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Estado de Minas

Torcedores do Chile lamentam a derrota e choram no meio da multid�o de brasileiros

J� os brasileiros, festejaram na Savassi. Euforia e autoconfian�a se transformaram em tristeza e decep��o


postado em 29/06/2014 06:00 / atualizado em 29/06/2014 07:52

Os irmãos chilenos Pedro e Alejandra Escobar se abraçam depois da derrota de La Roja no Gigante da Pampulha (foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press)
Os irm�os chilenos Pedro e Alejandra Escobar se abra�am depois da derrota de La Roja no Gigante da Pampulha (foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press)
Em meio � alegria dos torcedores brasileiros, que depois de quase tr�s horas de sofrimento comemoravam a vit�ria da Sele��o Brasileira nos p�naltis, os chilenos ca�ram no choro, na Savassi. “O Brasil tem v�rias outras oportunidades, � pentacampe�o. Para n�s, chegar onde chegamos foi um sonho”, lamentou Alejandra Escobar, de 31 anos, que veio de Santiago, capital do Chile, torcer por La Roja em Belo Horizonte. Solu�ando, ela abra�ava o irm�o, Pedro, de 23.

“O Chile merecia ganhar. Nossos jogadores s�o bons e preparados, eles nos trouxeram muitas alegrias. Hoje, infelizmente, o nosso sonho acabou. Mas valeu a pena estar aqui”, afirmou Pedro Escobar. Os irm�os, que revelaram ter gasto muito dinheiro na viagem ao Brasil, foram consolados por brasileiros, que se dividiam entre a solidariedade � dupla e a euforia da comemora��o.

No fim da manh�, os chilenos eram minoria no mar de gente que torcia na Savassi, mas eles n�o se sentiram acuados pela multid�o verde-amarela. “Viemos em um grupo de 10 pessoas. N�o conseguimos ingressos para o est�dio, ent�o, resolvemos chegar cedo aqui para garantir mesa. Os brasileiros n�o nos intimidam, vamos cantar mais alto e a vit�ria ser� nossa”, disse Joaquim Castilho, de 27.

Enquanto o Hino do Chile era cantado no campo, ouvia-se o animado coro dos torcedores de La Roja em frente � TV. Diferentemente do que ocorreu no Mineir�o, os brasileiros aplaudiram respeitosamente o canto entoado com emo��o pelos advers�rios.

Cerveja

Durante o tenso segundo tempo da partida, o clima mudou. Torcedores das duas sele��es trocaram provoca��es em um bar pr�ximo � Pra�a Diogo de Vasconcelos. A confus�o come�ou com gritos de guerra de ambos os lados e os brasileiros jogaram cerveja sobre os chilenos. Apesar da tens�o, n�o houve maiores problemas.

Encerrado o jogo, a autoconfian�a deu espa�o � tristeza. Poucos chilenos permaneceram na Savassi para assistir � festa verde-amarela. Enquanto caminhavam para o hotel, tr�s torcedores de La Roja se viram obrigados a aturar provoca��es: motoristas chegavam a reduzir a velocidade, gritando “chi-chi-chi-l�-l�-l�”.

Eles passaram longe do sufoco

A Copa � do mundo, mas nem todo mundo est� ligado na Copa. Diferentemente da maioria dos torcedores brasileiros, alguns moradores de Belo Horizonte passaram inc�lumes pela agoniada partida entre o time de Felip�o e o Chile. Eles nem sabiam dizer o placar enquanto a bola rolava.

“Parece que est� 1 a 0 para o Brasil, n�o �?”, arriscou o jovem de cerca de 18 anos, que, embora vestisse a camisa da Sele��o, tinha outro interesse: disputar uma das quatro prostitutas dispon�veis em um hotel da Rua Guaicurus, no Centro. Na verdade, o Chile j� havia empatado. “Voc� acha que vou trocar uma morena dessas por 22 jogadores correndo atr�s de uma bola?”, afirmou ele.

Dos 16 hot�is da zona de baixo meretr�cio, 15 fecham meia hora antes do jogo da Sele��o do Brasil e reabrem 30 minutos depois do fim da partida. Na Copa, o movimento cai at� 60%. Na �nica pens�o aberta durante a partida de ontem, havia apenas quatro garotas no batente. “Para n�s, a Copa foi uma decep��o. Parece que os homens est�o guardando dinheiro para o churrasco ou ficaram com medo de sair de casa por causa da confus�o”, lamentava Bianca de Oliveira, recostada sensualmente na porta do quarto, que deixa entrever a luz vermelha e o slogan “Seu prazer garantido”.

Na Esta��o Rio de Janeiro, o novo sistema de transporte r�pido por �nibus da capital estava �s moscas. No ve�culo sanfonado que seguia para o Mineir�o, o motorista Fl�vio Concei��o conduzia cinco pessoas onde cabem 140. Conformado, ele previa placar de 3 a 1 para o Brasil. S�nia Maria Martins, de 62, era uma das passageiras. “Copa n�o faz mais a minha cabe�a. Prefiro dormir”, revelou a cuidadora de idosos, que bateu ponto ontem para dar banho e fazer curativos no paciente com c�ncer em estado terminal. “Ele sente dores e precisa de morfina, mas estava louquinho para assistir ao jogo”, disse ela.

Mais � frente, a Avenida Afonso Pena vazia, sem carros nem motos, estava irreconhec�vel. Dois jovens skatistas aproveitaram a chance para delizar na pista, livre dos ve�culos. Nem quiseram parar para conversar. Provavelmente, prefeririam descer em ziguezague entre os autom�veis, com uma dose a mais de adrenalina.

Na Avenida Bandeirantes, um solit�rio homem buscava o oposto dos skatistas: sossego. Quase ningu�m caminhava na pista de cooper. Quando o juiz apitou o in�cio do jogo, o pecuarista Marco Mattos, de 50, iniciou o treinamento. Ele pretendia andar por duas horas. N�o levava r�dio nem nada que lembrasse as cores da bandeira brasileira. Nos fones de ouvido, m�sica. “Sempre fui fazendeiro. Quem trabalha na terra n�o pode se ligar a distra��es. Nosso tempo � outro: os bois precisam comer tr�s vezes ao dia, as planta��es precisam de cuidados”, filosofou Mattos, que passa cinco dias na fazenda e o fim de semana na cidade grande.


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