
Principal queixa do torcedor nos jogos do Mundial’2014 em BH, a perda ou furto de ingressos – ainda que no entorno do Mineir�o – deixou de ser atendida pela Fifa e vai persistir no duelo da semifinal, na pr�xima ter�a-feira. A entidade alega que houve n�mero incomum de pedidos de reimpress�o ao longo da primeira fase nas 12 cidades-sede. Por isso, o diretor de marketing da entidade, Thierry Weil, anunciou que n�o haveria mais atendimentos nesse sentido.
A decis�o j� chegou a ser derrubada em Fortaleza na Justi�a, acionada pela Defensoria P�blica. Mas, em Minas Gerais, o �rg�o n�o tem atuado no Gigante da Pampulha por diverg�ncias com a organizadora da competi��o. Assim, quem tiver os bilhetes subtra�dos n�o ter� a quem recorrer. Segundo a decis�o na capital cearense, a Fifa deve reimprimir a segunda via em caso de furto, roubo ou extravio, independentemente de ser ou n�o dia da partida. A multa para o descumprimento � de R$ 10 mil.
Durante Col�mbia 3 a 0 Gr�cia (em 14 de junho) e B�lgica 2 x 1 Arg�lia (dia 17), torcedores que registraram boletim de ocorr�ncia na 3ª Delegacia de Pol�cia Civil Regional Nordeste conseguiram retirar a segunda via das entradas no Centro de Ingressos montado nas bilheterias do Gigante da Pampulha. Uma das v�timas do dia 14 foi o rep�rter do Estado de Minas Marcus Celestino, furtado com quatro pessoas na fila da Fan Walk (rota de pedestres) da Av. Abrah�o Caram. No confronto entre Brasil e Chile, entretanto, o pedido de cancelamento j� n�o era mais poss�vel. Seguran�as terceirizados barraram o acesso ao centro, onde havia um aviso em tr�s idiomas (portugu�s, espanhol e ingl�s) indicando que n�o haveria reimpress�o no local, refor�ado com a frase “favor n�o insistir”.
A opera��o dos setores de apoio � de responsabilidade da Match Services AG, empresa ligada � Fifa. Sobre o procedimento, a Fifa informou que “foi aberta exce��o nos primeiros jogos”, mas afirma ter constatado casos de pessoas que alegavam roubo e haviam comercializado os bilhetes. A entidade reconheceu que “n�o tem estrutura operacional para resolver caso a caso”. Outras raz�es apontadas, mas sem indica��o do total de ocorr�ncias, foram as de pessoas sem direito � meia-entrada que tentam o benef�cio restrito a idosos e portadores de necessidades especiais.
SALVAGUARDA
Oficialmente, a alega��o apontada � que a reimpress�o n�o pode ser feita por medida de seguran�a. “Ingressos duplicados poder�o resultar na entrada de espectadores em n�mero superior �quele que pode ser acomodado com seguran�a no est�dio”, informa a cl�usula 10.4. No momento de venda, a Fifa tenta se resguardar. As cl�usulas 7.1 e 10.4 dos Termos e Condi��es Gerais para o Uso de Ingressos descrevem que cada detentor aceita riscos � seguran�a e perda de pertences a caminho do est�dio. N�o fica claro, entretanto, qual procedimento adotar para que o ingresso furtado n�o seja utilizado por outra pessoa. Ainda assim, em seu site h� sugest�o para que o torcedor lesado entre imediatamente em contato com os Centro de Ingressos para tentar solucionar o problema.

O plant�o no Mineir�o, fundamental para quem tiver ingressos furtados, s� ser� retomado pela Defensoria P�blica se a Fifa voltar atr�s e emitir credenciais que permitam a representantes do �rg�o o mesmo n�vel de acesso dado ao Poder Judici�rio e ao Minist�rio P�blico. Em nota oficial, o �rg�o afirma que n�o houve isonomia no tratamento dispensado pela entidade m�xima do futebol.
“A Defensoria P�blica pode e deve contribuir extrajudicialmente para a resolu��o de problemas enfrentados pelos torcedores, a exemplo das provid�ncias adotadas que permitiram a colombianos, cujos ingressos foram furtados, assistir ao jogo naquele dia”, diz o comunicado, se referindo ao confronto entre Col�mbia e Gr�cia.
A suspens�o dos plant�es no Juizado do Torcedor e no Juizado da Inf�ncia e Juventude no est�dio ocorreu a partir da terceira partida, entre Argentina e Ir�. Na avalia��o dos defensores p�blicos, a restri��o do acesso de seus credenciados impediria o exerc�cio da fiscaliza��o de eventuais irregularidades e ilegalidades, o que dificultaria a ado��o das provid�ncias cab�veis. Assim, a negativa da Fifa estaria ligada � “incompreens�o” sobre o papel constitucional atribu�do ao setor.
“� prerrogativa estabelecida em lei complementar federal que os membros da Defensoria P�blica devem receber o mesmo tratamento reservado a ju�zes e promotores de justi�a”, refor�a a nota. De acordo com o documento, houve contatos telef�nicos tanto com a Fifa quanto com o Poder Judici�rio e o Conselho Nacional de Justi�a em busca de uma solu��o, mas o impasse se manteve.
NA DEFESA
7. Aceita��o do Risco e Responsabilidade Limitada
Item 7.1
“...O detentor de ingresso concorda e reconhece que h� riscos � sua seguran�a e de perda de seus pertences a caminho do est�dio, no caminho de volta do est�dio, do lado de fora do est�dio e dentro dele.”
10. Circunst�ncias Imprevis�veis
Item 10.4
“...Por raz�es de seguran�a, nem a Fifa nem seus agentes ser�o obrigados a emitir segunda via de ingressos, uma vez que ingressos duplicados poder�o resultar na entrada de espectadores em n�mero superior �quele que pode ser acomodado com seguran�a no est�dio.”
* Cl�usulas do Termo e Condi��es Gerais para o Uso de Ingressos da Copa do Mundo, publicado no site pt.fifa.com/worldcup/organisation/ticketing/legal/terms-conditions
