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Estado de Minas

Estelionat�rios buscam v�timas e agem com mais intensidade na Zona Sul de BH

Vigaristas passam a agir com mais intensidade na Zona Sul de BH, onde as pessoas t�m maior poder aquisitivo. Golpe do bilhete premiado � o favorito dos criminosos


postado em 10/11/2014 06:00 / atualizado em 10/11/2014 07:47

Falso bilhete premiado apreendido pela PM em poder de um estelionatário. Golpe está se tornando corriqueiro na capital(foto: Sidney Lopes/EM/DA Press)
Falso bilhete premiado apreendido pela PM em poder de um estelionat�rio. Golpe est� se tornando corriqueiro na capital (foto: Sidney Lopes/EM/DA Press)


De olho no maior poder aquisitivo dos moradores da Regi�o Centro-Sul de Belo Horizonte, alguns estelionat�rios come�aram a agir na �rea, segundo alerta o delegado da 3ª Delegacia Distrital Sul do Bairro Sion, Leandro Alves Santos. De acordo com o policial, o tipo de golpe favorito para ludibriar as v�timas, normalmente pessoas idosas, � o do bilhete premiado.

Os criminosos sempre agem em dupla e um deles finge ser uma pessoa simples, analfabeta, e aborda algu�m na rua dizendo que ganhou um pr�mio na loteria e que precisa de ajuda para resgatar o dinheiro. O fim dessa hist�ria quem conta � uma funcion�ria p�blica aposentada de 71 anos, que mora na Cidade Jardim, caiu na l�bia do golpista e teve preju�zo de R$ 4,5 mil, em fevereiro.


A aposentada andava pela Avenida Prudente de Morais, perto da sua casa, e foi abordada por um rapaz bem-arrumado que pediu informa��es de um endere�o. “Eu n�o sabia onde ficava e nisso chegou uma mo�a bem vestida que ofereceu ajuda. O homem comentou que era analfabeto, morava no Paran�, e estava em Belo Horizonte para resgatar R$ 1 milh�o de um pr�mio da loteria. Na mesma hora ele disse que se a gente o ajudasse nos daria 10% do pr�mio”, relata a v�tima.

A outra mulher era comparsa do golpista e demonstrou interesse em ajudar, oferecendo seu carro para levar o homem � casa lot�rica. “Ela disse que ia telefonar primeiro para um amigo que trabalha na Caixa Econ�mica Federal para confirmar se realmente o bilhete era premiado. Ela disse ter confirmado e falou bem baixinho comigo: “Vamos continuar ajudando, mas n�o conta pra mais ningu�m, pra gente n�o ter que dividir o dinheiro”, disse � aposentada. O golpista disse que precisava de uma garantia de que n�o seria passado para tr�s pelas mulheres e pediu dinheiro ou algo de valor em troca, como joias.

A aposentada n�o comentou que carregava R$ 8 mil na bolsa, dinheiro que sacou no banco para o filho. Ela foi levada � sua casa pelos golpistas e o casal a esperou no carro. A v�tima entregou a quantia que havia sacado no banco ao filho e saiu sem falar nada com ele para retirar mais dinheiro de sua conta banc�ria e mostrar ao “milion�rio”.

Clique aqui e veja lista completa(foto: EM)
Clique aqui e veja lista completa (foto: EM)
A c�mplice alegou que queria conferir o bilhete premiado pessoalmente numa lot�rica. “A mulher foi me envolvendo e me deu uma garrafinha de �gua para beber. Estava lacrada, mas depois fiquei sabendo que eles injetam alguma coisa dentro usando uma seringa. Acho que fiquei um pouco hipnotizada”, comenta a v�tima. “A mulher me mostrou um dinheiro, dizendo que era a garantia dela, e fomos ao meu banco. Saquei todo o meu dinheiro e entreguei para o homem”, conta a idosa.


A caminho do local onde o suposto pr�mio seria retirado, o homem alegou que passava mal e pediu que a aposentada comprasse um rem�dio para ele na farm�cia. “Quando voltei, eles j� n�o estavam mais l�. Foram embora com o meu dinheiro”, conta a v�tima. Depois de perceber que era golpe, a aposentada contou ao filho e foram juntos � delegacia registrar queixa. “Tr�s meses depois a pol�cia me chamou para reconhecer um casal de suspeitos pela fotografia, mas n�o eram eles”, lamenta.

Como fui enganada

Uma professora aposentada de 60 anos foi v�tima do mesmo golpe no Bairro Santo Ant�nio, na mesma regi�o. “Parece que eles hipnotizam a gente e, dependendo do seu estado de esp�rito, voc� vai. Enganaram-me direitinho”, conta a v�tima, que entregou os R$ 1,5 mil que tinha no banco como prova de que n�o iria enganar o homem. Ela lembra que foi abordada pelo golpista, que contou ser analfabeto e que tinha acertado na loteria. “Nisso, surgiu outro homem, bem vestido, com celular na m�o e cabelos molhados, como se estivesse acabado de sair do banho, e se ofereceu para ajudar.”


No caso da professora, ela mostrou o dinheiro aos golpistas e foi orientada pelo comparsa a voltar ao banco para deposit�-lo novamente. “Antes, ele pediu meu dinheiro para colocar numa sacola preta, dizendo que n�o era bom eu carregar dinheiro na m�o. No banco, percebi que tinha um bloco de papel no lugar do dinheiro. N�o acreditei. Fiquei andando pra l� e pra c� na rua”, disse a aposentada, que n�o se perdoa pelo desejo de querer levar vantagem. “Senti-me p�ssima depois”, lamenta. Para o delegado Leandro Alves , estelionato s� ocorre porque a v�tima se coloca de esperta na situa��o. “At� o �ltimo momento, a v�tima acredita que vai levar vantagem sobre algu�m. Na realidade, ela perde”, conclui.


A orienta��o do policial � sempre desconfiar de qualquer valor ou benef�cio oferecido gratuitamente. “Sempre � bom pedir ajuda a algu�m da fam�lia. Os parentes tamb�m devem ficar atentos se h� algum comportamento fora do normal da pessoa que pode ser v�tima de golpe. Isso � mais dif�cil, pois normalmente quem participa muitas vezes n�o fala com ningu�m”, disse o delegado.


A principal dica dele � n�o ser ganancioso. “Voc� sabe, muita vantagem voc� desconfia”, disse. O policial tamb�m recomenda n�o depositar dinheiro em contas banc�rias sob promessa de vantagens. Se algu�m perder ou tiver documentos roubados, deve registrar queixa na pol�cia e ligar para o banco e operadora de cart�es de cr�dito. Outra recomenda��o � n�o fornecer dados pessoais por telefone.

Ataques pelo computador


Os crimes cibern�ticos tamb�m t�m feito v�timas em Belo Horizonte. Estelionat�rios est�o mudando a numera��o do c�digo de barras de boletos banc�rios e o dinheiro vai direto para contas de “laranjas” ou abertas pelos criminosos com documentos roubados. Em setembro, um empres�rio foi v�tima duas vezes. No primeiro golpe ele perdeu R$ 2, 2 mil. No segundo, R$ 998. Uma funcion�ria de uma empresa de produtos esportivos pagou uma d�vida de R$ 9,3 mil e o dinheiro foi para a conta de um golpista. Assim como eles, centenas de v�timas de golpes semelhantes deram queixa nas duas delegacias de Investiga��o de Crimes Cibern�ticos da capital. Os criminosos alteram os cinco primeiros n�meros do boleto, que identificam o banco, a pessoa faz o pagamento e leva um susto quando a cobran�a chega novamente. O c�digo de barras � corrompido por um v�rus ou por um hacker.

A delegada de crimes cibern�ticos, Paloma Boson Kairala, alerta que tem aumentado os crimes contra o patrim�nio. “As ocorr�ncias de maior �ndice s�o estelionato e furto mediante fraude, esse �ltimo quando algu�m invade a sua conta banc�ria e faz transfer�ncia e pagamentos”, disse a policial. Outro exemplo � o site falso. “Voc� acha que est� numa determinada loja virtual e n�o est�. L� est� descrito o produto, o seu valor, a conta para dep�sito ou pagamento de boleto banc�rio. A pessoa faz a transa��o, paga e n�o recebe a mercadoria”, disse. Os estelionat�rios tamb�m agem em sites verdadeiros, que promovem a troca ou venda de mercadorias. Oferecem produtos que n�o existem, recebem o dinheiro e n�o enviam nada.

Paloma orienta sempre manter o antiv�rus do computador atualizado e fazer uma vistoria peri�dica na m�quina. “Ao receber e-mails, n�o clicar em links desconhecidos”, disse. Ela recomenda checar sites que avaliam a idoneidade de empresas de com�rcio digital antes de fazer qualquer compra pela internet. “H� uma rela��o de firmas que n�o entregam mercadorias”, informa. A pessoa tamb�m deve salvar e-mails e arquivos dos sites de compra, assim como comprovantes de pagamento, para registrar queixa na pol�cia em caso de golpe.

O delegado C�sar Duarte Matoso, da mesma delegacia, cita outro crime virtual muito comum: a oferta de produtos com valores bem abaixo do mercado. “S�o sites criados por criminosos que n�o entregam a mercadoria. Outra modalidade � a contrata��o de empr�stimo pela internet. N�o existe isso, muito menos com pagamento de qualquer valor por parte da pessoa que contrata o empr�stimo”, destaca o policial.

“Tio, me ajuda”


Um aposentado de 70 anos, morador de BH, recebeu uma liga��o em casa. Do outro lado, um rapaz desesperado o chamava de tio e pedia R$ 400 para pagar um reboque, pois seu carro estava quebrado na estrada. O aposentado perguntou se era seu sobrinho Felipe e a pessoa do outro lado da linha confirmou. O idoso n�o teve d�vidas e, mesmo passando por dificuldades financeiras, depositou o dinheiro. Poucos dias depois, descobriu que havia ca�do no golpe “carro quebrado” ou “a b�n��o tio” ou “a b�n��o tia”. O telefone fixo para o qual o criminoso ligou tinha identifica��o de chamada. A v�tima resolveu investigar e come�ou a ligar para o n�mero. De tanto insistir, descobriu que a liga��o foi feita do interior de um pres�dio em Goi�s.

O ranking da vigarice

S�o tantos golpes na pra�a que o consultor e instrutor de cursos de preven��o a fraudes e lavagem de dinheiro, Marcos Assi catalogou os 50 crimes mais comuns em todo o pa�s. “O golpe do bilhete premiado continua sendo o mais aplicado em qualquer lugar do Brasil, porque sempre as pessoas querem se beneficiar de alguma coisa r�pida, ganhar dinheiro f�cil”, diz o especialista. No Mato Grosso, s�o tantos os crimes dessa natureza que a Pol�cia Civil do estado enumerou os 10 mais comuns em um site para que as pessoas se previnam.

Marcos Assi lembra que tamb�m � comum fraude em cart�o de d�bito e de cr�dito. “Os estelion�t�rios se passam por funcion�rios de empresas de cart�es e v�o aos estabelecimentos comerciais trocar as m�quinas sem que a pessoa tenha pedido. Eles colocam outra m�quina, que chamam de chupa-cabra, que faz c�pia dos dados dos cart�es usados pelos clientes. Depois voltam, pegam a m�quina deles, devolvem a antiga e come�am a fazer emiss�o de cart�es clonados”, alerta. Os golpes s�o praticados principalmente em postos de combust�vel, farm�cias e estabelecimentos da periferia, segundo o consultor.


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