
O que seria a solu��o do problema virou motivo de revolta para moradores do Edif�cio do Carmo, que desabou em 2012, na Rua Passa Quatro, no Bairro Cai�ara, na Regi�o Noroeste de Belo Horizonte. H� 32 meses as fam�lias aguardam o processo de retirada dos escombros. A a��o come�ou na manh� desta sexta-feira, mas sem nenhum inquilino ser avisado. Eles t�m receio que a esperan�a de encontrar algum pertence seja perdida, pois os tratores est�o recolhendo os materiais sem deixar as pessoas chegarem perto. A Superintend�ncia de Desenvolvimento da Capital (Sudecap) informou que os moradores v�o poder acompanhar os trabalhos e solicitar o pertence quando os avistarem.
O desabamento do edif�cio com dois blocos aconteceu em 2 de janeiro de 2012, durante uma forte chuva que caiu na capital mineira. A queda causou a morte do corretor de im�veis Jan�lson Aparecido de Moraes, de 40 anos, e deixou uma mulher ferida. A retirada dos escombros se arrasta desde o dia da trag�dia por causa de burocracia.
Na manh� desta sexta-feira o trabalho das m�quinas no local da trag�dia pegou os moradores de surpresa. “Eu estou at� aqui no local. Eles n�o comunicaram a gente sobre retirada dos entulhos. Deveria ter uma reuni�o para falar sobre como ser� feito o trabalho”, afirmou o representante comercial Helv�cio Jos� Tib�es, de 51 anos, um dos oito propriet�rios dos apartamentos.
Logo que a not�cia se espalhou, outros moradores ao local na tentativa de achar algum pertence. Por�m, foram impedidos de chegar perto da �rea. “Tentei ficar perto para ver se consigo encontrar algo, mas fui impedido pelos funcion�rios da empresa respons�vel pela obra por causa de seguran�a. O pessoal n�o tem consci�ncia, porque o que eles acharem s�o deles”, reclamou Tib�es.
O destino do material ainda � incerto. Funcion�rios informaram ao representante comercial que os entulhos ser�o levados para um lix�o em Santa Luzia, na Regi�o Metropolitana de Belo Horizonte. “Me disseram que se eu quiser encontrar alguma coisa � para eu ir l� revirar o lixo. Depois de tantos anos de espera, ainda somos sujeitos a ouvir uma coisa dessas”, criticou.
A ang�stia dos moradores � para tentar encontrar qualquer pertence que est� debaixo dos entulhos. Aproximadamente cinco carros, motos, al�m de m�veis, fotos, documentos, est�o desaparecidos. “Olha, temos vontade de encontrar qualquer coisa. Para se ter ideia, algumas pessoas ainda tentam dar baixa dos ve�culos no Detran e n�o conseguem, pois precisam do chassi. Neste tempo, est�o tendo que pagar impostos”, comentou Tib�es.
Em nota, a Sudecap informou que j� houve uma reuni�o com representantes dos moradores e ficou combinado que eles poderiam acompanhar a remo��o dos entulhos de uma dist�ncia segura. Caso seja detectado algum bem e/ou objeto em condi��es de ser recuperado, o mesmo ser� coletado pela empresa executora da obra e colocado � disposi��o dos moradores em local adequado no pr�prio canteiro da obra. Os entulhos ser�o encaminhados para o bota-fora, devidamente licenciado, localizado na BR-381.
A Sudecap esclarece que assinou a ordem de servi�o em agosto de 2014 referente � execu��o das obras de estabiliza��o de encostas da rua Passa Quatro. Ser�o executados a conten��o em cortina atirantada, funda��o em estaca raiz, pavimenta��o e remo��o de entulhos. O valor a ser pago pelo servi�o � de R$ 2.936.137,63 e a conclus�o est� prevista para o primeiro de semestre de 2015.
Relembre o caso
O pr�dio de dois andares e dois blocos desabou em 2 de janeiro de 2012 durante uma forte chuva que caiu na capital mineira. O im�vel tinha oito apartamentos em cada bloco. Um casal acabou soterrado. A mulher, Marisa Cunha de Moraes, de 46 anos, foi resgatada com diversos ferimentos e levada para o Hospital Jo�o XXIII. O marido dela, Janilson Aparecido de Moraes, de 40, chegou a ser socorrido com vida, mas morreu a caminho do Hospital Odilon Behrens.
O trag�dia ainda poderia ser maior. Uma viatura da Pol�cia Militar fazia ronda na regi�o minutos antes do incidente e os militares foram alertados por uma moradora que pediu ajuda. Ao descerem do ve�culo ouviram ru�dos e ajudaram retirar algumas pessoas do im�vel. Ao todo, os policiais retiraram 11 pessoas, sendo duas crian�as que estava sozinhas em um apartamento.
Tr�s engenheiros foram indiciados pela Pol�cia Civil, apontados como respons�veis pelo desabamento. Os tr�s profissionais, um deles contratado pela prefeitura para fazer obras de drenagem no quarteir�o onde o im�vel estava localizado, v�o responder por homic�dio e les�o corporal culposos, - quando n�o h� a inten��o de cometer o ato -, e crime de desabamento. Segundo o delegado Rodrigo Damiano, os tr�s foram imprudentes na atividade profissional. Eles podem pegar at� seis anos de pris�o.