
O professor aposentado do Departamento de Engenharia Eletr�nica da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) F�bio Gon�alves Jota alerta: “O excesso de consumo vem da falta de conhecimento das pessoas do quanto elas desperdi�am de energia no dia a dia”. Ele ressalta que equipamentos eletr�nicos ligados em tempo integral podem ter mais impacto na conta que um chuveiro – ao lado do ar-condicionado e da geladeira, � o aparelho que mais consome energia.
Assim, a luzinha vermelha que, aparentemente, indica aparelho desligado, pode ter efeito devastador. “O chuveiro � usado em intervalos menores. Uma casa pode ter dezenas de equipamentos ligados em stand-by e todos eles somados podem representar uma surpresa no fim do m�s”, afirma. Dados da Companhia Energ�tica de Minas Gerais (Cemig) mostram que, atualmente, o desperd�cio de energia no Brasil � de aproximadamente 20%. Apenas desligar os aparelhos da tomada, por exemplo, representa uma economia de mesmo percentual.
A nova tecnologia, o Sistema Integrado de Gerenciamento Automatizado (Siga), criado por equipes da UFMG e do Centro Federal de Educa��o Tecnol�gica de Minas Gerais (Cefet-MG), vai permitir, numa casa ou numa empresa, saber com exatid�o a origem do consumo. Ela chegar� ao mercado nos pr�ximos meses para ser comercializada. Sensores que atuam como medidores de energia s�o instalados em v�rios circuitos nas edifica��es (como elevadores e ou ilumina��o) e nos quadros de energia de uma casa.
Eles enviam as medidas para um banco de dados e, pela internet, o consumidor acompanha como est� o gasto, por hora, dia ou m�s, podendo comparar com datas anteriores. Ser� poss�vel, inclusive, fazer previs�o do valor da conta de eletricidade. Sinais verdes e vermelhos instalados individualmente nos aparelhos indicar�o, ao longo do dia ou do m�s, a rela��o entre a realidade e a meta estabelecida. O Siga permitir� ainda o controle inteligente da casa – ligar e desligar aparelhos mesmo sem estar no im�vel.
Atitudes simples Mas, com ou sem tecnologia, atitudes simples ajudam a reduzir, e muito, o consumo de energia. O orquidicultor Nilton C�sar Pires, de 42 anos, decidiu eliminar, em 2009, o uso do chuveiro el�trico e, para isso, optou pelo aquecedor solar. Hoje, 80% dos banhos da fam�lia n�o dependem de energia el�trica. “Quanto menos energia, menos recurso natural usaremos. Ele est� escasso e corremos s�rio risco de ficar sem �gua e, consequentemente, sem energia”, relata Nilton. “Fizemos essa op��o visando tamb�m a economia financeira e o conforto. Se tiver sol, tem �gua quente, no frio ou no calor”, acrescenta. Nilton diz ainda que a mudan�a em casa representou economia de cerca de 30% a 40% na conta de luz, cujo valor, hoje, gira em torno de R$ 100.
Todas as l�mpadas da casa, no condom�nio Vale do Sol, em Nova Lima, na Regi�o Metropolitana de Belo Horizonte, tamb�m foram trocadas pelos modelos fluorescentes. At� o carro entrou na onda da redu��o de energia, j� que a gasolina foi substitu�da por g�s natural. Uma caixa com capacidade para 12 mil litros serve como reservat�rio de �gua de chuva, usada para lavar plantas, carro e fazer a limpeza da casa. “Numa emerg�ncia, se faltar �gua na rua, d� at� para lavar roupa ou tomar banho”, conta. “S�o coisas simples de fazer. Aquecedor ou reservat�rio demanda um gasto, que em pouco tempo � reembolsado pelo que se deixa de pagar na conta”, afirma.
H�bitos
Economia e contribui��o ao meio ambiente foram os motivadores de mudan�as de atitude tamb�m em empresas. Desde o ano passado, o escrit�rio de uma construtora investe na redu��o de energia, �gua e consumo de materiais. O come�o das a��es foi o mais simples poss�vel: apagar a luz quando sair da sala. E deu certo. A meta de economizar 6% do total da conta de luz foi logo alcan�ada.
Coordenadora de recursos humanos da Somattos, Raquel Cardozo dos Santos conta que a “moda” pegou entre os funcion�rios. A diminui��o alcan�ou at� mesmo a quantidade de papel toalha usado para secar as m�os e de papel na impressora. “Isso vira um h�bito, se torna parte da cultura da empresa. A inten��o � propagar, levando essa campanha tamb�m para as obras”, diz.