Junia Oliveira e Sandra Kiefer

Belo Horizonte nunca recebeu tantos turistas, nunca viu tantos estrangeiros e nunca foi palco de uma festa t�o grandiosa desde o in�cio da Copa do Mundo. Mas ontem toda essa grandeza contrastou com uma decep��o tamb�m nunca vista na cidade: maior vexame da hist�ria da Sele��o Brasileira em pleno Mineir�o. A goleada de 7 a 1 da Alemanha desabou como trag�dia sobre a torcida verde-amarela. Mais do que calar a cidade, o massacre em campo deixou a torcida brasileira perplexa. A Savassi, maior ponto de concentra��o de torcedores durante a Copa, viu muita decep��o, brigas e pris�es no fim da partida do Mineir�o. Enquanto os torcedores iam embora decepcionados e esvaziavam a Savassi, houve mais confus�o e agress�es no fim da noite. O Mundial da alegria acabava de forma constrangedora e revoltante para os brasileiros.
H� 27 dias, o clima era outro. Os quatro quarteir�es fechados da Pra�a Diogo de Vasconcelos haviam se tornado um ponto natural de encontro de v�rios idiomas. Tudo era festa. Mas ontem, ainda no primeiro tempo, torcedores deixaram a Savassi e o Mineir�o antes mesmo do fim da partida. “Eu sabia da ‘Neymardepend�ncia’, mas n�o imaginava que fosse t�o grande. O time do Brasil sentiu muito a sa�da do seu craque. N�o acredito que vi, na Copa do meu pa�s, no jogo da minha cidade, um placar t�o vergonhoso”, desabafou o engenheiro civil Jo�o Pedro Lanna, de 35 anos, natural de Belo Horizonte.
O ambulante Ant�nio Jorge da Silva, de 45, ficou revoltado: “Que papel�o! Eu gastei muito. Comprei bebida para estse e o pr�ximo jogo. E agora a festa acabou. Mas eles v�o voltar para casa com dinheiro no bolso. E eu fico no preju�zo”.
A enfermeira Ana Cl�udia Vieira, de 26, tamb�m moradora da capital, achou os jogadores brasileiros desequilibrados. “Mais do que triste, estou com vergonha. Sou apaixonada por futebol, assisto muitos jogos e por isso mesmo n�o consigo acreditar”, disse. “BH ficou marcada para sempre. O Maracana�o (derrota para o Uruguai na Copa de 1950) n�o � nada perto desse vexame”, completou o funcion�rio p�blico Anderson Flores, de 32, de Formiga, no Centro-Oeste de Minas.