Mais de 50% dos motoristas e cobradores de �nibus de Belo Horizonte, Contagem e Betim j� foram v�timas de agress�o no trabalho nos �ltimos 12 meses, segundo uma pesquisa realizada pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). O levantamento completo foi divulgado nesta quinta-feira durante o Semin�rio Condi��es de Sa�de e Trabalho dos Motoristas e Cobradores do Transporte Coletivo, que aconteceu na sede do Minist�rio Publico do Trabalho em Minas Gerais (MPT). Nesta tarde, a discuss�o contou com a participa��o de representantes da BHTrans, Departamento de Estradas de Rodagem (DER-MG), TransBetim, al�m dos sindicatos que representam os trabalhadores.
A publica��o de 148 p�ginas traz um retrato das condi��es de trabalho e sa�de dos motoristas e cobradores, que tem o cotidiano marcado pelo estresse causado pelo tr�nsito, acidentes, estado de conserva��o da pista, a press�o dos passageiros e a responsabilidade de garantir a seguran�a dos mesmos.
De acordo com uma pesquisa interna do Sindicato dos Trabalhadores em Transporte Rodovi�rios de Belo Horizonte (STTR-BH), realizada em 2013, entre 23% e 26% dos trabalhadores foram afastados por quest�es de sa�de. Cerca de 30% dos motoristas e cobradores relataram na pesquisa da UFMG tr�s ou mais doen�as com diagn�stico confirmado por um m�dico. Entre os problemas est�o a perda de audi��o, dores lombares e gastrite.
A pesquisa mostra que, al�m de conviver com o tr�nsito ruim ou muito ruim (90%), quase metade dos motoristas e 58% dos cobradores informaram sobre a seguran�a pessoal amea�ada no trabalho.
Atuando h� quase uma d�cada no transporte p�blico da capital, um cobrador que n�o quis se identificar disse ter desenvolvido uma anemia por conta das longas horas sem fazer refei��es. Ele foi afastado h� tr�s anos e j� voltou ao trabalho. O profissional disse ter perdido a conta de quantas vezes foi assaltado. “J� meteram o rev�lver na minha cara”, diz. O �ltimo crime do qual foi v�tima aconteceu nesta semana.
Al�m dos criminosos, os motoristas e cobradores costumam ser v�timas de agress�es dos pr�prios passageiros. Conforme o levantamento da UFMG, mais da metade dos trabalhadores, 53% dos motoristas e 57% dos cobradores disse ter vivenciado agress�o ou amea�a no �ltimo ano, sendo que os passageiros foram respons�veis por 87% das situa��es.
“A organiza��o da produ��o dos servi�os n�o tem oferecido �s cidades as frotas e as linhas na quantidade necess�ria para a demanda dos passageiros. Ent�o os passageiros, insatisfeitos com essa oferta, eles tendem a manifestar suas queixas diretamente aos primeiros atores e agentes que eles encontram pela frente, que s�o os motoristas e os cobradores. N�o entendemos isso como um problema de comportamento dos passageiros, mas entendemos isso enquanto uma insufici�ncia ou uma defici�ncia na l�gica da presta��o dos servi�os de transporte urbano”, explica a professora da UFMG e coordenadora da pesquisa, Ada �vila Assun��o.
O procurador do Minist�rio P�blico do Trabalho em Minas, Ant�nio Carlos Pereira, disse que os dados da pesquisa chamaram a aten��o, principalmente no que se refere � viol�ncia no trabalho. “O Minist�rio P�blico recebeu o resultado da pesquisa com preocupa��es. Porque a pesquisa aponta diversas condi��es de trabalho que est�o desajustadas”, afirma. “N�s pretendemos fazer a jun��o com os sindicatos patronais, dos trabalhadores, com o Minist�rio do Trabalho e Emprego (MTE) e outras institui��es que tem por atribui��o cuidar dessa quest�o do mundo do trabalho no sentido de buscar, coletivamente, a uni�o e a discuss�o desse ponto a fim de buscar solu��es”. Ele ressalta que o estudo vai subsidiar futuras discuss�es para cobran�a do cumprimento das condi��es de trabalho pelas empresas de �nibus. Segundo Pereira, a partir de julho, o MTE vai realizar visitas em alguns locais de trabalho para verificar as condi��es sanit�rias e de conforto dos trabalhadores.