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Estado de Minas

Estiagem, seca do S�o Francisco e inc�ndios prejudicam o turismo na Serra da Canastra

Comerciantes do entorno da Serra da Canastra lamentam afastamento de visitantes, devido aos inc�ndios e ao fechamento do parque. O Rola-Mo�a, na Grande BH, continua queimando


postado em 26/09/2014 06:00 / atualizado em 26/09/2014 07:14

Pedro Ferreira
Enviado especial


A Praça da Matriz, em São Roque de Minas, ponto de encontro e de confraternização de turistas, está completamente vazia (foto: Leandro Couri/EM/D.A Press)
A Pra�a da Matriz, em S�o Roque de Minas, ponto de encontro e de confraterniza��o de turistas, est� completamente vazia (foto: Leandro Couri/EM/D.A Press)


S�o Roque de Minas – O �ltimo fim de semana das f�rias do casal Lu�s Fernando Lopes, de 47 anos, e Luciene Oseti, de 42, foi reservado para visitar o Parque Nacional Serra da Canastra, onde nasce o Rio S�o Francisco, no munic�pio de S�o Roque de Minas, na Regi�o Centro-Oeste. Ontem, eles pegaram a estrada em Vargem Grande do Sul, interior paulista, e, depois de 300 quil�metros, a decep��o. A nascente principal do Velho Chico secou, mais da metade do parque virou cinzas por causa dos inc�ndios florestais e a �rea estar� fechada � visita��o at� 6 de outubro. “Muito triste”, lamentou Luciene.

O casal conheceu a nascente do Velho Chico h� seis anos e durante todo esse tempo Luciene sonhou em voltar para rever os campos de sempre-vivas, pelos quais corriam veados-campeiros e os carcar�s davam voos rasantes. “Voltamos porque ficamos encantados com a beleza do lugar. Vimos tamandu�s e, na nascente, corria �gua cristalina”, comentou Lu�s, que � marceneiro. “N�o fa�o mais quest�o de ir l� em cima agora e encontrar tudo destru�do.”

Luciene e o marido, Luís Fernando, saíram do interior paulista para rever a nascente do Velho Chico e vão embora frustrados (foto: Leandro Couri/EM/D.A Press)
Luciene e o marido, Lu�s Fernando, sa�ram do interior paulista para rever a nascente do Velho Chico e v�o embora frustrados (foto: Leandro Couri/EM/D.A Press)
Mais da metade do parque foi consumido pelas chamas nos �ltimos meses. Em julho, j� eram 40 mil hectares de vegeta��o destru�dos, de um total de 71,5 mil hectares de �rea de conserva��o. Em agosto e setembro houve mais oito inc�ndios. Semana passada, foram quatro dias de fogo na �rea da nascente do S�o Francisco. As chamas mataram cobras, tamandu�s, corujas-buraqueiras e outras aves que fazem ninhos no ch�o.

 Segundo o cabo Luiz Carlos de Lima, da Pol�cia Militar Ambiental de S�o Roque de Minas, � muito dif�cil saber a origem do fogo. Ele disse que 80% da vegeta��o no entorno do parque s�o de campo nativo e os fazendeiros fazem uso de queimadas para renovar as pastagens. Mesmo asssim n�o h� como descobrir se o inc�ndio � criminoso. “Queimam tr�s, quatro, cinco propriedades de uma vez. Os pr�prios fazendeiros registram boletim de ocorr�ncia, porque t�m preju�zo.”

Sem p�ssaros

Preju�zo tamb�m para pousadas, hot�is, supermercados, postos de combust�veis e outros estabelecimentos que dependem do turismo.  Bruno Barcelos, de 44, dono de pousada est� inconsol�vel. “Fecharam o parque e os visitantes desapareceram.” Segundo ele, h� turistas que j� conhecem a regi�o e procuram as mais de 40 cachoeiras do entorno do parque, mas muitas dessas �reas tamb�m foram afetadas pelos inc�ndios e o volume de �gua est� muito abaixo do normal. “Pessoas de outros estados ficaram sabendo da situa��o e mudaram o destino da viagem.”

O Parque Nacional Serra da Canastra � atra��o tamb�m para estrangeiros observadores de aves, mas muitos j� cancelaram a viagem. “H� duas semanas, um mexicano vem mandando e-mails para minha pousada querendo saber como est� o parque. Observador de aves, que h� mais de um ano vinha fazendo planos, n�o se interessa mais em viajar. Muitas aves morreram queimadas ou se afastaram”, disse Breno.

“Grupos formados por ag�ncias internacionais est�o deixando a Serra da Canastra de fora dos roteiros”, lamenta. A principal atra��o dos observadores de aves no parque, segundo ele, � o pato mergulh�o, que, al�m da Serra da Canastra, � avistado na �rea do Jalap�o, em Tocantins. Segundo o secret�rio de Meio e Ambiente e Turismo de S�o Roque, Andr� Picardi, 30% do or�amento do munic�pio v�m do turismo.


Grupos de estudos de escolas e faculdades, que fazem trabalhos de campo, tamb�m est�o cancelando reservas. “Isso gera um impacto muito grande”, lamentou o secret�rio. H� pousadas dispensando funcion�rios que trabalham informalmente. Os comerciantes lembram de uma situa��o semelhante ocorrida h� cerca de quatro anos, quando houve greve de funcion�rios do Ibama e do Instituto Chico Mendes, que administra o parque. “Na �poca, o parque ficou 30 dias fechado e o impacto na economia foi enorme”, diz Andr�

Preserva��o

Marcello do Valle, de 45, � guia tur�stico e est� preocupado. “Essa situa��o prejudica toda uma cadeia econ�mica, que vai do posto de combust�vel aos supermercados e �s pousadas.” Para ele, a preserva��o da �rea deveria estar acima dos interesses individuais. “Acredito que a dire��o do parque tem um embasamento t�cnico para determinar o fechamento.” Marcello trabalha com grupos de observadores de aves e de mam�feros, al�m do turismo convencional. “Eu tinha grupos marcados para a pr�xima semana com o �nico objetivo de ver o lobo-guar�.”

A presidente da Associa��o do Turismo da Serra da Canastra (Atusca), Daniela Labonia, dona de ag�ncia de viagens, disse que o turista n�o vai gostar de ver o parque como est�, mas acha precipitado o fechamento. A �rea foi interditada � visita��o para a seguran�a dos animais, que est�o concentrados no entorno da estrada, onde se sentem mais seguros durante os inc�ndios. “H� queimadas todos os anos, mas n�o tenho conhecimento de atropelamentos de animais dentro do parque”, disse Daniela.

 


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