Pedro Ferreira

Da janela do apartamento onde mora, ao lado do viaduto que desabou na Avenida Pedro I, a dona de casa Juscilane Martins, de 33 anos, observa os trabalhos de remo��o dos escombros e a sustenta��o da outra al�a que permanece em p�. Para ela, hoje completam duas semanas de desespero, tormento e inseguran�a. Denuncia que as paredes do quarto apresentaram trincas depois do acidente que matou duas pessoas e feriu 23 e que a bancada em m�rmore do banheiro rachou em tr�s partes. “N�o houve nenhuma vistoria interna para assegurar se estamos realmente em seguran�a. Desde sexta-feira, a Defesa Civil Municipal promete a vistoria dentro dos apartamentos e n�o comparece”, reclama.
A dona de casa conta que certa vez chegou a colocar um copo d’�gua na mesa para acompanhar a trepida��o do pr�dio. “A �gua at� derramou do corpo”, disse. Ela reclama que ainda n�o recebeu os protetores auriculares da empresa respons�vel pela constru��o do viaduto, recomendados pela Defesa Civil. “Meu menino de 3 anos n�o dorme mais depois do almo�o. Ele acorda 6h para ir � escola e costumava dormir � tarde”, disse.

�rea de lazer
As crian�as do condom�nio tamb�m est�o impedidas de brincar no p�tio do pr�dio. “Ficam presas no apartamento. Estamos todos estressados”, reclamou. O medo de Juscilane � que a al�a que restou do viaduto est� cada vez mais sendo escorada e ela interpreta como risco de desabamento. “Minha preocupa��o s� aumenta. Eles t�m que demolir isso de vez. Se esse viaduto for mantido em p�, vamos conviver com essa inseguran�a o tempo todo”, disse.
Juscilane disse que j� pensou em vender o apartamento, mas acha dif�cil agora. “At� os inquilinos que est�o deixando o pr�dio por medo. Ningu�m mais vai querer comprar apartamento aqui”, disse. Outra reclama��o dela � com a poeira. “Crian�as que sofrem de bronquite est�o sofrendo muito. Vivo com as janelas do meu apartamento fechadas. Se lavo roupa, elas ficam sujas e cheirando a poeira”, disse.
Outra preocupa��o dos moradores � que h� v�rias nascentes no Parque Ecol�gico Lagoa do Nado, do outro lado da Avenida Pedro I, e o solo onde o viaduto foi constru�do e um dois pilares afundou 6 metros, pode n�o ser t�o consistente.
Ontem � tarde, o �ltimo caminh�o atingido na queda do viaduto foi retirado. A Cowan, empresa respons�vel pela obra, informou ontem que a vistoria cautelar foi iniciada � pedido da Defesa Civil e a previs�o de dura��o � de 30 dias.