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Estado de Minas

Falsifica��es de esculturas de Aleijadinho s�o frequentes e aparecem at� em cat�logos

No ano do bicenten�rio da morte do mestre, especialistas denunciam falsifica��es at� em mostras oficiais. comit� liderado pelo Iphan estabelecer� com testes paternidade de obras


postado em 04/05/2014 00:12 / atualizado em 04/05/2014 07:00

Gustavo Werneck

Elias Layon e o catálogo com peças cuja autoria ele reivindica, mas que são atribuídas ao gênio do barroco (foto: Jair Amaral/EM/D.A Press.)
Elias Layon e o cat�logo com pe�as cuja autoria ele reivindica, mas que s�o atribu�das ao g�nio do barroco (foto: Jair Amaral/EM/D.A Press.)

Mariana – O ano de 2014 marca o bicenten�rio da morte de Antonio Francisco Lisboa, o Aleijadinho (1738-1814), e acende o sinal vermelho para falsifica��es de obras do mestre do barroco nascido em Ouro Preto. Segundo den�ncias, h� imagens em exposi��o que n�o passam de c�pias, venda de objetos sacros “envelhecidos” como se fossem dos s�culos 18 e 19, autentica��es de autoria  sem respaldo t�cnico e at� presen�a, em livros, de pe�as da lavra de artistas contempor�neos creditadas ao arquiteto, entalhador e escultor mineiro. Autoridades federais e o Minist�rio P�blico de Minas est�o vigilantes e alertam para o que, al�m de um esc�ndalo cultural, pode ser enquadrado como estelionato. Uma comiss�o nacional deve ser formada para examinar a autentuicidade de  pe�as atribu�das ao g�nio. Em Mariana, na Regi�o Central do estado, a situa��o deixa indignado o artista pl�stico Elias Layon, com 50 anos de experi�ncia e dono de ateli� no Centro Hist�rico. “� um absurdo, uma desmoraliza��o ao patrono das artes no Brasil.”

O motivo da irrita��o do artista, conhecido como “pintor das brumas”, est� em duas p�ginas de O Aleijadinho – Cat�logo geral da obra/Invent�rio das cole��es p�blicas e particulares, de autoria de M�rcio Jardim, Herbert Sardinha Pinto e Marcelo Coimbra, com quase 500 pe�as fotografadas e descri��es detalhadas. Layon se declara autor de S�o Joaquim, de 23 cent�metros de altura e esculpido em madeira – o original de Antonio Francisco Lisboa se encontra no Museu Arquidiocesano de Arte Sacra de Mariana – e de Nossa Senhora da Expecta��o, de 22cm, tamb�m em madeira. A rel�quia verdadeira � fruto da oficina de Aleijadinho, e n�o propriamente do mestre. Curiosamente, as duas pe�as originais, em que o escultor diz ter se inspirado, tamb�m est�o publicadas no cat�logo.

“Aleijadinho n�o merece tal afronta, nem eu mere�o semelhante gl�ria. Esculpi as duas imagens na d�cada de 1980 e as vendi, explicando que eram c�pias. Para minha surpresa, vi no livro que rasparam meu nome, mudaram a policromia e ainda amputaram o bra�o direito de S�o Joaquim”, conta o artista, que aponta, na foto do livro, um pino na madeira caracter�stico de seu trabalho.

O epis�dio motivou uma “carta-desabafo” encaminhada por ele � ministra da Cultura, Marta Suplicy, pedindo provid�ncias sobre as falsifica��es, e outra a M�rcio Jardim. Na sequ�ncia, Layon diz ter sido contatado pelo minist�rio e recebido correspond�ncia de Jardim. Na semana passada, houve suspeita de que as duas pe�as integrassem mostra no espa�o cultural da Caixa Econ�mica Federal em Bras�lia, mas t�cnicos do Instituto do Patrim�nio Hist�rico e Art�stico Nacional (Iphan) estiveram no local e nada constataram.

Ao olhar cuidadosamente o cat�logo, Layon, que faz um trabalho no estilo neobarroco e pesquisa a obra de Aleijadinho h� d�cadas, diz ter verificado que h� mais de 200 pe�as que nunca passaram pelas m�os do g�nio do barroco ou pela oficina dele em Ouro Preto. E acrescenta que vai enviar correspond�ncia a outros autores de livros igualmente dedicados a Antonio Francisco Lisboa, informando sobre equ�vocos nas atribui��es – termo que define estudos indicando a autoria da pe�a, com base nas caracter�sticas, estilo etc., adotados quando n�o h� provas documentais da origem da obra.

Diante do problema, que pode se agravar agora que o nome de Aleijadinho est� mais do que nunca em evid�ncia, Layon defende a cria��o de uma comiss�o nacional de especialistas para atestar a autenticidade das pe�as. A provid�ncia j� foi anunciada pelo Iphan e deve ser adotada ainda este ano.

CONTROV�RSIA Na carta em resposta aos questionamentos de Layon, M�rcio Jardim escreveu: “Respeito sua opini�o, mas n�o concordo com ela, como � natural. A sua d�vida, especialmente quanto � autoria do Aleijadinho, � a mesma que venho encontrando h� mais de 30 anos, desde que comecei a procurar as cole��es particulares, coisa que ningu�m fez antes de mim, isso em 1981. (...) At� hoje, nenhum outro pesquisador teve tamb�m a coragem e disposi��o para viajar e v�-las pessoalmente. N�o estranho suas d�vidas; v�rias pessoas t�m me apresentado as mesmas opini�es, algumas com incr�vel viol�ncia, acredite”, diz um trecho do texto. “Desde j�, apoio incondicionalmente sua ideia de se criar uma comiss�o nacional , organizada pelo Iphan, com a participa��o do Iepha-MG e outras institui��es, para se fazer a rela��o oficial, o que, ali�s, j� foi feito pelo Iphan em 1951”. O Estado de Minas tentou por diversas vezes contato com M�rcio Jardim, por telefone, sem sucesso.


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