
Turistas que chegaram a Belo Horizonte para a Copa do Mundo se encantaram com o conjunto arquitet�nico da Pampulha, um dos mais belos cart�es-postais da cidade. Na tarde de ontem, chilenos e colombianos conheceram a regi�o, marco da modernidade no Brasil projetado por Oscar Niemeyer (1907-2012), que antecedeu a constru��o de Bras�lia. Eles fotografaram a Igreja de S�o Francisco de Assis, visitaram a casa onde o presidente Juscelino Kubitscheck (1902-1994) costumava passar os fins de semana quando era prefeito, viram o p�r do sol da varanda da Casa do Baile e conheceram os jardins de Burle Marx (1909-1994), no Museu de Arte da Pampulha (MAP).
V�rias outras atra��es levaram visitantes estrangeiros � regi�o, como o aqu�rio da Funda��o Zoo-Bot�nica, onde conhecem um pouco das belezas e mist�rios do rio da unidade nacional, o S�o Francisco. S�o 22 tanques com at� 450 mil litros de �gua com algumas das 180 esp�cies de peixes nativos do Velho Chico, cuja nascente fica em Minas.
A orla da lagoa ainda oferece vasta programa��o cultural. O MAP, a Casa do Baile e Casa Kubitschek ter�o exposi��es de arte durante toda a Copa e fechar�o as portas somente nos hor�rios dos jogos.
O casal colombiano Manoel Alvarez, comerciante, de 50 anos, e Dora Stella Orozco, arquiteta, de 27, disse que a Lagoa da Pampulha � t�o bonita como nas fotografias. “� tudo muito bonito. Mas n�o vejo a hora de comer p�o de queijo e tomar cacha�a”, disse Manoel. Mas o que mais cativou a arquiteta foi a receptividade dos mineiros. “S�o muito hospitaleiros com a gente”, afirmou.
Manoel reclamou, no entanto, de pre�os de alguns servi�os. O casal, que est� hospedado em um hostel para economizar, contratou um taxista para rodar pela Pampulha (R$ 200) e tamb�m um guia tur�stico particular (R$ 100). Para matar a sede, tomaram �gua de coco a R$ 5. “Os turistas buscam muito a Pampulha pelas obras arquitet�nicas do Niemeyer”, informou o guia tur�stico Oderval J�nior, de 35.
MODERNISMO No Museu Casa Kubitschek, uma fam�lia chilena se encantou com as preciosidades das d�cadas de 1940 e 1950 e fez pose para fotografias em frente � constru��o modernista. O telhado, em forma de asa de borboleta, e os planos inclinados da constru��o serviram de cen�rio, assim como os jardins assinados pelo paisagista Burle Marx, esses totalmente recuperados. A secret�ria chilena Viviana Perez, de 52, visitou todos os pontos tur�sticos da orla da lagoa acompanhada do marido, duas filhas e um genro. “Achei tudo muito simp�tico. J� conhecemos a igrejinha da Pampulha, o Museu de Arte, mas n�o conseguimos entrar no Mineir�o”, afirmou Viviana.
A satisfa��o do marido, o engenheiro eletr�nico Lu�s Meza, de 57, foi ter conhecido a Toca da Raposa, que tamb�m fica na orla da lagoa e onde est� concentrada a sele��o do Chile. “Somos muito bem tratados pelos brasileiros. Todos muito legais, boas pessoas”, revelou a filha do casal, a professora infantil B�rbara Meza, de 28.
Mesmo com a satisfa��o dos estrangeiros, o guia tur�stico Oderval J�nior teme que eles possam ser explorados financeiramente. “Na Copa das Confedera��es, um taxista cobrou R$ 700 para levar turistas estrangeiros de BH ao aeroporto de Confins”, contou.
A diretora de pol�ticas museol�gicas da Funda��o Municipal de Cultura, Luciana Feres, informou que a Casa do Baile foi totalmente restaurada para receber os turistas e mineiros. A Casa do Baile abre sexta-feira a exposi��o Concreto e Linhas fazem arte, sobre as obras de Niemeyer.
O MAP exp�e os seu acervo particular e obras de Alberto Guignard (1896-1962), como tamb�m obras do Museu Mineiro e do Museu Hist�rico Ab�lio Barreto.

PROGRAMA��O “A gente acredita que o turista, mesmo que venha para o Brasil em fun��o da Copa, n�o vai ficar restrito ao jogo do Mineir�o. O dia em que a sele��o dele n�o jogar, ele vai circular pela Pampulha”, acredita Luciana, ressaltando a necessidade de oferecer uma programa��o cultural ao turista.
Os jardins da Pampulha, restaurados, e podem ser vistos nos tr�s locais de exposi��es. Todos os espa�os s�o gratuitos. Tamb�m est�o na lista dos pontos tur�sticos da Pampulha o Parque Ecol�gico e o Jardim do Memorial Japon�s, que fica dentro do zool�gico.
Um pano de fundo para todos os atrativos da Lagoa da Pampulha � a sua candidatura da Pampulha como Patrim�nio da Humanidade. “O Conjunto Arquitet�nico Moderno da Pampulha est� na lista indicativa da Unesco desde 1996. A candidatura foi retomada pela prefeitura em dezembro de 2012 e estamos fazendo um dossi� desde o ano passado, que deve ser encaminhado � Unesco at� fevereiro de 2015”, disse Luciana.
Moradores da Pampulha est�o animados com a movimenta��o de turistas, mas teme que, diante da amea�a de manifesta��es na regi�o, eles se afastar. “Tenho medo tamb�m que eles se envolvam em acidentes de tr�nsito com as capiravas invadindo a pista. A lagoa est� muito polu�da. Mas temos que fazer o melhor para receb�-los bem e causar uma boa imagem de Minas em outros pa�ses”, disse o estudante Telrry Robert, de 20.
