
A empresa Fogos Globo, em Santo Ant�nio do Monte, Centro-Oeste de Minas, onde uma explos�o matou quatro trabalhadoras na ter�a-feira, n�o poder� retomar a produ��o de bombas numeradas. A Superintend�ncia Regional do Trabalho e Emprego de Minas Gerais (SRTE/MG) interditou ontem a atividade da f�brica, que deu f�rias coletivas aos funcion�rios e mant�m apenas servi�os essenciais. Segundo o chefe da se��o de sa�de e seguran�a do trabalho da SRTE, Francisco Alves dos Reis J�nior, as demais linhas produtivas da empresa n�o foram suspensas pelo �rg�o.
“Estamos realizando amplo levantamento t�cnico, j� que esse tipo de acidente n�o tem apenas uma causa. � um conjunto de fatores. A interdi��o da atividade ocorre quando se constatam situa��es de risco iminente de prejudicar gravemente os trabalhadores”, explicou Francisco Alves.
“Existem ind�cios de que nos pavilh�es atingidos havia volume de material explosivo superior ao permitido”, informou Reis. Outro fator que pode ter contribu�do para o acidente � a baixa umidade do ar. O ar seco propicia ac�mulo de energia est�tica, que produz fa�scas. No dia do ocorrido, a umidade estava abaixo dos 40%. Nessa situa��o, deve-se suspender a manipula��o de explosivo.
De acordo com Francisco, a empresa s� poder� retomar a produ��o de bombas numeradas, mesmo que em outros pavilh�es, depois que a SRTE/MG desinterditar a atividade. Em caso de descumprimento da determina��o, a Globo poder� ser multada entre R$ 600 e R$ 4 mil a cada fiscaliza��o e denunciada por desobedi�ncia no Minist�rio P�blico do Trabalho e na pol�cia. O mesmo valor de multa ser� aplicado para cada irregularidade que for apurada como causa da explos�o.
Depoimentos
O delegado Luc�lio Silva, de Santo Ant�nio do Monte, que apura o caso, ouviu ontem dois encarregados de pessoal da Globo. “O objetivo � levantar o maior n�mero de informa��es t�cnicas para termos uma compreens�o do que ocorreu. A �rea da explos�o est� isolada para os trabalhos da per�cia, que v�o prosseguir nos pr�ximos dias”.
Na quarta-feira, duas testemunhas prestaram depoimento. Elenilton Gon�alves, de 19 anos, que trabalhava num dos pavilh�es destru�dos, deu detalhes de como come�ou o inc�ndio. Mas o teor da declara��o n�o foi divulgado, a pedido de Gon�alves. Uma mulher, que trabalhava num pavilh�o pr�ximo tamb�m foi ouvida.
No dia da trag�dia, Elenilton contou � namorada que viu o fogo come�ando e gritou para as funcion�rias fugirem. Elas estavam em uma �rea interna do barrac�o e ele, do lado de fora, carregando e descarregando bombas para secagem. Morreram na hora Daiana Cristina Maciel, de 25, Maria Jos� da Soledade Campos, de 27, Maria das Gra�as Gon�alves Siqueira, de 42, e Marli L�cia da Concei��o, de 39. Elenilton teve tr�s queimaduras nas costas causadas por estilha�os e ficou em estado de choque. Ele foi atendido em um hospital de Santo Ant�nio do Monte e liberado.
O local que ficou destru�do era destinado � bica��o de bombas numeradas, artefatos comuns em comemora��es esportivas. O procedimento consiste em usar p�lvora l�quida para garantir que o bico da bomba fique semelhante � cabe�a de um palito de f�sforo.