
Desde o in�cio da opera��o do Move, as opini�es sobre o transporte r�pido por �nibus (BRT) se dividem entre os usu�rios. Se, por um lado, h� quem reconhe�a benef�cios – como embarque com pagamento antecipado e em n�vel, diferentes possibilidades de integra��o entre linhas, al�m de �nibus maiores, com ar-condicionado –, por outro, quem encara o desafio di�rio de pegar um coletivo se queixa de pelo menos tr�s pontos que desafiam os respons�veis pela opera��o do novo sistema: gargalos no tr�nsito na �rea Central, superlota��o nos hor�rios de pico e demora na espera das linhas alimentadoras nas quatro esta��es de integra��o – S�o Gabriel, Pampulha, Vilarinho e Venda Nova.
Embora a BHTrans recomende embarque sem filas no BRT, como ocorre no metr�, a maioria dos passageiros ainda recorre � pr�tica de aguardar o embarque um atr�s do outro. A medida, contudo, cai por terra nos hor�rios de pico, quando as esta��es do Move se tornam uma terra sem lei, com discuss�es, usu�rios furando fila e chegando ao extremo, com casos de agress�es f�sicas.
Utilizando a pista exclusiva do corredor da Avenida Ant�nio Carlos, a linha 50 (Esta��o Pampulha/Centro Direta) leva 10 minutos no trajeto entre o Centro e o terminal. Mas, na volta para casa, entre 17h30 e 19h30, quem pega o coletivo na Esta��o Tupinamb�s enfrenta pelo menos 15 minutos num tr�nsito travado, at� que o �nibus articulado consiga circular livremente, mesma realidade da linha troncal 61 (Esta��o Venda Nova/Centro Direta), que percorre a Avenida Cristiano Machado.
“Pela manh�, a entrada na �rea Central � lenta, assim como a sa�da � noite. Na volta para casa, toda a agilidade que se consegue no percurso da Ant�nio Carlos se perde em engarrafamentos. E quando se chega � esta��o, a� o dif�cil � conseguir embarcar nos �nibus das linhas alimentadoras. � de 30 a 40 minutos. Antes, pegava o �nibus da linha 2210 C e, mesmo com as paradas no meio do caminho, chegava mais r�pido”, protesta o representante de vendas Isaac Balbino, de 42 anos. A dom�stica Eliane Santos, de 50, compartilha da opini�o. “Penso que aumentou o tempo de deslocamento quando uso o BRT nos hor�rios de movimento. Durante o dia at� que ele chega r�pido. Mas � no s�bado que a viagem no Move vale a pena, pois al�m da rapidez, n�o viajo em p�. Como tenho problema de coluna, essa rotina de �nibus cheio � complicada”, aponta.
CONFORTO N�O ATRAI Mesmo contanto com uma frota de 450 �nibus do tipo padron e articulado, com ar-condicionado, suspens�o a ar e maior espa�o interno, o conforto n�o � reconhecido como atrativo pelos usu�rios. O motivo � a superlota��o, principalmente das linhas troncais diretas. “J� n�o sei o que � viajar sentada no �nibus, a n�o ser quando h� um degrau entre o piso e as cadeiras mais altas, onde fica o motor”, ironizou a escritur�ria Carmem L�cia, de 61. Com o espa�o reservado a duas bicicletas em lugar de dois assentos em cada coletivo – apesar da BHTrans autoriz�-las apenas em hor�rios espec�ficos – muitos usu�rios viajam sentados entre as estruturas de fixa��o das magrelas. O mesmo ocorre nos espa�os livres n�o ocupados por assentos. “J� vi mulher com crian�a sentada no ch�o porque ningu�m quis dar lugar. Tem gente que depreda os �nibus”, denuncia a dona de casa Nat�lia Silva, de 22. Moradora do Ribeiro de Abreu, ela leva cerca de 1h40 para chegar ao Centro, usando as linhas alimentadora do bairro e a troncal 83D, a partir da Esta��o S�o Gabriel.
Para o encarregado de dep�sito e usu�rio da linha 61, Jeferson Macedo, de 23, morador de Venda Nova, a situa��o seria ainda muito pior sem as filas organizadas pelos passageiros. “Se n�o fizer fila vira uma confus�o maior. Ningu�m respeita. �s 5h30 j� tem uma fila dos infernos para vir ao Centro N�o tem jeito. Quem est� na ponta da fila (nas esta��es) n�o escolhe se vai sentado ou em p�. � entrar ou entrar”, ironiza Jeferson.
A desorganiza��o das filas tamb�m confunde quem acaba de chegar para o transbordo nas linhas alimentadoras. “Na hora de embarcar nos �nibus das linhas alimentadoras o que se v� � um grande n�mero de pessoas, em mais de uma fila para cada ponto. Algumas filas s�o verdadeiros carac�is. N�o h� ningu�m para orientar ou mesmo grades separando as pessoas”, acrescenta a contadora Rosali Souza, de 46.
Avan�o no transporte coletivo
Apesar dos problemas, h� quem reconhe�a os avan�os do Move. “Os �nibus est�o cheios nos hor�rios de pico, mas acho que � uma quest�o de ajuste para melhorar. No meu caso, des�o na Esta��o Pampulha e n�o dependo de linhas alimentadoras. E a vantagem � que algumas linhas do BRT passam pr�ximo de onde moro, no Funcion�rios”, diz o estudante de medicina Gustavo Pizzano, de 21.
A escritur�ria Carmem L�cia, 61, n�o se beneficia da integra��o do sistema, mas admite que a filha – que estuda na Savassi –, hoje paga uma �nica tarifa ao pegar tr�s linhas de �nibus. Outro usu�rio do Move ouvido pela reportagem, que n�o se identificou, tamb�m concorda que quem mora em bairros da Pampulha e Venda Nova passou a ter melhor acesso � Regi�o Centro-Sul. “A integra��o � boa do ponto de vista financeiro. Mas o sobe e desce nas esta��es torna o trajeto demorado”. J� a vigilante Soraia Leite, de 43, disse que est� experimentando as op��es do BRT para se deslocar de Venda Nova ao Centro. “O sistema parece bom e, com mais informa��es, vai dar para aproveitar melhor”.
A estrutura das esta��es, rec�m conclu�das, � outro motivo de insatisfa��o. Gr�vida de seis meses, a recepcionista Daise Braga, de 25, encara na pele a dificuldade de chegar ao local de embarque, al�m de um assento livre – embora tenha prioridade. “Defeitos na escada rolante e nos elevadores s�o comuns. N�o � f�cil subir a escada lotada de pessoas, como �nico acesso � �rea de embarque das linhas alimentadoras. Uma rampa seria uma alternativa”, sugere.
Para o representante comercial Sandro Guimar�es, outro problema � a falta de seguran�a. Ele aponta o risco aos quais os usu�rios est�o expostos no embarque e desembarque entre as diferentes linhas. Dentre eles o fato de alguns motoristas n�o respeitarem a dist�ncia m�xima de atracagem de 13cm, no v�o livre entre os �nibus e as plataformas. “Quando se chega na esta��o, n�o h� policiais. Quanto mais tarde, maior o risco de assaltos”, diz Sandro.
A opini�o geral dos usu�rios do Move � reconhecida pelos motoristas e fiscais que trabalham no sistema. Na Esta��o Pampulha, falta estrutura de apoio aos profissionais. “N�o h� seguran�a para quem trabalha, o banheiro n�o � individual nem mesmo temos um local para fazer as refei��es. As marmitas s�o esquentadas nos motores dos �nibus. N�o s� os passageiros que enfrentam problemas aqui”, desabafou um dos condutores. Sinal de que ainda � preciso ajustar muitos detalhes para o rec�m implantado transporte r�pido por �nibus (BRT) entrar nos eixos e cair nas gra�as do belo-horizontino.