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Estado de Minas

Moradores de pr�dios ao lado de viaduto que desabou em BH relatam momentos de horror

Moradores de pr�dios localizados a metros do viaduto que caiu relatam momentos de p�nico na hora do desastre e revelam inseguran�a desde a retomada da obra, no in�cio do ano


postado em 06/07/2014 00:12 / atualizado em 06/07/2014 10:25

No Residencial Antares, pela fenda do muro empenado e trincado por causa das obras, dá para ver a retirada de entulhos por operários(foto: Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press)
No Residencial Antares, pela fenda do muro empenado e trincado por causa das obras, d� para ver a retirada de entulhos por oper�rios (foto: Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press)

N�o s�o apenas as fam�lias dos mortos e feridos, al�m dos sobreviventes insones, a enfrentar tempos de sofrimento nas proximidades da Avenida Pedro I. A queda do Viaduto Batalha dos Guararapes deixou a vizinhan�a em estado de choque. A trag�dia da �ltima quinta-feira fez do horror mem�ria no quintal do Residencial Antares, com mais de 500 moradores em nove blocos de quatro andares. H� relatos de tremores e peda�os de a�o e concreto regulares do lado de dentro dos muros do conjunto, desde o in�cio da obra. Pap�is e documentos para a��es judiciais s�o pilhas nos endere�os da quadra da Rua Moacir Froes e Avenida Dr. Alvaro Camargo, no Bairro S�o Jo�o Batista. Depois do acidente, o medo virou pavor.


Paulo Henrique Mello Tavares, de 34 anos, diz que n�o vai esquecer o dia 3 de julho. N�o � para menos. O tatuador estava em casa no momento da queda do elevado, �s 15h10. Do apartamento 401, do Bloco 3, ele viu a destrui��o e os gritos de socorro. Em estado de choque, ele reuniu for�as para chamar o Corpo de Bombeiros. “Tinha uns 30 oper�rios em cima do viaduto quando ele caiu. Eles estavam desesperados”, conta. Paulo Henrique diz que grande parte dos oper�rios estava no caf�, ao lado da al�a que ruiu. “N�o fosse o hor�rio do lanche, estariam trabalhando. Era o grupo que ficava sob o viaduto”, ressalta. Na vidra�a que d� para a rua, faixa de luto e protesto.

O tatuador, pai de fam�lia, sem dormir desde o ocorrido, relembra a correria dos passageiros e motoristas na cortina de poeira que se formou a poucos metros do pr�dio. No asfalto, rastros de sangue. Paulo fala tamb�m do medo dos �ltimos meses. “O viaduto estava na altura da minha janela. Muito perto. Eu pensava que se um carro perdesse o controle, iria cair dentro do meu apartamento”. Ele cr� em nova sorte pelo futuro. “Espero que eles n�o refa�am o viaduto como foi planejado, desrespeitando o nosso conjunto. Essa obra tem que ser repensada. Nem � preciso ser engenheiro para saber que isso estava errado”, critica.

H� mais de 10 anos Carolina Miranda mora no Bloco 6. Ainda sob efeito das 24 horas sem dormir, a estudante de seguran�a do trabalho conta que, em janeiro, viu parte do viaduto cair bem perto do residencial. Ela faz quest�o de mostrar parte dos estragos do desastre que refletiram onde mora. Ao lado do Bloco 7, est� uma das escoras de a�o, com cinco metros, lan�ada pelo desastre de quinta-feira. “Olhe s� o muro… trincado de cima a baixo. Por pouco o viaduto n�o desceu aqui dentro porque ele estava bem em cima, no limite”, avalia. Do buraco aberto no pared�o empenado v�-se a per�cia trabalhando na apura��o do desmoronamento.

A janela do apartamento da aposentada Adelaide de Farias fica colada no viaduto. Ela convive com o medo desde o início da construção(foto: Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press)
A janela do apartamento da aposentada Adelaide de Farias fica colada no viaduto. Ela convive com o medo desde o in�cio da constru��o (foto: Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press)


Na �ltima sexta-feira, dia de jogo do Brasil na Copa do Mundo, Carolina preparou camisa preta, com o escudo e a gola amarela de modelo da sele��o. “� o meu luto pelo descaso e pela irresponsabilidade do poder p�blico. N�o tor�o contra o Brasil, mas o futebol perdeu a gra�a”, considera. A estudante, revoltada, quer saber como � que puderam erguer “tanto peso em cima de um brejo”. “Uma obra absurda, que n�o tinha nem rede de prote��o. J� chegou a cair peda�o grande de concreto bem aqui, onde crian�as brincam”, diz. A estudante comenta o tr�nsito “complicado e perigoso” nos limites do residencial. “N�s, pedestres, estamos sem nenhuma seguran�a perto de casa”, critica.

Luto e pavor

Em outro bloco bem perto do acidente, a aposentada Maria Barbosa, de 70, se mostrava triste e bastante abalada com a trag�dia. Volunt�ria da Pastoral de A��o Social, dona Maria v� com “profunda tristeza” a melancolia que abateu os vizinhos queridos. Lamenta as vidas perdidas, os feridos e apela para que as autoridades d�em aten��o ao drama dos moradores do residencial. Adelaide de Jesus Faria, de 53, ressalta o sentimento de luto de todo o condom�nio. “Todo mundo lutou muito para ter a casa pr�pria, para viver em paz com a fam�lia e, de uns tempos para c�, � esse sofrimento”, diz.

Mesmo com a libera��o dos pr�dios por parte da Defesa Civil, muitos moradores temem que a constru��o e queda do viaduto tenham comprometido o conjunto. Em grupo, alguns deles apontam rachaduras e trincas que, de acordo com eles, antes, n�o existiam. V�rios propriet�rios do residencial, com o apoio da Associa��o dos Moradores e Lojistas da Pedro I, Vilarinho e Adjac�ncias, est�o se mobilizando para recorrer � justi�a. Nesse s�bado pela manh�, houve protesto nas proximidades dos destro�os e novas manifesta��es j� est�o sendo organizadas.


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