
Em tempos de internet banking e compras eletr�nicas cada vez mais difundidas na web, as pessoas se preocupam muito com os riscos de serem v�timas de golpes de estelionat�rios especializados em cybercrimes. Entretanto, de acordo com dados da Pol�cia Civil, golpes antigos, praticados h� 30, 40 ou 50 anos, continuam frequentes e dando muito preju�zo a quem � enganado pela conversa dos golpistas. S�o fraudes aplicadas no meio da rua, no interior de ag�ncias banc�rias ou pelo telefone, sem qualquer tipo de sofistica��o, mas bastante eficientes e lucrativas para os criminosos. Somente na 4ª Delegacia do Centro, em Belo Horizonte, este ano j� foram registradas mais de 300 ocorr�ncias desse tipo, segundo informa o delegado Marcelo de Andrade Paladino.
A “dona” do dinheiro, se mostrando agradecida, oferece uma recompensa para as duas, com a condi��o de todas irem a um escrit�rio receber a gratifica��o. A golpista que "achou" o dinheiro entra em um pr�dio qualquer e retorna com uma boa quantia em dinheiro. A v�tima fica interessada e � orientada a deixar a sua bolsa e objetos de valor com a dupla, sob argumento de que n�o � permitido entrar com bolsa no lugar onde ela vai. “A v�tima deixa tudo com as golpistas, e vai atr�s da recompensa e n�o acha. O andar do pr�dio ou sala indicada n�o existem e ela, quando volta, v� que as golpistas j� sumiram com a bolsa”, conta o delegado.
“Ele encontrava um terreno abandonado em bairros afastados de cidades da Grande BH, colocava uma placa com seu telefone e estipulava um valor muito abaixo do mercado. A v�tima se interessava, ligava e o golpista combinava fechar o neg�cio no Centro de BH. Com um contrato de gaveta e nomes falsos, o estelionat�rio conseguia faturar at� mais de R$ 40 mil em um �nico golpe, lesando as v�timas, pessoas humildes, que perdiam as economias de toda uma vida”, relata o policial, que tamb�m atribui parte da responsabilidade �s v�timas. “A pessoa, na �nsia de se dar bem e obter alguma vantagem, deixa de conferir detalhes do neg�cio e acaba enganada.”
Jogo da tampinha
Um dos golpes mais antigos ainda resiste no Centro de BH: o da tampinha. “Normalmente, as v�timas s�o pessoas do interior. Os golpistas viram tr�s forminhas de empada ou tr�s latinhas de cabe�a para baixo e escondem uma bolinha em um dos tr�s recipientes. Come�am a trocar as forminhas ou as latinhas de lugar, fazendo a v�tima apostar em qual das tr�s est� a bolinha”, explica o delegado, que continua: “Eles fazem com que a v�tima ganhe uma, duas, tr�s vezes, at� ela ganhar confian�a e apostar um valor mais alto. A�, sem que o apostador perceba, escondem a bolinha e a pessoa fica no preju�zo”.
Outro tipo de estelionato tamb�m comum no Centro � a troca de cart�o banc�rio em caixas eletr�nicos. “Os golpistas se passam por funcion�rios do banco, andam bem vestidos e normalmente agem quando a ag�ncia j� fechou. �s vezes, usam at� crach�. A v�tima, normalmente idosa, pede ajuda ao estelionat�rio, que tem um cart�o semelhante ao que o cliente porta. Ao ajudar a v�tima, o golpista anota mentalmente a senha do cart�o. Ao fim da opera��o, ele troca os cart�es. Entrega o que trazia consigo e fica com o da v�tima. A�, saca o dinheiro”, informa Marcelo.
Em abril, dois especialistas neste tipo de golpe foram presos. Eles sa�am cedo de casa e percorriam os terminais de autoatendimento de bancos na Regi�o Central da capital, embora tamb�m agissem na Grande BH e no interior do estado. Na mira dos bandidos, idosos desacompanhados ou pessoas com dificuldades de manusear caixas eletr�nicos. Os dois chegavam a aplicar 25 golpes por m�s, faturando R$ 30 mil. “Os golpes se repetem e as pessoas continuam caindo”, alerta o delegado. A pena para o crime de estelionato � de um a cinco anos, e em pouco tempo os criminosos est�o de novo nas ruas em busca de novas v�timas.