
Apesar das insistentes placas distribu�das no Parque das Mangabeiras, ensinando a manter dist�ncia m�nima de dois metros dos animais silvestres, a descartar o lixo em casa e a n�o dar comida, muitos moradores de Belo Horizonte ainda menosprezam e riem das recomenda��es. “Trouxemos bananas para atrair os micos. Viemos com um grupo de oito alem�es que est�o doidos para ver macacos no Brasil”, revelou a integrante de um grupo de interc�mbio para idosos. “A gente joga uma banana. De um lado, v�m os micos, e do outro, os bi�logos do parque”, explica a mulher, que tomou o cuidado de, pelo menos, n�o oferecer alimenta��o industrializada aos animais.
“Belo Horizonte precisa desenvolver uma rela��o de respeito para com os bichos. O problema � que o ser humano deixou de conviver com os animais, a n�o ser que estejam presos no zool�gico ou na coleira”, alerta a advogada Val Consola��o, ativista da causa animal. Mais eficiente do que o manejo das capivaras e jacar�s da Pampulha, al�m de outros sujeitos ao desequil�brio, os ambientalistas preconizam como estrat�gia para a capital mineira a castra��o dos animais. “� uma forma de controle populacional �tica. Os bichos deixam de se reproduzir e a situa��o se resolve naturalmente, por meio do envelhecimento”, afirma Maciel. Segundo ele, foi o que aconteceu com a popula��o de gatos do Parque Municipal de BH, castrados com a ajuda dos volunt�rios das ONGs especializadas na prote��o aos direitos dos animais.

Atra��o na Copa
“� bom lembrar que os animais silvestres chegaram aqui antes de n�s”, adverte Fernando Perini, que estuda os mam�feros no Instituto de Ci�ncias Biol�gicas (ICB) da UFMG. Ele lembra que, no caso da Lagoa da Pampulha e do Parque das Mangabeiras, o ser humano criou verdadeiros o�sis para os animais silvestres, ao espantar predadores maiores e oferecer alimento em abund�ncia. “Essa pol�tica de remover as capivaras da Pampulha vai se tornar in�cua, porque outras vir�o pelos c�rregos, assim como vieram as primeiras. � perfeitamente vi�vel a conviv�ncia pac�fica entre os homens e os animais silvestres”, defende ele, dizendo que as capivaras foram a maior atra��o para os estrangeiros na Copa do Mundo, mais do que a arquitetura de Niemeyer e os jardins de Burle Marx.
A adapta��o das aves ao ambiente urbano � outro desafio a ser enfrentado. Segundo o ecologista de aves da UFMG Marcos Rodrigues, das 700 esp�cies de aves existentes em Minas Gerais, somente 200 conseguem sobreviver em meio �s luzes da cidade. “Elas s�o fotof�bicas, ou seja, t�m medo da luz. Gostam de viver no escurinho da cidade e est�o totalmente adaptadas � vida na floresta, alimentando-se de insetos e frutos”, explica. Ao mesmo tempo, em fun��o da maior oferta de recursos alimentares nas metr�poles, algumas aves estariam se dando bem com as novas condi��es ambientais nos centros urbanos. Com o aumento das palmeiras nos condom�nios fechados, que oferecem coquinhos, come�aram a aparecer revoadas de tucanos e periquitos nas cidades grandes, nos �ltimos 20 anos. Para tudo existe um lado bom.