppe (Jos�, portugu�s) n�o causa problema, afirma M�rcia: “O pai dele e meu sogro se chamam Jos� e tenho tr�s irm�os com Jos� no nome composto”.

Primog�nito de uma fam�lia de quatro filhos, �ngelo soube da import�ncia do nome aos 6 anos. Estudava na unidade do Servi�o Social da Ind�stria (Sesi/Fiemg) no Vale do Jatob�, dirigida por freiras, e todos os dias, ao voltar para casa, era convidado pela irm� Lisieux a rezar o ter�o numa gruta dedicada a Nossa Senhora. “Ela dizia: ‘Voc� tem nome de papa, tem de dar exemplo’. Ent�o, mudava de rumo e a acompanhava na ora��o”, recorda-se. Foi a partir da� que a m�e lhe explicou a raz�o do nome. Estava sem ideia para o registro do primeiro filho e acolheu a sugest�o da cunhada.

 Nos 44 anos de vida, �ngelo revela nunca ter ficado constrangido com o seu nome. “Felizmente, ningu�m nunca me chamou de Jo�o XXIII”, brinca o oficial de Justi�a, que, al�m do Hospital de Pronto-Socorro de Belo Horizonte, j� viu uma pra�a com o nome do “papa bom”, como foi apelidado o l�der dos cat�licos entre 1958 e 1963, que convocou o Conc�lio Vaticano II (1962-1965). “Foi um nome escolhido com respeito. Durante muito tempo pensei at� que meu filho pudesse estudar para ser padre, mas, ao contr�rio, se casou pela primeira vez aos 21 anos”, conta a m�e, que tamb�m mora no Bairro Mangueiras.

No quarto, �ngelo mostra o chaveiro do carro, vidro de �gua benta, a pequena escultura sacra e uma vela com a imagem da padroeira do Brasil. “Visitamos Aparecida (SP) e planejamos ir a Roma em 2015”, afirma olhando, c�mplice, para a mulher. O xar� de Jo�o XXIII est� certo de que o nome lhe trouxe sorte. “� bem marcante.” Hoje, a fam�lia ver� na TV a cerim�nia de canoniza��o no Vaticano. E qual gra�a voc� gostaria de pedir ao novo santo? “Que meus filhos tenham um bom caminho, e os brasileiros um bom governo”.


Mem�ria

Vidas de santidade


Em 5 de julho de 2013, o papa Francisco aprovou o decreto sobre o reconhecimento de um segundo milagre por intercess�o de Jo�o Paulo II e abriu caminho para a canoniza��o de Jo�o XXIII, embora sem o segundo milagre.  O porta-voz, reverendo Federico Lombardi, confirmou que o milagre que levou Jo�o Paulo II ao caminho da santidade foi recebido por uma mulher da Costa Rica. Floribeth Mora teve aneurisma cerebral inexplicavelmente curado em 1º de maio de 2011, depois que a fam�lia  rezou para Jo�o Paulo II. A decis�o do papa de canonizar Jo�o XXIII sem registro de milagre, algo n�o muito frequente, � prerrogativa do chefe da Igreja, segundo normas do Vaticano. "Todos conhecemos as virtudes e a personalidade do papa Roncalli e n�o � necess�rio explicar as raz�es pelas quais alcan�a a gl�ria dos altares", afirmou Lombardi. Jo�o Paulo II foi beatificado depois de provado um primeiro milagre com a assinatura do papa em�rito Bento XVI: a cura da freira francesa Marie Simon Pierre, que padecia, desde 2001, do mal de Parkinson. Jo�o XXIII foi beatificado por Jo�o Paulo II em setembro de 2000 –o milagre aprovado para sua beatifica��o foi a cura da irm� Caterina Capitani, em 1966.


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