
Integrante do movimento dos “arrependidos da Copa”, est� o produtor musical do Skank, Marcelo Pianetti, pai de um garoto de 7 anos. Depois de passar dois dias, incluindo o feriado, ‘vidrado’ no site de venda de ingressos da Fifa, sem conseguir comprar o ingresso pela internet, arriscou a pedir ajuda dos amigos da rede social. “Achava que esta Copa n�o iria pegar no Brasil. Quando come�ou, na semana passada, percebi meu vacilo, com os est�dios lotados. Deu aquele estalo: cara, quero ir a um jogo no Brasil”, relata ele, que j� presenciou a mundiais na Fran�a e na Alemanha.
Ao entrar na rede social, Pianetti encontrou um argentino que estava com dois ingressos sobrando, de amigos que desistiram de vir ao Brasil. “Ele me ofereceu as entradas pelo pre�o de custo, sem �gio. Ainda tentei pedir mais dois para levar meu irm�o e o sobrinho, mas ele explicou que n�o era cambista e disse: ‘Voc� � um cara de sorte e acaba de levar os dois �ltimos!”, relatou, entusiasmado. “Liguei para meu filho para avisar sobre nosso compromisso e ele j� est� a mil. A camisa do Brasil est� esticada em cima da cama. Esta Copa veio a calhar no momento em que ele est� despertando para o futebol. Eu tamb�m tenho 64 anos e a probabilidade de ver isto rolar outra vez no meu pa�s � m�nima”, compara o produtor musical, que no in�cio, estava desconfiado do evento.
De olho no desistente
Outra parte dos torcedores aceita at� se submeter aos ‘flertes’ de estrangeiros nos shopping centers, dispostos a se desfazer das entradas. “Os shoppings se tornaram um point de troca de ingressos. O esquema � assim: os estrangeiros chegam com a camisa das suas sele��es, fingem que est�o olhando as vitrines e abordam com jeito os clientes dos shoppings, que podem estar interessados na negocia��o”, explica a m�dica S�lvia Alvarenga, casada com um su��o. Ela vai levar a sobrinha Victoria, de 13, que est� entusiasmada com a oportunidade.
“Sou doida por futebol e n�o sei se terei for�a, sa�de e alegria para acompanhar outro mundial no meu pa�s. Acho que morreria se n�o fosse a um jogo da Copa”, confessa a m�dica, que come�ou a saga para tentar comprar ingressos desde que chegou ao Brasil, em maio, para visitar a fam�lia. Soube por uma amiga que era poss�vel entrar em grupos fechados no Facebook que ofereciam entradas de torcedores desistentes. Ela ficou receosa, mas acabou pagando R$ 1,3 mil por dois ingressos para ver Inglaterra e Costa Rica, na ter�a-feira, mais que o dobro do valor original (R$ 540).
Bastou o Brasil entrar em campo no primeiro jogo para o “esp�rito da Copa” baixar no construtor M�rio L�cio Ferreira J�nior, de 43. H� oito dias ele tenta desesperadamente conseguir ingressos para ele e para os filhos de 18 e 13 anos, atleticanos fan�ticos como o pai. “Estava meio desanimado com a situa��o pol�tica e econ�mica do pa�s, mas esqueci tudo ao ver a euforia dos estrangeiros”, conta ele, que por falta de tempo ainda n�o acessou o site oficial de venda de ingressos da Fifa, apesar de j� ser inscrito por ter acompanhado o time do cora��o ao Marrocos.