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Estado de Minas

Indefini��o irrita moradores de pr�dios vizinhos ao viaduto que desabou em BH

V�timas que escaparam da trag�dia ainda sofrem com a lembran�a do desabamento e uma fam�lia de um dos pr�dios vizinhos resolveu voltar para casa, mesmo correndo riscos


postado em 03/08/2014 06:00 / atualizado em 03/08/2014 07:02

"A insatisfa��o � maior que o medo", diz Luiz Fabian Aguiar, que voltou para a casa com a fam�lia

As cenas vistas no dia 3 de julho ainda n�o sa�ram das retinas de sobreviventes do desabamento da al�a sul do Viaduto Batalha dos Guararapes, que deixou 23 feridos. A vendedora Maria Nilza Loiola, de 54 anos, que estava no micro-�nibus parcialmente esmagado, � uma delas. “Eu estava sentada no lado direito, lendo uma revista. Por acaso levantei os olhos e vi o viaduto caindo. Foi horr�vel”, recorda ela, que sofreu um corte no l�bio superior e perdeu pertences que carregava. “N�o quero falar em trauma, mas fiquei com um certo receio de andar de �nibus”, diz Maria Nilza, que tamb�m estava em um coletivo que caiu no Ribeir�o Arrudas em 1999.

As irm�s Rayane, 16, e Renata Soares da Silva, 18, tamb�m estavam no micro-�nibus. A mais nova feriu um calcanhar, cortou o nariz, quebrou um dos dentes e at� hoje sente dor em outros. “Vimos o viaduto caindo. Todo mundo come�ou a gritar. Vi muita gente sangrando. Ainda fico com medo quando passo embaixo de viaduto”, diz a estudante Rayane. A promotora de eventos Renata teve cortes nas gengivas e no nariz. “Quando estou na rua e ou�o um barulho muito alto, sempre olho para cima”, conta ela.

Os tormentos da trag�dia ainda continuam para quem mora ou trabalha nas cercanias do viaduto. No dia 27 de julho, a Defesa Civil transferiu para um hotel no Bairro S�o Crist�v�o, na Regi�o Noroeste, 19 fam�lias que residem em �reas consideradas de risco pelo org�o nos condom�nios Antares e Savana, vizinhos � obra. Uma delas, por�m, voltou na quinta-feira a morar no bloco 9 do Antares, apesar do receio de que a al�a norte tamb�m desabe. “A insatisfa��o de viver em um quarto por tempo indeterminado � maior do que o medo que estamos passando. Est� complicado, mas estamos em casa”, diz Luiz Fabian Aguiar, de 34, supervisor de log�stica de uma rede atacadista. Ele vive com a esposa e dois filhos, de 9 e 4 anos.

As mudan�as no tr�nsito causadas pela interdi��o da Pedro I vem reduzindo bastante a clientela de comerciantes no entorno do viaduto. Eles ainda aguardam uma resposta da Secretaria Municipal Adjunta de Desenvolvimento Econ�mico a uma lista de reivindica��es entregue sexta-feira, para tentar minimizar os preju�zos. Alguns j� demitiram funcion�rios e temem ter que fechar as portas. “Se a situa��o continuar assim, s� consigo manter o neg�cio at� setembro”, diz Washington Luiz Soares, dono h� 12 anos de um sal�o de beleza destinado ao p�blico infantil. “O faturamento caiu 70%. Tive que mandar dois empregados embora. Agora trabalho sozinho”, conta ele, cujo estabelecimento fica na Avenida General Ol�mpio Mour�o Filho, onde o fluxo de carros caiu drasticamente.

� uma mem�ria viva da al�a sul

A decis�o de aguardar a conclus�o do inqu�rito da Pol�cia Civil para decidir se a al�a norte do viaduto ser� demolida, divulgada sexta-feira pelo prefeito Marcio Lacerda, foi elogiada por especialistas ouvidos pelo Estado de Minas. Eles acreditam que os peritos podem querer analisar a estrutura para esclarecer algumas d�vidas, j� que seu projeto � similar ao da al�a sul, que desabou. Defendem que � poss�vel recuperar a al�a norte, ainda que um bloco de funda��o esteja comprometido, como sustenta a construtora Cowan. E estranham o fato de a empresa afirmar que o escoramento providenciado por ela mesma n�o � suficiente para garantir que a edifica��o se mantenha de p�.

As investiga��es da pol�cia, coordenadas pelo delegado Hugo e Silva, conclu�ram que um bloco de funda��o da al�a sul se rompeu, fazendo o pilar que era sustentado afundar cerca de 6 metros e levar junto duas das 10 estacas fincadas sob essa estrutura. N�o se sabe, por�m, por que o bloco se partiu, embora a Cowan aponte erros de c�lculo no projeto executivo, feito pela Consol, que nega as falhas. Um laudo t�cnico policial tem 30 dias para ficar pronto a contar de sexta-feira. O delegado planeja pedir amanh� a prorroga��o do prazo para t�rmino do inqu�rito, que deveria ficar pronto hoje.

“Ainda n�o d� para saber se houve falhas na execu��o ou se foi uma mistura de tudo isso”, afirma o vice-presidente do Instituto Brasileiro de Avalia��es e Per�cias de Engenharia de Minas Gerais (Ibape-MG), Cl�menceau Chiabi. Ele acredita que h� raz�es t�cnicas para a al�a norte ser preservada at� o fim do inqu�rito policial. “N�o h� consenso que essa al�a tem risco iminente de cair, como foi falado pela Cowan. Ela pode ser �til para esclarecer d�vidas depois do laudo pericial. � uma mem�ria viva da outra al�a”, diz.

Chiabi defende que h� t�cnicas de engenharia capazes de manter a al�a norte est�vel, inclusive durante um eventual reparo. O vice-presidente da se��o mineira do Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB/MG), S�rgio Myssior, concorda: “Um projeto de escoramento adequado poderia garantir a seguran�a, absorvendo todos os esfor�os incidentes sobre o pilar”.

Em entrevista ao EM em 23 de julho, Jos� Paulo Toller Motta, da Cowan, disse que o escoramento atual � capaz de sustentar apenas esfor�os verticais, mas n�o abrange aqueles em outras dire��es. Em nota, a empresa reafirmou as declara��es de Motta. “A Cowan solicitou a uma empresa especializada um projeto de refor�o do escoramento, com a finalidade de reduzir as cargas verticais sobre os pilares da al�a norte. Esse projeto foi implantado com a supervis�o de tal empresa e da Defesa Civil”, afirma o texto. “Mesmo com essa provid�ncia, a Cowan e a empresa de escoramento informaram aos �rg�os competentes que h� risco de deslocamentos transversais e longitudinais”, acrescenta. (TH)


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