Mateus Parreiras

�ndios e artes�os, que por tradi��o ainda s�o chamados de hippies em Belo Horizonte, voltaram a ocupar seus tradicionais pontos de exposi��o na Pra�a Sete, no Centro, a despeito da portaria da Secretaria Municipal de Servi�os Urbanos que indica o quarteir�o da Rua dos Carij�s com Rua Esp�rito Santo e a Pra�a Rio Branco (Rodovi�ria) como locais para comercializar as pe�as feitas � m�o. Ontem, nos quarteir�es da Rua Rio de Janeiro e da Rua dos Carij�s com Rua S�o Paulo, havia 43 pessoas com exposi��es em locais que contrariam a portaria. Fiscais apenas observavam a situa��o.
Os artes�os enfrentaram problemas no in�cio da proibi��o, em 3 de outubro, quando a pol�cia e os fiscais impediram a exposi��o de artesanato fora dos locais permitidos – mas sem chegar a recolher material. A portaria da PBH regulamentou a atividade, depois que uma liminar judicial proibiu que as autoridades recolhessem o material de expositores de rua. Desde quinta-feira, por�m, de acordo com os expositores, um acordo foi firmado entre os vendedores de rua e os fiscais da PBH, para que n�o fossem permitidos camel�s que vendem produtos industrializados entre os �ndios e artes�os.
A prefeitura negou ter feito acordo e afirmou, por meio de sua assessoria de imprensa, que os locais onde os artes�o se encontravam ontem s�o proibidos para a atividade e que expositores est�o sujeitos a notifica��o e recolhimento do material. A PBH informou que houve seis apreens�es de material desde a publica��o da portaria.“Todos os dias tem estranhamento entre n�s e os fiscais, mas eles n�o t�m colocado a m�o nas nossas mercadorias, falam que s� n�o podem ficar aqui os camel�s e toureiros”, disse o artes�o Luiz Gustavo, de 31 anos, que preferiu n�o informar seu sobrenome. “Enquanto isso, vamos levando, fabricando nossa arte, que � milenar. O homem sempre vendeu sua arte nas ruas, desde os prim�rdios da humanidade”, acrescentou.
Artes�os reclamam que t�m enfrentado dificuldades para conseguir sustento. Alda Le�o, de 37 anos, diz que paga aluguel no Bairro Padre Eust�quio e sustenta a filha com o dinheiro que consegue vendendo pulseiras, brincos e enfeites. “N�o � s� na Pra�a Sete que estamos tendo problemas. Na Feira Hippie, que � um espa�o leg�timo nosso, estamos sendo expulsos pelos fiscais”, criticou. Da tribo dos Patax�s, do Sul da Bahia, os artes�os Renan Santos Br�s e Willian Sidney Gualter e Silva, ambos de 25 anos, tamb�m questionam a proibi��o de exposi��o e venda nos quarteir�es fechados da Pra�a Sete, que t�m nomenclatura ind�gena. “A gente n�o � bem-vindo num quarteir�o que se chama ‘Krenak’. Em lugar nenhum do Brasil se pro�be as pessoas de vender artesanato para sobreviver”, reclama Renan, que pertence � aldeia Coroa Vermelha. Segundo ele, a fiscaliza��o vem diminuindo e n�o chegou a recolher seu material.
Outros pontos
Embora alguns artes�os relatem fiscaliza��o menos intensa, h� quem evite a Pra�a Sete. Um alagoano de 28 anos, que pediu para n�o ser identificado por temer repres�lias, conta que preferiu levar as pulseiras e colares que fabrica para outros espa�os, como a Pra�a Tiradentes, no Funcion�rios, e o passeio do shopping P�tio Savassi. “N�o quero confus�o com os fiscais, nem com ningu�m. S� que estou tentando conseguir a minha sobreviv�ncia”, disse.
A exposi��o de artesanato na Pra�a Sete divide opini�es. Para o aposentado Luiz Ferreira Santos, de 73 anos, enquanto houver uma determina��o proibindo esse com�rcio, cabe aos fiscais impedi-lo. “Uma cidade tem de ter regras. Se as regras s�o ruins, cabe � popula��o votar e pressionar para mudar”, defendeu. J� a psic�loga Luciana Pessoa, de 33, considera que o artesanato comp�e um cen�rio cultural na pra�a. “Isso � arte e torna nosso dia mais interessante”, opinou.