Obra do viaduto que desabou em Belo Horizonte estava atrasada e superfaturada

As obras na Avenida Dom Pedro I, onde parte do viaduto Guararapes desabou, na tarde de ontem, foram marcadas nos �ltimos dois anos por den�ncias de superfaturamento e atrasos. Inclu�da em 2010 nas a��es de mobilidade para a Copa do Mundo, as obras na via come�aram em mar�o do ano seguinte, administrada pela Prefeitura de Belo Horizonte e com recursos do governo federal. A licita��o foi vencida por um cons�rcio formado pelas empresas Cowan e Delta, mas em junho de 2012 a construtora Delta deixou o projeto. Investiga��es da Pol�cia Federal apontaram envolvimento da empresa em esc�ndalos de corrup��o ligados ao bicheiro Carlinhos Cachoeira e den�ncias do Tribunal de Contas do Estado (TCE) e do Minist�rio P�blico Estadual (MPE) apontaram ind�cios de sobrepre�o na compra de materiais para a obra.

Em abril de 2012, uma auditoria t�cnica do TCE apontou que as interven��es na avenida tinham ind�cios de superfaturamento que chegavam a R$ 6 milh�es e sobrepre�o de quase 350% em alguns itens da constru��o em rela��o aos valores de mercado. A Prefeitura de Belo Horizonte fez dois contratos com as construtoras, que somam R$ 170 milh�es. A Delta negou as irregularidades. A Superintend�ncia de Desenvolvimento da Capital (Sudecap) informou na �poca que o relat�rio seria analisado por t�cnicos do �rg�o e que o parecer do TCE teria sido feito com base em tabela de pre�os diferente da usada pela empresa.

As investiga��es sobre a rela��o do bicheiro Carlinhos Cachoeira com o presidente da Delta, Fernando Cavendish, fizeram com que �rg�os p�blicos revisassem a participa��o da construtora em cerca de 300 contratos firmados nos anos anteriores pelo pa�s. A prefeitura da capital mineira deixou de emitir as faturas de pagamento das obras do BRT em nome do cons�rcio. Dois meses depois das den�ncias do TCE e do MPE sobre irregularidades nas obras da Pedro I, a Delta deixou o cons�rcio. A PBH afirmou que a sa�da da empresa n�o prejudicaria o andamento das obras, previstas para ser entregues em agosto de 2013.

ATRASOS O andamento das obras empacou nas negocia��es entre a prefeitura e os moradores vizinhos da via. Em 2013, os desentendimentos entre propriet�rios de im�veis na regi�o e os �rg�os municipais fizeram com que as disputas fossem levadas � Justi�a. Quando as primeiras m�quinas come�aram a demolir constru��es no entorno da avenida, associa��es de moradores e comerciantes acionaram a Justi�a pedindo a paralisa��o da obra. No ano passado, a Sudecap revisou os valores das indeniza��es pagas aos moradores e as interven��es retomaram.

As desapropria��es foram apontadas pelo prefeito Marcio Lacerda (PSB) como principal entrave no cronograma da obra. Em abril, ele admitiu que os prazos tiveram que ser revistos v�rias vezes por causa das negocia��es sobre os ressarcimentos dos im�veis desapropriados, mas afirmou que a obra continuaria em ritmo acelerado. “Vamos ter alguma correria no final da Pedro I, onde as obras se atrasaram devido a problemas jur�dicos de desapropria��o. Temos um ponto cr�tico na �ltima esta��o da Pedro I, mas vamos trabalhar dia e noite para que tudo funcione a contento”, disse Lacerda.

Em maio, a PBH apresentou um plano B para operar o sistema do BRT na Pedro I. Sem a entrega de todas as etapas da obra, a alternativa foi elaborar uma opera��o dimensionada para o n�mero de esta��es que ficaram prontas. As a��es nas pistas que recebem os �nibus e as esta��es de transfer�ncia para os usu�rios ficaram prontas, mas os viadutos que n�o foram entregues continuaram com as obras em andamento, com previs�o de conclus�o no segundo semestre.