
A hist�ria come�ou a ser desvendada em setembro do ano passado, quando Jos� Ricarte se desentendeu com a esposa, que acionou a Pol�cia Militar (PM). Quando chegaram na resid�ncia do casal, em Contagem, os policiais pediram os documentos de Jos� Ricarte e verificaram pelo computador que ele seria um foragido da Justi�a, tendo um mandado de pris�o em aberto por assalto. A informa��o causou surpresa a Jos� Ricarte, que jurou inoc�ncia perante os militares, mas foi conduzido para o Centro de Remanejamento de Presos (Ceresp), em Contagem, onde est� preso at� hoje.
A fam�lia entrou em contato com o advogado Dino Miraglia e o criminalista descobriu que Jos� Ricarte perdeu uma certid�o de nascimento quando era adolescente, no Cear�. Desde ent�o, um aproveitador passou a usar o nome dele para emiss�o de documentos, inclusive adquiriu certificado de reservista do Ex�rcito com a identidade fraudada.
O bandido foi preso por determina��o da 31ª Vara Criminal de S�o Paulo e enviado para o Pres�dio de Itirapina, onde cumpriu o per�odo de regime fechado at� conseguir chegar ao semiaberto. Quando recebeu o benef�cio de sa�da tempor�ria, o bandido n�o voltou mais para a cadeia, ficando o nome Jos� Ricarte marcado como foragido. Em setembro, quando os policiais abordaram o verdadeiro Jos� Ricarte, na Grande BH, j� constava a informa��o de fuga.
PASSOS Miraglia entrou em contato com o F�rum de Rio Claro para tentar captar dados de identifica��o do bandido. Ele foi aconselhado a procurar o diretor do pres�dio de Itirapina e solicitar dados do homem que esteve albergado na unidade prisional. Miraglia conseguiu que a dire��o enviasse a ele, por e-mail, c�pias de exames datilosc�picos (impress�es digitais) do detento foragido e fotos da matr�cula do preso, que mostram duas tatuagens, uma na perna e outra no bra�o.
O advogado mostrou os documentos aos agentes penitenci�rios e seis testemunharam o momento em que o preso foi obrigado a tirar a roupa e provar que n�o tem tatuagens. A foto do bandido tamb�m foi comparada com o rosto do verdadeiro Jos� Ricarte. O cliente de Miraglia identificou o homem da foto, revelando que era um colega do Cear�, com quem conviveu na adolesc�ncia. Ele teria se aproveitado na �poca para pegar a certid�o de nascimento e viver clandestinamente com o nome do outro. A verdadeira identifica��o do bandido ainda � desconhecida, nem mesmo Jos� Ricarte se lembrava do nome dele. Quando a certid�o sumiu, o rapaz n�o registrou boletim de ocorr�ncia.
Miraglia procurou o juiz da Vara de Execu��es Penais de Contagem para expor a situa��o. O magistrado considerou que n�o havia provas documentais que o induzissem a soltar Jos� Ricarte e sugeriu ao advogado conseguir com o Instituto de Criminal�stica de S�o Paulo os exames datilosc�picos originais. Enquanto isso, o homem continua preso.
De acordo com o Tribunal de Justi�a de Minas Gerais (TJMG), o juiz da Vara de Execu��es Penais colheu as digitais de Jos� Ricarte e enviou para o Pres�dio Itirapina. Os documentos foram entregues em fevereiro para que os dados sejam confrontados, por�m, ainda n�o houve resposta. O magistrado informou que j� reiterou o pedido.