
Um inc�ndio de grandes propor��es destruiu ontem cerca de 12 hectares do Parque Fort Lauderdale, o que equivale a 70% da unidade de conserva��o localizada no Bairro Mangabeiras, Regi�o Centro-Sul de Belo Horizonte. Com o vento forte, as chamas se espalharam rapidamente pela vegeta��o que margeia a Rua Henrique Quick e chegaram at� o Parque Pared�o da Serra, provocando o fechamento do local e a retirada de 60 pessoas que visitavam a serra. � tarde, outro inc�ndio atingiu �rea verde na regi�o da Serra da Mutuca, em Nova Lima, na Grande BH. Dezenove homens combateram as chamas, com ajuda de helic�ptero, e controlaram o fogo por volta das 15h. Os dois casos puseram �rg�os ambientais em alerta e chamaram a aten��o para a grande quantidade de focos de calor no estado este ano.
O n�mero de casos de janeiro at� a primeira quinzena de agosto j� supera o registrado pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) entre janeiro e 31 de agosto do ano passado: 2.327 contra 2.056. A Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustent�vel (Semad) tamb�m registrou crescimento de 27% dos casos nos sete primeiros meses do ano, na compara��o com o mesmo per�odo do ano passado. Foram 2.106 focos contra 1.657. A expectativa � de agravamento do quadro, principalmente por conta do fen�meno meteorol�gico El Ni�o.
Ontem, no Bairro Mangabeiras, as chamas come�aram por volta das 9h. Segundo o presidente da Funda��o de Parques Municipais de BH, Hugo Vila�a, o Parque Fort Lauderdale, com 17 hectares de �rea de vegeta��o conservada, foi o mais atingido. “Infelizmente, o fogo consumiu cerca de 70% (do Parque Fort Lauderdale) e atingiu tamb�m uma pequena parte do Parque Serra do Curral”, disse Vila�a. A gerente do Serra do Curral, Marta Am�lia Lima, afirmou que foi necess�rio fechar a unidade por quest�es de seguran�a. Cerca de 60 pessoas que visitavam o local tiveram que ir embora mais cedo. “Tiramos mais por conta da chance de inalarem fuma�a. Acredito que a �rea queimada n�o chega a 1 mil metros quadrados dentro do Parque Serra do Curral”, calculou Marta. As causas ainda s�o desconhecidas.
Trinta homens e mulheres entre bombeiros militares e brigadistas trabalharam para combater o inc�ndio. Eles usaram jatos de �gua e abafadores. Apesar de o inc�ndio ter ocorrido em uma �rea pr�xima � Rua Henrique Quick, onde est�o casas de alto padr�o do Bairro Mangabeiras, n�o houve im�veis atingidos, segundo os bombeiros. “Deixamos uma viatura de apoio para agir caso precisasse em alguma resid�ncia. Trabalhamos tamb�m com o apoio do Helic�ptero Arcanjo, que ajudou jogando �gua nos focos de inc�ndio”, disse o tenente Christian Cordeiro, do 1º Batalh�o do Corpo de Bombeiros. O brigadista Valdemar Alves dos Reis, vigia do parque, contou que se assustou com o tamanho das labaredas. “O vento forte fez as chamas ‘andarem’ muito r�pido, subindo a montanha. O calor atrapalhou bastante no combate”, relatou.
�poca cr�tica
O meteorologista do Inpe, Raffi Agop, do grupo de queimadas, destaca que agosto e setembro s�o as piores �pocas em todo o pa�s, mas especialmente nas regi�es Central e Sudeste do Brasil. “O risco de fogo � alto. Est� mais quente e seco que no ano passado”, disse. Se o fen�meno El Ni�o chegar como esperado, ele afirmou, a fase pior de queimadas ainda est� por vir. A tend�ncia seria de aumento de calor e da estiagem.
O diretor de preven��o e combate a inc�ndio florestal da Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Rodrigo Belo, refor�a que os tr�s meses que antecedem a temporada de chuva s�o os mais cr�ticos e que 2014 se apresenta como um ano at�pico, por causa da falta de chuvas em janeiro e fevereiro. “Estamos vindo de uma estiagem longa. Nos meses que rotineiramente chove, tivemos inc�ndios, pela falta de precipita��es”, afirmou. Em 2013, foram registrados 19 inc�ndios florestais em Minas em janeiro e fevereiro. Este ano, houve mais que o dobro (43).
Segundo Rodrigo Belo, o impacto � sentido agora, quando a vegeta��o est� seca. Apesar de agosto j� apresentar tend�ncia acima da m�dia, os registros inesperados do in�cio do ano engrossaram as estat�sticas de inc�ndios ocorridos at� o momento. “A chuva que tivemos recentemente � suficiente para deixar a umidade do ar mais alta e melhorar as condi��es do solo, mas, depois de alguns dias, a seca volta e a vegeta��o fica como antes. Essa sequ�ncia sem chuva, agravada pelo fen�meno de janeiro e fevereiro, deixa um ano extremamente complicado do ponto de vista da estiagem.”
O El Ni�o, que contribui para dias com umidade relativa do ar abaixo dos 30% e ar muito seco, � outro complicador para inc�ndios, que encontram terreno f�rtil de propaga��o. Rodrigo Belo alerta, no entanto, para o fato de a maioria das chamas ser causada pela a��o humana, seja por descuido ou intencional. “As unidades de conserva��o s�o muito extensas. Por isso, apesar de todo o aparato de helic�pteros e brigadistas no combate e de funcion�rios para controle, quem pode evitar que inc�ndios ocorram �, principalmente, a popula��o”, ressaltou.
SAIBA MAIS:El Ni�o
O El Ni�o vem sendo registrado desde 1877 e tem como principal caracter�stica a capacidade de afetar o clima a n�vel mundial por meio de mudan�a nas correntes atmosf�ricas. Ganhou fama entre 1997 e 1998, devido ao maior n�mero de cat�strofes registrado at� ent�o. � peri�dico, com varia��o de 1 a 10 anos entre cada ocorr�ncia. � causado pelo aquecimento anormal das �guas do Pac�fico e pela redu��o dos ventos al�sios – que sopram leste-oeste – na regi�o equatorial. O nome “El Ni�o” foi escolhido pelo fato de o fen�meno de aquecimento das �guas na costa do Peru ocorrer em dezembro, pr�ximo ao Natal. Da�, a refer�ncia ao “Menino Jesus” – em espanhol “Ni�o Jesus”. Os principais impactos causados no Brasil s�o secas na Regi�o Norte, aumentando a incid�ncia de queimadas; precipita��es abundantes na Regi�o Sul, principalmente nos per�odos de maio a julho, e aumento da temperatura; alta da temperatura na Regi�o Sudeste, mas sem mudan�as caracter�sticas nas precipita��es; secas severas no Nordeste; e tend�ncia de chuvas acima da m�dia e temperaturas mais altas na Regi�o Centro-Oeste.