
Mal chegou o al�vio, veio junto a preocupa��o. Bastaram as primeiras chuvas para provocar estragos em ruas e avenidas e medo entre moradores e comerciantes de �reas historicamente marcadas por alagamentos na Regi�o Metropolitana de Belo Horizonte. Com ac�mulo de 55 mil�metros registrado em esta��o na Pampulha, o equivalente a 45% da m�dia de outubro para a capital, a pancada de ontem acendeu o alerta sobre como ser� o per�odo chuvoso na Grande BH e a preocupa��o com o que j� foi feito para evitar preju�zos e mortes. O temporal de ter�a-feira foi suficiente para provocar alagamentos e estragos no asfalto, principalmente em locais como o limite entre a capital e Contagem, na Avenida Tereza Cristina, al�m de carregar lixo para bueiros e outras estruturas de drenagem.
Em Belo Horizonte, apesar de a prefeitura garantir estar investindo R$ 500 milh�es em obras em andamento, s� foram efetivamente conclu�das, desde a temporada chuvosa do ano passado, interven��es para evitar cheias no entorno dos c�rregos Jatob� e Olaria, no Barreiro. No C�rrego da Serra (Centro-Sul), a amplia��o do canal tem previs�o de ficar pronta neste semestre. Ainda est�o no papel interven��es importantes para a cidade, como a implanta��o de um canal de drenagem paralelo � Avenida Francisco S�, no Prado (Regi�o Oeste) e interven��es no C�rrego Cachoeirinha e nos ribeir�es Pampulha e On�a – estas �ltimas com impactos diretos nas avenidas Cristiano Machado e Bernardo Vasconcelos, onde alagamentos s�o frequentes. Apesar de destacar os investimentos, a administra��o municipal afirma que inunda��es s�o eventos naturais e admite que n�o � poss�vel realizar obras que eliminem por completo os riscos.
Enquanto BH espera por obras, sinais que antecedem alagamentos mais s�rios j� est�o espalhados pelas ruas, como pontos de drenagem cobertos de folhas e lixo. Na Avenida Francisco S�, no Prado, – um dos 80 pontos de alagamentos da capital – comerciantes cansados de perder mercadorias com as enchentes tentam se prevenir como podem. “Vou providenciar uma porta de a�o para diminuir o volume de �gua que entra na loja, j� que nenhuma obra foi feita para evitar enchentes aqui”, afirma Mary �ngela Alves Garcia, de 43 anos, dona de uma loja de acess�rios para carro na via. Bem perto do estabelecimento, v�rios bueiros deixavam evidente o sinal de perigo. A comerciante lembra que a popula��o tamb�m precisa colaborar, evitando jogar lixo na rua.
Como medida preventiva, a Superintend�ncia de Limpeza Urbana (SLU) informa ter intensificado o trabalho de limpeza das bocas de lobo em toda a cidade. Somente neste ano, cerca de 5,1 toneladas de lixo devem ser recolhidas dos bueiros, quantidade 91% maior do que as 2,6 toneladas retiradas h� cinco anos. Segundo a SLU, foram mapeados 5.675 pontos de aten��o, que recebem cuidados especiais por causa do hist�rico de alagamento. Nos c�rregos, a��es de limpeza retiraram 1,8 metro c�bico de res�duos e 6,2 metros c�bicos de mato.
ALERTA
Chuvas r�pidas e intensas, como a que provocou danos na Grande BH anteontem, podem se repetir nos pr�ximos dias, de forma isolada. Isso porque, segundo o meteorologista Ruibran dos Reis, do Insituto Climatempo, a temporada de precipita��o duradoura s� deve ocorrer em dezembro. Mas a sensa��o de alerta trazida pelas primeiras pancadas � positiva, de acordo com o coordenador municipal de Defesa Civil, coronel Alexandre Lucas, que ressalta o papel de cada belo-horizontino para evitar trag�dias. “Trabalhamos com alerta m�ximo de outubro a mar�o e temos medidas p�blicas de preven��o e conten��o de desastres, mas as pessoas podem contribuir, evitando locais de risco, se informando sobre alertas e convocando pessoas no entorno para n�o transitar em �reas de risco”, disse. Outra medida fundamental, disse, � a consci�ncia sobre o descarte correto do lixo.
Com a chuva de ontem, bombeiros receberam chamado para socorrer moradores ilhados em resid�ncias em bairros como o Tirol, na Regi�o do Barreiro. Na Avenida Vilarinho, em Venda Nova, sinais de tr�nsito pararam de funcionar depois do temporal.
De acordo com a Secretaria Municipal de Obras e Infraestrutura, a situa��o de Belo Horizonte em rela��o a alagamentos � comum a todas as cidades brasileiras que experimentam os efeitos negativos da expans�o acelerada. Diante disso, a prefeitura afirma trabalhar por meio da Pol�tica de Redu��o do Risco de Inunda��es. “Cada obra ter� sempre seu limite de capacidade de resposta, que dever� ser aquele que venha a mitigar adequadamente os efeitos das inunda��es, tornando-as menos freq�entes e garantindo maior seguran�a �s �reas de risco”, informou a pasta.

Contagem, na Grande BH, foi uma das cidades mais afetadas pela chuva que encerrou um longo per�odo de estiagem. Na Avenida Tereza Cristina, no sentido Belo Horizonte, pr�ximo � Avenida Tito Fulg�ncio, tr�s faixas ficaram alagadas desde a madrugada at� por volta das 12h de ontem, obrigando a Transcon a fechar parcialmente a via. Um caminh�o hidrojato foi usado para sugar a �gua e liberar a pista.
Ainda na Tereza Cristina, tamb�m pr�ximo � divisa com BH, no encontro do C�rrego Ferrugem com o Ribeir�o Arrudas, o asfalto foi todo removido pela enchente. Na madrugada de ontem, o ribeir�o transbordou e a �gua subiu 80 cent�metros.
Na avalia��o do gerente de Drenagem da Secretaria de Obras da Prefeitura de Contagem, Wilson Santos, o transbordamento ocorreu principalmente devido ao lixo acumulado e ao excesso de chuva. “A vaz�o do Arrudas � mais forte que a do Ferrugem, por isso a �gua n�o conseguia entrar no ribeir�o.”
Ainda em Contagem, um barranco cedeu e rompeu canos da Copasa, inundando um barrac�o na Rua das Ac�cias, no Bairro Eldorado. Militares resgataram tamb�m pessoas que ficaram presas em carros no Bairro �gua Branca.
De acordo com a assessoria da prefeitura, obras do Programa de Acelera��o do Crescimento (PAC) 2 foram feitas na regi�o para melhorar o problema dos alagamentos e h� previs�o de novos projetos. Ainda segundo a administra��o, a��es de preven��o, como limpeza de bueiros e c�rregos, s�o feitas durante todo o ano e intensificadas no per�odo chuvoso.