Gustavo Werneck

O Rio S�o Francisco j� perdeu um quil�metro de extens�o nas suas nascentes, na Serra da Canastra, Regi�o Centro-Oeste de Minas, por causa da seca que castiga a regi�o. A constata��o � de um grupo de autoridades, representantes de institui��es de ensino e ambientalistas que, na tarde de s�bado, visitou o trecho afetado pela longa estiagem e destru�do por inc�ndios florestais. “A situa��o � bem pior do que imagin�vamos. Se n�o chover logo, o problema vai se agravar, pois verificamos, em muitos munic�pios, um quadro cr�tico, com lagoas, c�rregos e rios secando”, disse, ontem, o presidente do Comit� da Bacia Hidrogr�fica dos Afluentes do Alto S�o Francisco, formado por 29 cidades, e secret�rio de Meio Ambiente de Lagoa da Prata, Lessandro Gabriel da Costa.
O trecho seco vai at� a est�tua de S�o Francisco, marco que se tornou s�mbolo do ber�o mineiro do chamado “Rio da Unidade Nacional”. Impressionado com o cen�rio de desola��o, conforme foi mostrado em reportagem do Estado de Minas, Lessandro disse que a popula��o precisa estar preparada, evitando o desperd�cio do recurso natural e evitando de vez as queimadas, pr�tica que se alastra, acaba com a biodiversidade e extermina as matas protetoras. Nesse rastro onde o cinza se sobrep�e ao verde, os animais agonizam ou morrem esturricados.
“N�o h� mais �rvores em volta das nascentes. Queimou tudo, mas n�o adianta tamb�m fazer o replantio agora, no seco”, afirma o secret�rio, certo de que � fundamental estar em alerta. “Ningu�m nunca se preparou para a falta de �gua. Pode ser que chova muito em breve, mas esse momento nos d� uma li��o: a �gua � recurso finito. � preciso aprender isso”, afirmou. “Minas est� na frente, no pa�s, em �reas destru�das pelo fogo; o reservat�rio de Tr�s Marias se encontra muito baixo, com risco para gera��o de energia. Enfim, temos que ter um plano A.”.

A��es
A situa��o na nascente do S�o Francisco preocupou o secret�rio municipal de Meio Ambiente de S�o Roque de Minas, Andr� Picardi, tamb�m integrante do comit� da bacia do Alto S�o Francisco. A exemplo de Lessandro, ele n�o acredita em interven��es f�sicas, como o plantio de �rvores, para resolver a os dramas no per�odo seco. O mais indicado, ressalta, � auxiliar a unidade de conserva��o – o Parque Nacional da Serra da Canastra, vinculado ao Instituto Chico Mendes de Conserva��o da Biodiversidade (ICMBio), �rg�o ambiental federal – num plano de manejo contra o fogo, incluindo a constru��o de aceiros e outras iniciativas.
“O cen�rio que vimos � desolador e deixa qualquer um muito triste. O fogo pode fazer parte do ciclo do cerrado, mas n�o dessa forma. Moro aqui na regi�o h� 20 anos e temos que pensar no futuro”, disse Picardi. Como dado, ele cita o trabalho da Justi�a Federal de Passos, no Sul de Minas, para resolver conflitos referentes � velha quest�o fundi�ria na Serra da Canastra, criado em 1972. “H� 150 processos tramitando na comarca e vemos agora uma concilia��o com os propriet�rios de �reas confrontantes com o parque”, disse o secret�rio.
Participaram tamb�m da visita os diretores do parque nacional, representantes da Secretaria Municipal de Meio Ambiente de Pains, da Emater e da PUC Minas de Arcos, Instituto Mineiro de Gest�o das �guas, Escola Superior de Meio Ambiente de Iguatama e Ag�ncia da Bacia do S�o Francisco Peixe Vivo.