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Estado de Minas

Avan�o de smartphones, tablets e games leva escolas a repensar ensino

Desafio � frear abusos, que isolam alunos e pioram o rendimento, sem deixar de aproveitar benef�cios da tecnologia


postado em 26/05/2014 06:00 / atualizado em 26/05/2014 07:40

Alunos do colégio Santa Dorotéia foram desafiados pela escola a passar 70 horas sem acesso à web: muitos conseguiram(foto: Beto Novaes/EM/DA Press)
Alunos do col�gio Santa Dorot�ia foram desafiados pela escola a passar 70 horas sem acesso � web: muitos conseguiram (foto: Beto Novaes/EM/DA Press)


Inevit�veis telas de diversos tipos e tamanhos invadiram de vez ambientes antes sagrados, como o almo�o em fam�lia, a mesa dos restaurantes, a antessala de consult�rios terap�uticos e at� mesmo o p�tio das escolas. Embora a maioria das institui��es de ensino pro�ba ligar os aparelhos em sala de aula, na pr�tica h� alunos que driblam as regras, o que tem obrigado col�gios a repensar a pr�pria maneira de ensinar. O impacto de novas tecnologias sobre a educa��o � o tema da segunda reportagem de s�rie do Estado de Minas sobre o uso crescente de tablets, smartphones com acesso � internet e videogames por parte de jovens. Ontem, o EM mostrou como o uso exagerado desses dispositivos desconecta muitas crian�as e adolescentes do conv�vio social e familiar, em alguns casos com consequ�ncias ruins para a sa�de.


O uso de aparelhos com acesso a redes sociais est� transformando a maneira como estudantes se relacionam com o ensino. Em um bate-papo descontra�do no Col�gio Santa Dorot�ia, os estudantes revelam, entre outras coisas, que usam o celular para tirar foto da mat�ria escrita na lousa, em vez de copiar no caderno. Em v�spera de provas, tiram d�vidas por meio do grupo criado na rede social WhatsApp e chegam a trocar entre si as respostas do dever de casa, como forma de economizar tempo. Um dos alunos mais brilhantes do Santa Dorot�ia, Gabriel Brant, de 12 anos, contou ter gravado um v�deo dele pr�prio, em que dava as solu��es das quest�es mais dif�ceis de um trabalho.

“Era um trabalho valendo pontos para entregar na segunda-feira. Na sexta-feira, os colegas j� come�aram a enviar mensagens, desesperados. Para facilitar, gravei um �udio com a revis�o da mat�ria e distribu� para todo mundo”, relata ele, que j� virou a noite fazendo o dever de casa “comunit�rio”, na companhia dos colegas, interligados em rede pelo computador. Para adquirir conhecimento, Gabriel afirma que presta aten��o nas aulas, faz todos os deveres de casa e estuda todos os dias – n�o apenas no per�odo de provas. “Nossos alunos j� nasceram cibern�ticos. N�o tem como eliminar os aparelhos, cabe � escola o papel de orientar sobre o uso. O �udio gravado pelo estudante � um exemplo do uso da internet para o bem”, afirma a psic�loga Luciana Castro, orientadora educacional da 8ª s�rie do Santa Dorot�ia, que re�ne alunos de 12 e 13 anos, no auge da adolesc�ncia.

(foto: Beto Novaes/EM/D.A Press)
(foto: Beto Novaes/EM/D.A Press)
Limites
Para tentar controlar o impacto da vida virtual na escola e na fam�lia e evitar exageros, Luciana Castro e outros professores conceberam o projeto “70 horas sem web”, que recebeu a ades�o espont�nea de cerca de 40% dos alunos. “Se n�o cuidamos, perdemos a conviv�ncia com nossos filhos que, mergulhados na web, se esquivam do contato real e das rela��es”, dizia a carta distribu�da para as fam�lias, convocando a desligar os computadores em maio, na v�spera do Dia das M�es. No texto, escrito pelo professor de filosofia Jean Sidcley �lvares Teixeira, os pais foram convidados a voltar a encantar os filhos com o mundo real.

Al�m de desafiar os estudantes a boicotar temporariamente os aparelhos, o col�gio promoveu debates com os pais. Ofereceu tamb�m uma palestra com um perito criminal, que analisou com a turma as implica��es de postar v�deos e fotos na internet. “As queixas s�o frequentes. Recebo m�es descabeladas com os filhos de 12, 13 anos, que apresentam queda acentuada de rendimento. Os meninos viram a noite jogando e chegam sonolentos no dia seguinte. Dormem em sala de aula”, diz a coordenadora.

A farmac�utica Ana Maria Brant, m�e de Gabriel e de outros dois jovens de 15 e 17 anos, comemorou a iniciativa da escola. “Almo�o todos os dias com meus filhos e exijo que os celulares estejam desligados na mesa. Na hora de dormir, por volta de 22h, dou o aviso de que vou desconectar a banda larga da internet. A negocia��o em rela��o aos joguinhos � cansativa e di�ria. Mas n�o podemos desistir, pelo bem deles”, afirma a m�e, zelosa.

Em outros col�gios de Belo Horizonte, como o Santo Ant�nio e o Izabela Hendrix, palestras e debates sobre os efeitos das tecnologias s�o incorporados no cotidiano das disciplinas. Este ano, o cyberbullying est� em discuss�o na 6ª s�rie do Santo Ant�nio, que estuda a hist�ria do bullying, a figura do agressor e as formas de preven��o da chacota na internet. No Izabela Hendrix, o professor Filipe Freitas, doutorando de Comunica��o Social na UFMG, deu palestra sobre os riscos da viol�ncia desencadeada pelos jogos. Ele defende que em vez de combater os games, os pais se sentem ao lado dos filhos no computador, ajudando a escolher games mais educativos. “H� jogos com propostas interessantes, como o Kerbal Space Program, de um designer brasileiro, que ensina a simular programas espaciais, exigindo no��es de astronomia e f�sica dos usu�rios. S�o jogos interativos, que permitem criar comunidades de amigos”, diz.

D� para ficar 70 sem horas sem internet?

Veja como reagiram alguns alunos do Santa Dorot�ia ao desafio de ficar longe da internet por quase tr�s dias

Luta contra o “t�dio”

Os irm�os Sofia e �lvaro, de 15 anos e 12 anos, completaram o desafio das 70 horas sem web, do Santa Dorot�ia, com alguma facilidade. Por ser Dia das M�es, a fam�lia seguiu para a casa da av� no interior mineiro, onde n�o h� conex�o com a internet. “L� s� tem umas galinhas e � um t�dio enorme”, descreve �lvaro, que costuma tirar gratuitamente d�vidas sobre inform�tica dos vizinhos do pr�dio onde mora. Para a irm� dele, Sofia, a tarefa foi mais f�cil. “Tenho muitas mat�rias para estudar e n�o tenho mais tanto tempo para ficar no computador. A partir do desafio, descobri que foi agrad�vel conversar por um tempo maior com meu irm�o”, diz.

Por uma foto do �dolo


Maria J�lia Castro, de 13 anos, apenas a mais nova, n�o conseguiu passar dois dias e meio sem acessar a internet. Ela capitulou no �ltimo minuto, pois n�o resistiu em acessar as fotos postadas pelas colegas que tinham ido ao show do One Direction em BH. A banda � formada pelos atuais �dolos das garotas. Apesar de considerar um supl�cio, o colega Gabriel Brant, de 12 anos, chegou at� o fim no desafio. “Para me ajudar, apaguei todos os aplicativos do celular. Mesmo desligado, andava de um lado para o outro com o aparelho na m�o”, conta o garoto. “Foi bom ficar sem internet. Aproveitei para relaxar e dormi bastante”, completa.


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