
O prefeito de Belo Horizonte Marcio Lacerda (PSB) disse nesta ter�a-feira que as pessoas devem parar de ficar dando presentes, doces e comidas aos moradores de rua para n�o incentivar a presen�a deles nos locais onde est�o. “As pessoas deveriam se negar a ajudar essas pessoas e ligar para o telefone 156 da central de relacionamento da prefeitura e pedir a presen�a de um assistente social”, disse Lacerda, quando recebia o Selo Munic�pio Livre do Analfabetismo, concedido pelo Minist�rio da Educa��o, no Teatro Francisco Nunes.
A declara��o do prefeito foi uma resposta � insatisfa��o de comerciantes da Savassi, na Regi�o Centro-Sul, que amea�am fechar as portas do com�rcio em protesto � falta de seguran�a atribu�da � presen�a de criminosos disfar�ados de moradores de rua, segundo eles. Pesquisa feita no in�cio deste semestre pela CDL, que entrevistou 202 comerciantes da Savassi para avaliar a insatisfa��o deles, aponta que as principais dificuldades � com a falta de estacionamento (30%), presen�a de moradores de rua (21,16%), falta de limpeza urbana (10,93%), de ilumina��o (7,21%), e de seguran�a e de policiamento (7,21%).
Segundo ele, as pessoas querem fazer caridade, est�o bem intencionadas, mas cerca de 600 moradores t�m o cart�o-alimenta��o que oferece tr�s refei��es por dia nos restaurantes populares, abrigos. Al�m disso, segundo ele, h� o Centro de Sa�de Carlos Chagas, especializado em atendimento a eles, consult�rio de rua para tratar a quest�o do crack, entre outros servi�os. “A abordagem dessas pessoas � constante para tentar ajud�-las. Mas, boa parte deles t�m dificuldade at� de passar a noite em um abrigo por haver regras, como hor�rio de sil�ncio”, disse.
MALANDROS Para o prefeito, deve haver um sistema de informa��o policial para retirar os “malandros de rua” infiltrados entre aqueles que vivem ao relento. “Essa a��o policial deve ser mais permanente. N�o � uma tarefa da prefeitura. O tempo todo a gente dialoga com a PM sobre isso e apoiamos as suas opera��es. N�o fazemos esse trabalho policial de prender traficantes”, reagiu o prefeito.
O sofrimento mental � a principal causa da presen�a das pessoas nas ruas, segundo Lacerda, e as estruturas de atendimento est�o sendo ampliadas. “Inauguramos h� duas semanas o segundo Centro de Refer�ncia Mental, �lcool e Droga e vamos fazer mais dois”, disse.
Lacerda disse que a prefeitura tem acompanhado a popula��o sem situa��o de rua e que h� um comit� intersetorial envolvendo as pol�cias Militar, Civil, Minist�rio P�blico, Organiza��es N�o-governamentais e igrejas que se re�ne mensalmente para discutir e buscar solu��o para o problema. Segundo ele, a maioria de quem vive nas ruas � portador de sofrimento mental, consome drogas, e que o munic�pio n�o pode retir�-los � for�a das ruas. “At� para recolher objetos em excesso deles foi necess�rio uma grande negocia��o. Houve, inclusive, a��es da Justi�a contra a prefeitura”, disse o prefeito, lembrando que foi feito um censo e hoje s�o 1,8 mil pessoas vivendo nas ruas da capital. “Eles est�o se juntado em determinadas �reas. No ano passado, conseguimos retirar das ruas cerca de 230 pessoas com muito esfor�o e trabalho de convencimento. A gente busca as fam�lias deles em Belo Horizonte e em outros estados, mas outros continuam chegando”, disse o prefeito. “O mundo inteiro tem problemas com moradores de rua. Os Estados Unidos t�m 3 milh�es de pessoas vagando nas ruas. Participei de uma reuni�o de prefeitos no in�cio do ano em Vancouver, que � uma cidade riqu�ssima, e que tem 1,5 mil morando nas ruas”, disse Lacerda.
A Pol�cia Militar informou que as reclama��es sobre a presen�a de moradores de rua e a sujeira deixada por eles na porta dos com�rcios cresceram muito este ano, que os empres�rios t�m recorrido � PM para relatar inc�modo, mas a corpora��o atua somente em situa��es de crime. A PM disse ter uma limita��o em rela��o aos moradores de rua que � a quest�o criminal. “Se h� evid�ncia de crime, a gente faz interven��o como, por exemplo, no uso de drogas ou tr�fico. No entanto, o encaminhamento desses moradores quem faz � a prefeitura”, disse o comandante do 1º Batalh�o da PM, tenente-coronel Helbert Figueir�.