Sem conseguir uma redu��o significativa da viol�ncia nas estradas com a instala��o de radares e lombadas eletr�nicas nas rodovias federais mineiras, a esperan�a das autoridades agora � frear a imprud�ncia com multas mais caras. Os 653 aparelhos implantados pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) em 15 rodovias, entre 2012 e 2013, s� foram capazes de diminuir os acidentes em 8,4% e as mortes em 5,4% no per�odo, segundo dados da Pol�cia Rodovi�ria Federal (PRF). A partir de 1º de novembro, a meta � inibir as batidas frontais – uma das principais causas de �bitos no tr�nsito – por meio do aumento no valor das multas por manobras perigosas. Com a entrada em vigor da Lei 12.971/2014, o motorista que usar trevos, acostamentos, pontes e faixas cont�nuas para ultrapassar ter� de pagar R$ 957,70 em vez dos R$ 191,54 cobrados por outras infra��es grav�ssimas. Em caso de reincid�ncia, o peso � ainda maior e o valor � cobrado em dobro.
Em alguns casos, segundo a PRF, a instala��o dos radares chegou a incentivar atitudes imprudentes de motoristas apressados em rodovias como a BR-381, entre Belo Horizonte e Jo�o Monlevade, trecho conhecido como Rodovia da Morte devido aos altos �ndices de acidentes. Na sexta-feira, em um per�odo de 30 minutos, por exemplo, 12 motoristas usaram a contram�o para ultrapassar pela faixa cont�nua os ve�culos que reduziram a velocidade para passar pelo radar que monitora o km 475, em Ravena.
Um dos infratores foi o condutor de um Fiat Strada, que ultrapassou dois carros, uma carreta e uma moto usando a contram�o como se fosse um terceira pista. Um caminh�o que descia em sentido contr�rio precisou se desviar bruscamente para o acostamento para n�o atingir a picape. “Quando h� carretas subindo, os motoristas abusam mesmo. Os acidentes diminu�ram nos �ltimos anos com os radares, mas os motoristas n�o est�o respeitando os ve�culos, que ficam mais lentos para passar no radar”, diz o frentista Pedro Paulo Pinto, de 51 anos, que trabalha h� 15 anos num posto pr�ximo ao radar.
Risco no acostamento Al�m dos 12 motoristas que invadiram a faixa cont�nua para as ultrapassagens, pelo menos cinco o fizeram para entrar de uma vez no posto, em vez de parar no acostamento para cruzar a pista com menos movimento. “Sou a favor de aumentar a multa porque esse pessoal que atravessa a estrada de uma vez n�o sabe que uma carreta n�o consegue parar de uma vez e pode causar uma trag�dia”, opina o caminhoneiro Carlos Ant�nio Vila�a, de 51, que todos os dias vai pelo menos duas vezes de Bar�o de Cocais (Regi�o Central) a Ribeir�o das Neves (Grande BH), transportando barro para uma olaria.
A imprud�ncia na BR-381 ocorre independentemente em trechos de pista simples ou com terceira faixa. Em Sabar�, os acostamentos s�o usados por carretas para permitir a passagem de ve�culos mais r�pidos pela pista simples. Uma gentileza que al�m de custar mais caro – a puni��o vai passar de multa de R$ 127,69 e cinco pontos na carteira para R$ 957,70 e sete pontos – pode provocar acidentes. A nova legisla��o mudou tamb�m as penas e valor de multas para quem disputa rachas e faz manobras perigosas. Todas as infra��es passaram a ser consideradas grav�ssimas, com perda de sete pontos na carteira e pagamento de R$ 1.915,40, que dobra com a reincid�ncia. No caso de pegas, a pena sobe de seis meses a tr�s anos de pris�o para reclus�o de cinco a 10 anos em caso de morte.
Motoristas cobram maior fiscaliza��o
O aumento no valor das multas � aprovado por motoristas para reduzir a imprud�ncia, mas muitos cobram fiscaliza��o mais efetiva nas estradas. “Quando o Dnit instalou os radares, percebemos uma redu��o de acidentes. Mas, depois disso, a PRF parou de fiscalizar o trecho e deixou tudo para os radares”, disse o frentista Pedro Paulo Pinto. “Sem ter um policial por perto vai ficar tudo como est�. A multa pode at� custar um milh�o, mas um motorista pisca farol para o outro e a� a pessoa reduz a velocidade at� passar pela blitz ou pela viatura”, completou o caminhoneiro Leonel Marques, de 40 anos, natural de Blumenau (SC).
A PRF confirma que n�o far� opera��es especiais para conseguir maior impacto entre os motoristas com a entrada em vigor da nova lei que endurece as multas e penas para ultrapassagens perigosas. Por�m, segundo o assessor de imprensa da corpora��o, inspetor Aristides Amaral J�nior, a proximidade das opera��es de fim de ano ajudar� a reprimir motoristas imprudentes. “Com o valor muito alto da infra��o, o motorista vai pensar duas vezes antes de cometer um ato de irresponsabilidade. Porque vai doer mais no bolso dele”, disse.