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Estado de Minas

Aumento no volume do Rio S�o Francisco anima especialistas, mas desassoreamento � necess�rio

Ambientalistas e produtores da regi�o refor�am necessidade de revitaliza��o do leito


postado em 14/12/2014 06:00 / atualizado em 14/12/2014 07:56

O Rio São Francisco agora: bem mais cheio do que nos últimos meses(foto: Frederico Assis/Divulgação )
O Rio S�o Francisco agora: bem mais cheio do que nos �ltimos meses (foto: Frederico Assis/Divulga��o )
Devido �s �ltimas chuvas, o aspecto do Rio S�o Francisco mudou. Visto de cima, o Velho Chico se apresenta cheio, bem diferente do que se verificou no fim de setembro, quando, como consequ�ncia da longa estiagem, o manancial teve o seu n�vel muito reduzido e sua nascente principal, localizada na Serra da Canastra (no munic�pio de S�o Roque de Minas, Regi�o Centro-Oeste do estado) secou. A �gua da nascente j� voltou a brotar.


Mas, ao mesmo tempo em que comemoram o “retorno” do volume normal do Rio S�o Francisco, ambientalistas e produtores alertam que o assoreamento elevado entupiu o leito principal do Velho Chico em v�rios locais e isso acabou criando o fen�meno da “falsa enchente”, dando a impress�o de que ele est� muito cheio, quando, na verdade, continua raso, por causa do grande volume de areia no canal principal.

A regulariza��o do Rio S�o Francisco � bem recebida no Projeto de Irriga��o do Ja�ba, no munic�pio hom�nimo, no Norte de Minas, onde o n�vel do manancial subiu cerca de 2,5 metros do fim de novembro pr� c�. Isso permitiu o retorno de novos plantios no per�metro irrigado, que estavam suspensos desde junho, por causa do baixo n�vel do rio, situa��o agravada pela redu��o do volume de �gua liberado pela Usina Hidrel�trica de Tr�s Marias, na Regi�o Central do estado.

Atualmente, o reservat�rio da represa de Tr�s Marias est� com 7,25% de sua capacidade. Mesmo com as �ltimas chuvas, continuam sendo liberados pela represa somente 120 metros c�bicos por segundo, visando aumentar o n�vel do reservat�rio. Assim, o aumento do n�vel do Rio S�o Francisco na regi�o do Projeto Ja�ba foi provocado pela �gua de afluentes que desembocam nele depois da represa de Tr�s Marias: o Rio das Velhas, cuja bacia surge na Regi�o Metropolitana de Belo Horizonte; e os rios Abaet�, Jequita�, Urucuia e Paracatu.

Diretor da Associa��o dos Fruticultores do Norte de Minas (Abanorte), o produtor Saulo Bresinski Lage afirma que a “cheia” do S�o Francisco trouxe um al�vio para os irrigantes do Projeto Ja�ba, que enfrentavam preju�zos com a interrup��o de novos plantios nas �reas irrigadas, por causa da escassez de �gua. Por outro lado, ele ressalta que, por conta do assoreamento, logo nas primeiras chuvas da esta��o, criou-se a impress�o de que o Velho Chico j� teve o seu volume muito elevado, o que n�o corresponde � verdade. “Como tem muita areia dentro do rio, com qualquer chuvinha, cria-se aquela apar�ncia de que ele est� cheio. � uma enchente falsa”, observa Lage.

Ele salienta que � necess�rio realizar um trabalho de desassoreamento, com a retirada de areia do leito principal e o replantio de matas ciliares. “� preciso tamb�m fazer um trabalho de recupera��o das nascentes dos afluentes e rios que fazem parte da Bacia do S�o Francisco, como os rios Arrudas, das Velhas e o Verde Grande”, sugere o produtor.

DESMATAMENTO A secret�ria da C�mara Consultiva do Alto S�o Francisco, Silvia Freedman, que integra o Comit� da Bacia Hidrogr�fica do Rio S�o Francisco (CBHSF), salienta que o problema do assoreamento do Velho Chico ocorre h� d�cadas, sendo uma consequ�ncia direta do desmatamento e, principalmente, da retirada das matas ciliares. Os efeitos da derrubada das �rvores s�o percebidos durante o per�odo chuvoso. “Sem a vegeta��o, o solo fica descoberto. Assim, todo lixo e sedimentos s�o levados pela enxurrada para dentro do rio. Por isso que, logo depois das primeiras chuvas, a �gua do rio fica barrenta, como estamos verificando no atual per�odo”, assegura Silvia, que tamb�m � presidente do Comit� de Bacia do Entorno do Lago da Usina de Tr�s Marias. “Infelizmente, por conta do desmatamento, o lago de Tr�s Marias tamb�m est� assoreado. Mas o lago tem a represa, que a segura �gua”, completa ela. Como solu��o, Silvia sugere o plantio de mudas em �reas de matas ciliares, a prote��o do cerrado e a recupera��o das veredas, onde se situa a maioria das nascentes. A sugest�o � compartilhada por Leandro Gabriel da Costa, do Comit� da Bacia Hidrogr�fica do Alto S�o Francisco.

O ambientalista Ivan Chagas Campos, que mora em Belo Horizonte, conta que, h� uma d�cada, percorre o Velho Chico anualmente, em uma expedi��o que viaja de Tr�s Marias a Pirapora. Em agosto deste ano, ele voltou a participar da expedi��o e teve dificuldades para fazer a viagem, pois o caiaque dele encalhou tr�s vezes nos bancos de areia no meio do rio. Ele salienta que o aumento do volume de �gua em fun��o das �ltimas chuvas n�o significa que os problemas do Rio da Unidade Nacional foram resolvidos. “As chuvas recentes serviram para acalentar um pouco o rio, n�o foi a “salva��o da lavoura”, pois o problema n�o � vis�vel. O S�o Francisco est� demasiadamente raso e s� quem conhece o rio mais a fundo, como eu, consegue perceber o quanto ele perde f�lego”, relata.


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