
O fogo come�ou na manh� de segunda-feira. Dois avi�es air tractor (especializados em borrifar �gua), dois helic�pteros dos bombeiros, encarregados de atirar enormes bolsas de �gua no fogo, al�m de 64 brigadistas, munidos de chicotes para tentar abafar as labaredas estiveram no local.
O aparato gigantesco era justificado diante do risco das chamas atingirem o manancial do Mutuca, que abastece a cidade de Nova Lima, na Grande BH, bem como o manancial do Barreiro, que fornece �gua pot�vel para a regi�o de mesmo nome e Ibirit�, tamb�m na Grande BH. Por ter se iniciado dentro do parque, a suspeita � de que o inc�ndio seja criminoso, provocado por uma fogueira de acampamento ou ponta de cigarro acesa.
Segundo a Copasa, cerca de 70 hectares de vegeta��o j� haviam sido queimados at� ontem, inclusive dentro da �rea preservada da empresa. “Para o abastecimento de �gua, s� � grave quando o inc�ndio atinge as nascentes. A princ�pio, isso ainda n�o ocorreu”, informou uma fonte.
At� o entardecer de ontem, o inc�ndio estava mais controlado na Regi�o do Mutuca. J� o manancial do Barreiro ficou mais prejudicado em fun��o da dificuldade de acesso ao Morro do Cachimbo, situado na parte mais alta do Rola Mo�a, a 1.580 metros de altitude. “� uma regi�o extremamente �ngreme. � dif�cil at� descer o brigadista de helic�ptero.”, informou o tenente Leonard Farah. Ele centralizou ontem as opera��es da for�a-tarefa do Pelot�o do Rola Mo�a, do 1º e do 2º Batalh�es dos Bombeiros Militares e do Batalh�o de Opera��es A�reas.
A estrat�gia dos bombeiros passou a ser aguardar o fogo descer a encosta at� o sop�, o que ajudaria a descer os homens no local, por meio de helic�pteros. Tamb�m os caminh�es dos bombeiros tentariam hoje o acesso pelas estradas de terra. “O terreno � muito acidentado e h� todos os fatos poss�veis para dificultar o trabalho dos bombeiros. O vento est� forte e a vegeta��o, muito seca, o que faz as chamas propagarem com muita rapidez”, comparou o tenente.
“A impress�o que d� � que o fogo come�ou no interior do parque, na meada entre os dois mananciais. Em vez de escolher um dos lados, o inc�ndio se propagou para as duas pontas do vale. Foi a pior das situa��es”, comparou Lauro Tuler, gerente administrativo do Instituto Estadual de Florestas (IEF).
CHUVAS O per�odo de chuva de quase uma semana no Parque do Rola Mo�a, na semana anterior, adiou o pico da seca e do in�cio dos focos de inc�ndios em Minas. “Demos sorte”, afirmou Rodrigo Belo, diretor de Preven��o e Combate a Inc�ndios Florestais da Secretaria de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustent�vel (Semads-MG), que coordena 72 unidades de combate a inc�ndios florestais. Ele lembra que o inc�ndio no Parque Estadual de Serra Verde, perto da Cidade Administrativa, em julho passado, consumiu 40 mil metros quadrados.
Apesar de n�o se comparar ao grande inc�ndio de 2011, que destruiu 70% do Rola Mo�a, o fogo amea�a atingir uma �rea do parque que n�o queimava h� quase 15 anos. Al�m disso, caso n�o seja debelado, o foco de inc�ndio est� a menos de 10 quil�metros de uma faixa de Mata Atl�ntica. “� o estrago de uma vegeta��o que j� estava em processo adiantado de recupera��o, o que vinha sendo importante para aumentar a diversidade das esp�cies. A situa��o pode ficar cr�tica se pegar fogo na copa de �rvores com emaranhado de cip�s”, alertou o bi�logo Francisco Mour�o, da Associa��o Mineira de Defesa do Ambiente (AMDA).
Coberto de fuligem, salvo apenas a regi�o dos olhos, protegida pelos �culos, o brigadista volunt�rio fez um desabafo devido � suspeita de o inc�ndio ser criminoso: “Uma pessoa que faz uma coisa dessas n�o pensa no futuro dos filhos, dos netos. Basta olhar ao redor. Ver tantas �rvores esturricadas. Uma �rvore dessas precisou de 30 a 40 anos para crescer entre um a dois metros. Penso que falta educa��o nas pessoas e falta tamb�m pensar no pr�ximo, sabe?”.
BALAN�O Segundo o Centro de Climatologia da PUC Minas, em agosto deste ano, 108 focos de queimadas foram registrados em Minas. Oito deles est�o em um raio de 50 quil�metros na capital mineira.
Alerta com baixa umidade
Moradores de Belo Horizonte e regi�o metropolitana devem consumir muita �gua, alimentos leves e evitar exposi��o ao sol entre as 10 e 17 horas, tudo isso devido a uma massa de ar seco que chegou ao estado neste fim de semana e deve permanecer at� amanh�. A Coordenadoria Municipal de Defesa Civil de Belo Horizonte (Comdec) divulgou ontem um alerta confirmando a informa��o de que a umidade relativa vai ficar em torno de 20% e 30%.
O meteorologista Rayan Diniz, do instituto Puc Minas Tempo Clima, os �ndices de umidade j� estavam baixos desde a semana passada, mas o clima frio n�o deixava que a sensa��o de secura sobressa�sse. “Como a temperatura aumentou desde ontem (domingo), as pessoas come�aram a perceber o tempo seco. A situa��o � a mesma no Tri�ngulo, Sul de Minas e Zona da Mata”, relatou.
O alerta divulgado � em virtude de uma frente fria que est� na Regi�o Sul do Brasil e faz com que o ar seco permane�a no Sudeste. “Uma frente fria que est� estacionada entre o Rio Grande do Sul e Santa Catarina est� pressionando a massa de ar que chegou em Minas, mas pr�ximo ao meio da semana est� prevista a chegada de uma nova frente fria, o que melhora um pouco a umidade”, disse o meteorologista.